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viernes, 27 de junio de 2014

27/06/2014 - ANGOLA: DISCURSO DA MULHER ANGOLANA

LIGA DA MULHER ANGOLANA





























Discurso da Presidente da LIMA por ocasião do 18 de Junho de 2014



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Excelência Sr. Secretário-geral do Partido
Engº Vitorino Nhany Deputado
Digníssimos Membros da Direcção do Partido
Ilustres Deputados e Deputadas
Exª Sr. Secretário Provincial do Kuando Kubangu
Caríssimos membros do Secretariado Provincial
Queridas Mamãs da LIMA
Prezados membros da JURA
Dignos representantes das organizações da Sociedade Civil
Representantes das Igrejas
Autoridades Tradicionais
Minhas Senhoras e meus Senhores


Em primeiro lugar gostaria de saudar a todos quantos se dignaram aceder ao nosso convite para que juntos possamos celebrar a data da criação da Liga da Mulher Angolana (LIMA) a 18 de Junho de 1972, na Conferência anual do Partido no Kutaho, Província do Moxico. Eis-nos aqui para rendermos homenagem merecida ao Presidente Fundador do Partido e promotor da Dignidade e Valorização da Mulher Angolana.

No percurso de 42 anos a Liga da Mulher Angolana, constitui-se como uma organização que trabalha em prol da defesa dos Direitos das Mulheres e procura contribuir para que as mesmas sejam um factor determinante no desenvolvimento do nosso País.

A LIMA ontem participe na luta anti-colonial para o alcance da Independência Nacional contribuiu para que se quebrassem muitos dos obstáculos que colocavam as mulheres numa posição subalterna, de submissão e preconceitos tradicionais e culturais, que davam primazia aos homens em todos os domínios. Hoje as mulheres estão lutando para a conquista de iguais direitos e oportunidades.

Se recordarmos nas sociedades tradicionais o papel da Mulher era apenas para servir o Homem e o seu lugar era na cozinha e na lavoura. Só os rapazes iam à escola mesmo no seio das famílias dava-se prioridade aos rapazes.

À medida que as sociedades foram evoluindo de tradicionais para a modernização foram-se dando passos de forma a permitir que as mulheres e raparigas aceitassem o desafio da vida na escola, no trabalho e fora de casa. Desta feita, as mulheres vêm conquistando o seu lugar em diversos sectores da sociedade.

O 42º aniversário da LIMA é celebrado sob o LEMA: LIMA – Rumo aos Desafios e Conquistas para o Desenvolvimento das Mulheres.

A igualdade de género é uma aprendizagem de cidadania e sem ela as pessoas não conhecem a liberdade e as sociedades não conhecem a Paz.

É importante salientar que esteve sempre presente na agenda da UNITA a questão da necessidade da igualdade de direitos e de oportunidades entre Homens e Mulheres para uma efectiva promoção da Dignificação e Valorização.

Desde a sua fundação, a UNITA tomou grandes iniciativas velando pelo acesso à educação e formação dos jovens, quer do sexo masculino, quer do sexo feminino, que frequentavam as escolas das zonas libertadas de então. Destacamos de igual modo os programas de educação para adultos, muitos deles ministrados nas línguas nacionais, envolviam de forma especial a participação efectiva das mulheres.

Na formação de quadros para o sector da saúde, quadros para o ensino e até na formação de quadros políticos e militares é de destacar a presença feminina o que de facto contribuiu imenso para se criar uma atitude diferente em relação à mulher.

Minhas senhoras e meus senhores, Excelências,

Cabe-nos realçar que o Dr. Savimbi consciencializou as mulheres de que nos vários domínios de actividade elas eram capazes de realizar acções tal qual os Homens. Nos seus pronunciamentos dizia, citamos: “Mulheres do nosso País, a vossa emancipação não pode ser uma dádiva dos Homens mas a vossa conquista nas fileiras do Combate”.

Esta era uma exortação para que as Mulheres estivessem presentes e dessem o seu contributo valioso em todos os sectores da sociedade. Abria-se assim o horizonte para que elas assumissem cargos de Direcção no seio do Partido e das Forças armadas de Libertação de Angola (FALA) daí destacarmos a criação do Batalhão 89 que deu provas do seu envolvimento na luta para a conquista da Paz e da Democracia.

Ao longo do seu percurso histórico a LIMA tem-se empenhado na mobilização e consciencialização da mulher para uma melhor materialização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio bem como
para uma melhor participação da Mulher Angolana na consolidação da Paz, Reconciliação Nacional, Democracia Participativa.

42 anos após a criação da LIMA, constatamos que as mulheres ainda têm grandes desafios à sua frente. As Mulheres conquistaram o direito ao voto, porém devem ter poderes a todos os níveis para melhor contribuírem para o desenvolvimento económico do País. Não obstante, alguns passos dados no sentido da promoção da Mulher Angolana, através da sua participação no Governo, no Parlamento na Magistratura, nas Instituições do Estado, na Direcção de algumas empresas, na Diplomacia constatamos que elas ainda estão na periferia da tomada de decisão pois a sua representatividade é sempre inferior em relação aos homens.

As políticas de desenvolvimento do País devem ser mais ousadas para que as mulheres possam singrar em áreas que tradicionalmente têm sido reservadas aos homens: na indústria petrolífera, nos recursos minerais, na energia, nas finanças, nos transportes, negócios estrangeiros entre outros.

As estatísticas mostram que a mulher tem uma presença reduzida no emprego formal, assalariado, ela está mais presente na agricultura, no trabalho informal, no comércio, ou a cuidar do lar como dona de casa.

Sobre o desenvolvimento da mulher rural:

A UNITA, desde a sua Fundação em 1966 que consagrou no seu Projecto de Sociedade, os Princípios de Muangai, a agricultura como a alavanca da economia, e acrescenta que na busca de soluções económicas priorizar o campo para desenvolver a cidade.

Hoje constatamos que as zonas rurais estão completamente desfavorecidas. Diz-se mesmo que a pobreza tem rosto feminino, pois é na mulher do campo onde se registam índices elevados de pobreza e de miséria.
Como a economia do país assenta sobretudo no sector petrolífero, durante muito tempo o campo foi votado para segundo plano, daí os índices elevados de pobreza e fome agravado pelas condições de seca que se verifica nalgumas regiões. A mulher rural que muito tem contribuído para economia nacional com a sua produção agrícola familiar praticada com meios rudimentares tem sido marginalizada, injustiçada excluída socialmente, não tem grandes recursos. Um dos problemas que assolam a mulher do campo, é mesmo o direito à posse de terra bem como o direito à herança.

O analfabetismo, o obscurantismo, o índice de mortalidade infantil cujas taxas são bastante elevadas, a saúde materno-infantil, o HIV/SIDA, as doenças sexualmente transmissíveis as ITS, a malária a tuberculose, são problemas que afligem a mulher rural e que devem merecer a atenção de quem governa o País.

A aposta na agricultura vai criar empregos, vai combater a fome, por outro lado, é preciso desenvolver o sector dos transportes para permitir o escoamento dos produtos do campo para a cidade, e consequentemente desenvolver a indústria.

As assimetrias regionais penalizam sobremaneira as mulheres rurais, as migrações internas ou seja, o êxodo do campo para as cidades, de jovens e mulheres, na busca de recursos contribuem para o empobrecimento das mulheres nos centros urbanos, por falta de qualificação não têm emprego, muitas dedicam-se à venda ambulante como forma de sobrevivência, correndo vários riscos quer, assaltos, atropelamentos, ou ainda vítimas de violência por parte dos fiscais dos governos provinciais.

Esperamos que o programa de auscultação da mulher rural ora lançado pelo Executivo angolano, que não seja um mero exercício mediático mas que represente, que promova um diálogo profundo e sincero nas comunidades e que se faça o diagnóstico dos verdadeiros problemas que afligem as mulheres rurais, para se encontrarem soluções que permitam a melhoria das condições de vida das mulheres bem como a elevação do seu nível social e cultural.

A LIMA Liga da Mulher Angolana, porta-voz das mulheres que não têm voz estará sempre presente em defesa das mulheres mais carenciadas e que a distribuição justa das riquezas do país sirvam para o benefício de toda a sociedade.

Como Organização de massas da UNITA pensamos que temos de continuar a lutar por um quadro legal em matéria de igualdade de Direitos.
- Por Programas de acção exequíveis para a capacitação e superação Técnico-Profissional das Mulheres;
- Combater a fome a pobreza e o analfabetismo;
- programas de acção realistas para um maior aproveitamento no sector das capacidades produtivas das mulheres, que se perdem na informalidade dos mercados paralelos
- Exigir o cumprimento escrupuloso e fiscalizar, a implementação das promessas feitas pelo em relação à mulher Zungueira e a Mulher Rural;
- Indignar-se e manifestar sempre que os direitos fundamentais das Mulheres forem flagrantemente violados.

Para terminar, quero agradecer o Sr. Secretário-geral que veio presidir o Acto Central das Comemorações do dia da LIMA, os Mais Velhos General Chiwale e Antonino Chiyulo, nossos combatentes da Liberdade, os Secretários Provinciais do Kuando Kubango, do Bié e do Huambo por todo apoio moral e material proporcionados à LIMA, para que o 10º acampamento decorresse com sucesso e alcançasse os objectivos almejados. Agradecer as mamãs da LIMA que com o seu talento e sabedoria animaram os debates dos temas do nosso acampamento.

Desejo a todas as Mulheres angolanas solidariedade e coesão na garantia da Paz, Reconciliação Nacional Democracia.

Angola dos nossos sonhos, Angola que queremos construir, para as gerações vindouras é a Angola da Democracia. Minhas Irmãs a Angola em que vigora o respeito pelas leis e os Direitos Humanos, em que existe alternância Pacífica no poder. Em que os cidadãos não têm medo de expressar as suas opiniões e onde a imprensa é livre para fiscalizar o Governo.

Apelamos a todos os membros da LIMA a cerrar fileiras em torno dos ideais da UNITA que garantem a mudança do regime no nosso País. reiterar o nosso voto de confiança e apoiar total e incondicionalmente o Sr. Presidente Isaías Henrique Ngola Samakuva, garante da unidade e coesão no seio do Partido.

Viva a UNITA
Viva o Povo do Kuando Kubangu
Viva o 18 de Junho
LIMA PATRIA
LIMA UNIDADE



Cuando Cubango, aos 21 de Junho de 2014

Miraldina Olga Marcos Jamba
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Presidente Nacional da LIMA