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martes, 18 de agosto de 2015

Discurso do Presidente da UNITA

Fonte :Unitaangola
Discurso do Presidente Isaías Samakuva por ocasião da celebração do 3 de Agosto no Kuito
Kuito 35.jpg
Prezado Secretário-geral do nosso partido,
Distintos membros do Comité Permanente da Comissão Política do nosso partido, Distintos Deputados à Assembleia Nacional,
Prezados membros da Autoridade Tradicional,
Mais velhos Antigos Combatentes,
Excelentíssimos senhores representantes das Igrejas,
Caros colegas representantes de Partidos Políticos,
Caros militantes e simpatizantes,
Companheiros,
Senhoras e Senhores!

Eu gostaria começar por agradecer, como já o fez o nosso Secretário provincial do Bié, a vossa presença aqui.
É consolador, ver esta multidão toda aqui presente, para ouvir a mensagem da UNITA, mas, sobretudo para celebrar este dia. Devia ser no dia 3, mas que está a ser celebrado hoje, o dia 3 de Agosto que é o dia do nascimento do nosso presidente fundador, o malogrado e saudoso, Dr. Jonas Malheiro Savimbi.

Os nossos detractores, os nossos adversários, fingem que se esqueceram do nosso presidente fundador. Não gostam se quer de ouvir o seu nome mencionado por nós. Mas todos os dias nós reparamos que na realidade ninguém se esqueceu dele (Dr. Savimbi). Ninguém se esquece dele. Até nos jornais deles (regime), para venderem melhor têm que ter a cara do Dr. Savimbi na primeira página.

O Dr. Savimbi é o nosso caminho. O Dr. Savimbi deixou-nos o seu pensamento claro e objectivo, que liberta o nosso povo. Ele (Dr. Savimbi) está vivo nesse pensamento, nesses ensinamentos, mas fisicamente, não.

Portanto, tenhamos cuidado, estejamos vigilantes. Aqueles que andam a pregar mentiras, é preciso denunciá-los.
Vamos aproveitar a oportunidade da celebração dos 81 anos, desde o nascimento do Dr. Savimbi, para falarmos do país, para falarmos daquilo que toca as nossas vidas, aquilo que nos diz respeito, aquilo que é o nosso dia-a-dia.

Eu queria pedir a vossa paciência, para nos escutarem naquilo que é a nossa leitura sobre o país.
Antes, porém, eu gostaria de deixar aqui, os nossos agradecimentos. E eu faço-o em meu nome pessoal, em nome da direcção da UNITA, em nome dos militantes e dos membros da UNITA.

Queria agradecer, antes de mais, o nosso Secretário provincial, o nosso companheiro, Adérito Kandambo.
O nosso companheiro Kandambo, liderou aqui uma iniciativa que todos nós não tínhamos acreditado, no princípio, quando ele nos disse que “vou fazer aqui uma obram, vão ver". Mas, hoje inauguramos aí a sede do nosso comité provincial, a sede do secretariado provincial da UNITA no Bié. É uma obra digna de orgulho. É verdade que muitos ajudaram. Mas é preciso reconhecer quem teve a iniciativa. Foi bom!

CRISE ECONÒMICA
Ninguém está a responder onde está o dinheiro do fundo do diferencial do preço do petróleo. Onde está o fundo estratégico, o fundo soberano? Nós estamos a perguntar. Aqui mesmo assim estou a perguntar. Já o fizemos várias vezes. Na Assembleia, estão aqui os deputados, já várias vezes estiveram com os ministros à frente deles, incluindo os ministros das finanças e da economia. Ninguém responde.

Estão a governar há 40 anos, mas ainda não aprenderam como se governa. Ainda não sabem. Governar é prever. E toda gente que vende petróleo sabe que o preço do petróleo oscila. Portanto, quando está alto é tempo de fazer reservas, é tempo de diversificar a economia, utilizando os fundos do petróleo, para desenvolver outros sectores da economia. Não o fizeram. Portanto, não só eles não sabem; como não escutaram, não aceitaram os nossos conselhos. Eles pensaram que são os únicos que sabem. Hoje o país está como está.

Agora dizem que estão a receber armamento, tanques. Vão fazer com isso o quê? Hoje, não há dinheiro, não há empregos, não há segurança financeira nem para as empresas, nem para as famílias, nem para o próprio governo. Você que tinha dpositado o seu dinheiro vai ao banco dizem que "não há dinheiro".

Vejam só! Eu noutro dia passei um cheque de 45 000 Kwanzas. A pessoa que levou o cheque de 45 000 Kwanzas, andou dois dias de banco em banco para receber 45 000 Kwanzas. Não conseguiu. Portanto, nem para o próprio governo não há dinheiro. Já não conseguem fazer as coisas, porque dizem que não há dinheiro. A nossa pergunta é: o nosso dinheiro, o dinheiro do povo, está onde? E na realidade ninguém está a conseguir dizer-nos a verdadeira razão. O que é que se passa com a nossa economia? Qual é a verdadeira história? Qual é a verdadeira situação econômica do país? Também ninguém sabe. Então estamos a ir para aonde?

Os preços sobem todos os dias, a riqueza dos ricos, entretanto, continua também a crescer todos os dias. Só os nossos salários é que não aparecem, continuam como estavam desde há muito tempo. Só os preços do agricultor comum é que continuam a baixar. Mas tudo isso, na nossa maneira de ver, resulta, em certa medida da incompetência. Também de falta de vontade política. Não há vontade política. Quem tem vontade política se é incompetente aprende. Ele aprende porque está lá para servir o povo. Se está para servir o povo é preciso saber como servir o povo.

Nós vimos durantes esses anos todos, que quem controla a nossa economia, não são bem os angolanos. Os que negoceiam os contratos de Angola com outros países, são uns poucos governantes, mas os seus assessores, os que andam a volta deles, muitas vezes são estrangeiros. Os que fixam os preços dos serviços que o estado paga e depois recebem nas suas contas bancárias, o valor total ou parcial das respectivas ordens de saque, são uns poucos governantes. Esses poucos que eu falei, que entretanto, continuam a ter as suas contas a engrossar.

Portanto, na minha maneira de ver, a situação, de facto, ouvindo o povo, vendo e olhando para aquilo que nos acontece no dia-a-dia, a situação parece estar difícil para eles e para nós, sobretudo. E em vez de dizerem a verdade do que se passa, eles estão com medo agora, porque sabem que desviaram o dinheiro alheio. Sabem que o povo está ver agora, que está haver o sofrimento que ninguém está a conseguir explicar bem. Daí toca agora a inventar guerras. Em vez de explicar a verdade, a razão do sofrimento do povo.

CONSOLIDAÇÃO DA PAZ
Aqueles que andam com discursos de guerra, primeiro devem nos dizer porquê e quem? O que é que viram? Que nos deêm provas, que mostrem evidências de que alguém quer preparar a guerra. Porque se não, nós vamos ficar convencidos que este discurso é só para esconder aquilo que eles próprios querem fazer. Mas se é isso que eles querem fazer, então estamos a pedir, de joelhos que o façam lá longe, entre eles, nas suas terras. Aqui não!

Só sabem governar na confusão. Na paz, na tranquilidade, na serenidade, eles não estão a conseguir. Então, temos de ser vigilantes. O que nós queremos é a consolidação da paz, o processo de paz que começou em Bicesse, em 1991, e os acordos de paz nunca têm vigência. Foi ali onde se falou também da reconciliação nacional. O processo de reconciliação nacional, também não pode ter vigência. Na nossa maneira de ver, a paz é algo que se assina para sempre, porque o povo quer viver em paz, permanentemente, e para sempre. A reconciliação nacional também é um processo para permanente. Não pode ter vigência.

Nós estamos em Luanda, havia um mecanismo bilateral para paz e de repente disseram que acabou. O governo é que manda. Já não há mais isso. Já não se fala mais dos acordos.

Afinal quem que não quer consolidar a paz? Entre pessoas e nesses processos, há sempre algo que é preciso resolver, que é preciso tratar. Então, o diálogo entre diferentes opiniões, diferentes sectores da sociedade e sobretudo, entre aqueles que governam e os governados, esses processos têm de ser permanentes, constantes. Não podem ter vigência. Esse é o nosso entendimento. E é por isso que nós estamos a pedir sempre que haja diálogo entre os governantes e os governados. Quem governa está lá para servir o povo.

Ele está lá para servir o povo. Então, se está lá para servir o povo, precisa de estar em contacto permanente com o cidadão, tem de manter o diálogo permanente com o cidadão. Ele não sabe tudo. Precisa também de aprender, até muitas vezes precisar de aprender com o cidadão simples. Portanto, quando nós olhamos para o país e hoje estamos a ouvir outra vez da boca de dirigentes um discurso fraturante.

A verdadeira paz é a paz dos corações, é a paz civil, é a tranquilidade dos corações, é uma situação económica normal, que permite cada cidadão ter aquilo que deseja ter, permite que cada cidadão tenha o seu emprego.

Os professores disseram-nos que aqui no Bié não estão satisfeitos. Os professores estão com problemas. Muitos deles começaram a ensinar, ainda tinham só o 2º ano ou tinham só o 5º ano. Hoje estão formados, têm cursos superiores, mas continuam a ganhar como ganhavam quando tinham o 2º ano.

Os alunos da 4ª Classe, 5ª, 8ª, se perguntarmos 5×4 ele não sabem. Se dissermos escrever uma carta, não sabem escrever uma carta, mas ele está na 12ª Classe. Exactamente, porque o professor também não tem condições de trabalho, não lhe dão o salário adequado, correspondente ao trabalho e ao esforço que ele deve fazer. Os responsáveis também estão surdos. Não querem ouvir, não querem ligar, não escutam as dificuldades dos outros. Isso tudo, eu repito, é porque também eles não têm essa vontade.

Essa manhã, alguém veio a correr ter comigo: O mais velho passou aí no Kambulukutu ontem, mas não viu tudo. Esteve só ali, devia descer um bocodo ali. Há um riacho ali com uma ponte um sítio para ir do Katemo para outro lado. Há anos que quando chove nessa ponte, as crianças que vão para escola, às vezes desaparecem aí com água. Que já houve umas tantas mortes.

MUDANÇA QUE QUEREMOS
Nós querem mudar, queremos a mudança, queremos mudar isso tudo. Na saúde, a UNITA tem um programa, para cobrir todo país. Eu esses dias estou a ver, primeiro, ali há uns poucos quilómetros de Katete. É porque há cento e não sei quê pessoas com oncorcose.

Caros compatriotas, esses nossos compatriotas estão a ser pagos para servir o povo. Eles estão a ser pagos para servir o povo. Mas estão a servir o povo? Quer dizer estão a receber salário sem trabalhar, sem fazer devidamente o trabalho que deviam fazer. Só agora. Só agora é que vão compreender, vão descobrir a oncorcose aqui pertinho, na Nharea? Com a UNITA não vai ser assim. Com a UNITA não é assim. Com a UNITA, cada aldeia, cada comunidade, tem agentes sanitários, tem os que velam pala saúde. E a saúde não é esperar quando a pessoa está doente. A saúde é antes da pessoa estar doente. É preciso prevenção, é preciso saúde pública, é preciso agentes sociais nas comunidades, que explicam ao povo como manter a sua saúde, que também transmitem ao governo, aos administradores, os problemas que existem nas comunidades. Tem que ser assim.

Depois de termos cento e tais, e esses cento e tais, é o que eles viram. Não viram tudo. Mas eu quero ver quanto tempo vão levar para tratar desse problema. Com a UNITA, isso não se passa.

Com a UNITA a habitação é para todos. Nós ouvimos aqui promessas de um milhão de casas. Connosco é diferente. Depois, os dinheiros alocados para esses serviços que deviam beneficiar o povo desaparecem. Vejam só as centralidades construídas, nem se quer estão a conseguir distribuir bem as casas. É distribuir, de repente “pára, pára pára, parece que há aí alguém que está a desviar. Mas é assim mesmo? Então, é preciso que nós mudemos.

Caros compatriotas!
Não faz sentido. Alguém está há 40 anos à nossa frente, há 40 anos. Mesmo a questão da guerra e paz, eu costumo me perguntar: como é que essa guerra durou 40 anos? Do lado da UNITA pelo menos, houve várias propostas de paz. Não foi possível. Quer dizer mesmo para gerirmos os nossos problemas, é um problema. Problemas de convivência.

Nós perguntamos aos nossos colegas que foram funcionários connosco, cresceram e estudaram connosco, de um momento para o outro transformaram-se em inimigos, em adversários. Porquê? Porquê? A única explicação que eu encontro é que os próprios dirigentes do país, não têm um discurso que aproxima as pessoas.

Eles falam-nos permanentemente da unidade nacional, mas na prática todos os dias estão nos a dividir. Se chegam na aldeia, mesmo para distribuir adubo, primeiro quem tem o cartão do MPLA recebe o adubo; quem não tem cartão do MPLA não recebe. Portanto, estão a dividir o povo. Estes dias, por toda a parte onde passamos, em Luanda, o povo está a vir explicar-nos: Sua Excelência Senhor Ministro vem e diz que “agora há registo civil gratuíto: queremos que todos os cidadãos tenham registo civil. Porque o povo não pode andar assim”.

O que é que estamos a ouvir, lá das brigadas de registo? Alguns nalgumas brigadas, o soba que é primeiro secretário do MPLA, lá na aldeia, é que trás a lista aos que estão a registar. “Está aqui a lista dos homens para registar”. Para não dizer que eles nos recusaram, o que é que fazem? Todos aqueles que não estão na lista, quando vierem para se registar: “Bom você tem que pagar 10 000”. Você que não trabalha, não tem emprego. Onde é que vai tirar 10 000? Então, você volta para trás. Em Luanda, houve posições onde nos disseram e não esconderam mais; “o seu cartão do partido está aonde? O seu cartão está onde? Não tem cartão. Bom ainda vamos ver. Espera ali”. De modo que isso tudo é criar divisão entre o povo. Isso não cria unidade. A unidade nacional tem de ser não só nas palavras, mas também na prática. É preciso que se faça.

Portanto, nós queremos que o país mude. Quando estamos a falar da mudança, nós queremos mudar na forma de ser e de estar, na forma de tratar com o cidadão, na forma de resolver os problemas do povo. A mudança que queremos, é uma mudança que trás boa convivência entre os cidadãos. Nós todos somos primeiro e acima de tudo angolanos. Depois é que vêm os partidos, depois é que são os partidos. Mas estão nos a ensinar aqui que os partidos são a primeira coisa.

Os mais velhos, Antigos Combatente que foram levantados aqui, eu não vi o Dr. Jaka Jamba, ele também é Antigo Combatente. Eu pediria ao Dr. Jaka Jamba, está onde? Faça o favor, o mais velho Chiwale e os outros, mais velho Antónino, Sekulu Sakuanda, Sekulu Severino, Sekulu Kandambo.
São exemplo a seguir.