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miércoles, 23 de septiembre de 2015

Discurso da Secretaria Provincial na Huila

Fonte :Unitaangola
Amélia Judith ao Comité Provincial da UNITA na Huila
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Excelentíssimos Senhores Membros da Comissão Política
Excelentíssimos Senhores Membros do Comité Provincial do Partido;
Excelentíssimos Senhores Membros do Executivo Provincial;
Prezados companheiros
Meus senhores
Minhas senhoras
Quero, antes de mais, saudar calorosamente todos os Membros do Comité Provincial do nosso Partido e de modo particular aqueles que dos mais diversos municípios tiveram de viajar até aqui a fim de darem a sua contribuição nos trabalhos desta VIII magna reunião do órgão deliberativo ao nível da província.
Prezados Companheiros e (as);

Nos termos dos Estatutos do Partido estamos aqui, mais uma vez reunidos para balancear o trabalho político partidário realizado desde a última sessão deste órgão e, também, perspectivar as acções a levar a cabo pelas diversas estruturas orgânicas nos próximos seis meses.

Da agenda que vai ser submetida para a aprovação consta também aspectos ligados ao XII Congresso já convocado para os dias 3 a 5 de Dezembro do corrente ano cuja documentação e programa devem ser igualmente apreciados nesta sessão. Por esta razão os trabalhos prolongar-se-ão por dois dias.

Porém, antes de entrar na agenda dos trabalhos, permitam-me fazer uma pequena incursão na situação política que caracteriza o nosso país na presente conjuntura que, obviamente, não deixa de fazer a sua marca na nossa província de forma particular.

Com efeito, desde algum tempo a esta parte e mais concretamente desde que a conjuntura económica mundial começou a confirmar o erro das opções políticas do governo com relação ao modelo de economia baseado no petróleo como único produto de exportação, começamos a registar o recrudescimento das acções antidemocráticas designadamente, através de actos de intolerância politica e de uma imprensa cada vez mais partidarizada e com missão exclusiva de infernizar os partidos da oposição, particularmente a UNITA.

Na verdade a degradação da situação económica e social actual do país que é consequência directa não só das opções políticas erradas mas também da má gestão dos fundos públicos, dos desvios e da corrupção institucionalizada agravaram a relação estado/cidadão com este último, o cidadão, a reclamar pela melhoria das condições de vida já que a crise actual está a devorar espetacularmente os rendimentos das camadas mais baixas que de «per si» nunca já foram famosos. É bom notar que a crise que actualmente afecta o país e atribuída pelo partido no poder ao impacto da baixa do preço do petróleo, é, contrariamente, consequência da insensibilidade do MPLA às denúncias sobre a corrupção generalizada no país e também sobre as propostas da UNITA para a estruturação das bases para uma economia baseada nos mais diversos factores produtivos principalmente a agricultura. Angola, nossa bela pátria, disfruta de invejáveis recursos hídricos cujo racional aproveitamento, associado às suas invejáveis terras férteis podiam torná-la num dos maiores e mais promissores impérios agrícolas no continente africano. Mas, ao invés disso, registou-se e ainda regista-se um completo abandono do campo e dos camponeses que constituem a maioria da população conforme foi recentemente confirmado pelo Censo Geral da
População. Em consequência desse abandono do campo, Angola passou a importar tudo até o gindungo.

Prezados Companheiros,
A crise provocada pela economia do enclave baseada num único produto de exportação agravou, em menos de seis meses, todos os indicadores sociais da população como sejam a falta de assistência médica e medicamentosa, a qualidade de ensino com os professores expatriados a abandonarem os estabelecimentos de ensino e de saúde por falta de pagamento dos seus salários, a convivência com o lixo e consequente subida das doenças do foro higio-sanitário como a malária, a subida humorista dos preços dos combustíveis etc etc. A candonga no mercado financeiro voltou a apoderar-se das poucas divisas que são colocadas a disposição do público e deste modo uma nota de 100 dólares custa, hoje, no mercado paralelo mais de vinte mil kuanzas. Isso significa que, relativamente ao mês de Setembro de 2014, todos nós, perdemos aproximadamente 100% do nosso poder de compra com consequências graves para as famílias. Esta situação traduziu-se de forma mais negativa para aquelas famílias que, por falta de saúde no país, faziam recurso ao estrangeiro para se tratarem das mais variadas enfermidades e também aqueles que procuraram a qualidade de ensino no exterior. Os recursos de todos eles, imediatamente tornaram-se insuficientes.

Prezados companheiros;

O quadro que acabo de caracterizar, vigente em todo país não podia produzir outro cenário político social diferente do aumento do nível de rejeição do MPLA pela sociedade angolana e huilana em particular. Inversamente, aumentou o apoio das populações à causa da UNITA. De facto, não podia ser de outra forma pois, os angolanos, hoje, querem boa governação; querem uma Angola de todos e para todos; os angolanos querem a eliminação das assimetrias regionais ardilosamente construídas pelo MPLA através do OGE que concentra mais de 80% dos recursos na cidade de Luanda; os angolanos hoje querem e exigem ensino que capacita para o emprego; os angolanos querem e exigem saúde que cura; os angolanos não querem mais coabitar com o lixo. Os angolanos sabem hoje que o seu sofrimento não decorre da baixa do preço do petróleo e por isso exigem a melhoria da gestão do que é de todos nós; os angolanos sabem que o seu sofrimento decorre da má gestão dos recursos públicos; sabem que o seu sofrimento decorre do esbanjamento, dos desvios que se tornaram norma e do consequente enriquecimento sem causa de meia dúzia de indivíduos ligados ao poder. E é disto que a UNITA vem falando ao longo destes anos todos porque nós na UNITA, não queremos ver um único angolano a sofrer. Infelizmente, as propostas da UNITA foram sempre rejeitadas e muitas vezes foram consideradas de incompetentes pelos autointitulados cátedras em economia.

Hoje temos o país das cátedras, totalmente amarfanhado.

Akulu Vati, Si LONGUA WANDELE LEPAPI KUVALA:

Os mais velhos disseram: quem não ouve conselhos corre o risco de um dia ir nu aos sogros:.

Aqui confirma-se um partido nu perante o eleitorado em véspera das eleições. É grande a sabedoria africana. Bem Haja!

Para desviar as atenções dos angolanos e já numa perspetiva de arquitectura da fraude eleitoral em 2017, o regime instalado no poder em Angola há 40 anos iniciou através da imprensa que detém a veiculação de intrigas que visam imputar à UNITA todos os males que afectam a sociedade angolana; até mesmo os acidentes a UNITA é que é culpada.

Para contrapor essa campanha de intriga contra a UNITA o Secretário-geral do nosso Partido realizou uma Conferencia de Imprensa no passado dia 17 de Agosto na qual denunciou a existência de um plano macabro que visa desestabilizar o país e debitar o ónus à UNITA.

De acordo com o nosso Secretario Geral e citando tal plano macabro, os acontecimentos que envolveram o Governo suportado pelo MPLA e o seu amigo de há 14, José Kalupeteka, no Monte Sumi, província do Huambo são da responsabilidade da UNITA; os Jovens Revolucionários que no uso dos seus direitos constitucionalmente consagrados têm-se envolvido no exercício da cidadania plena são uma emanação da UNITA; numa altura em que são passados 13 anos de paz militar efectiva porque o nosso Partido desfez-se do seu exército e assumiu perante os angolanos a luta política contando assim com a Força do Argumento, o governo veicula intrigas de um tal suposto plano do GEPA. Gabinete de estudo e análise .

Prezados Companheiros;

No seu esforço de perpetuar-se no poder que detém ilegitimamente desde 1975, o partido no poder arma-se até de irracionalidade e dos laboratórios dos seus Serviços Secretos vem sendo lançada a mensagem de um eventual «ressurgimento» do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente Fundador do nosso Partido, falecido em 2002. De acordo com o Senhor Secretário Geral Engº Vitorino Nhani, na já referida Conferencia de Imprensa, o lançamento dessa ideia do ressurgimento do Dr: Savimbi está em perfeita sintonia com um plano bem urdido que utiliza este mito para explorar a ignorância e o obscurantismo de que ainda enferma alguns sectores da sociedade angolana e por esta via seduzir incautos a uma resposta a rebelião armada e depois responsabilizar-se a UNITA por actos que atentam contra a segurança do estado angolano.

Prezados Companheiros,

O quadro assim colocado denuncia uma situação de aflição nas hostes do partido no poder face a aproximação das eleições de 2017 e a queda do que ainda restava da sua base de apoio.

A UNITA sabe, hoje que a guerra foi um desperdício. A guerra que levou tantos anos para implantar a democracia acabou por servir de muleta do MPLA para se perpectuar no poder que não tem capacidade para o manter numa situação de paz. A prova está aqui, agora. Em 13 anos de paz o partido que nos governa, à força, há 40 anos está de rastos. Parafraseando o Deputado Mártires Correa Victor, o nosso mais velho KAVULANDUNGUE, no jornal «NOVO JORNAL» do dia 14 de Agosto de 2015, cito: «Em 2017 a UNITA constitui governo». Creio que ninguém mais tem dúvidas sobre isso. Em 2017 o país libertar-se-á de todos males actuais, deste regime totalitarista em pleno séc. XXI o que o torna um regime «sui generis» na região austral de África.

Prezados Companheiros,
Para sustentar o clima de nervosismo que reina no país face a situação política prevalecente, quero aproveitar esta oportunidade para manifestar a minha plena concordância com as sábias palavras de sua Reverendíssima o Bispo Dom Manuel Imbamba, porta-voz da Conferencia Episcopal de Angola e S. Tomé que recentemente reuniu em Luanda quando, ao referir-se a proibição das manifestações disse e eu passo a citar: «os angolanos não devem sentir medo de quem pensa diferente e de quem tem algo para dizer; porque se nós usar-mos esse instrumento para criarmos distúrbios, só para faltarmos ao respeito, só para soltar os cães e morder as pessoas, acho que estaremos a brincar com coisas sérias». E adiantou:«o actual momento é de alguma apreensão, nervosismo, impaciência e energia negativa» para depois concluir e eu volto a citar «o clima de medo que se está a instalar e se está a exibir às pessoas não favorece a reconciliação, a paz, a unidade, o desenvolvimento», fim de citação( in NOVO JORNAL, p. 6 de 14 de Agosto de 2015)..

Reconhecido que está por todos o estado de nervosismo no país com realce para o governo actual, ao nosso Partido cabe reposicionar-se face a nova situação e estamos certos que o XII Congresso da UNITA que em breve ocorrerá na capital do país, Luanda, vai ser um evento oportuno e feliz para que, usando da experiencia acumulada ao longo dos seus 50 anos de existência, possa tomar medidas consonantes com a situação. Enquanto isso, vale aqui recordar as sabias orientações oportunamente emitidas por Sua Excelência o Senhor Presidente do Partido, Dr. Isaías Henriques Ngola Samakuva, a respeito desse nervosismo reinante no País e passo a citar:

«O regime quer empurrar Angola para as águas turvas da violência. O regime está a esticar demais a corda da provocação. Revogou a paz. Asfixiou as liberdades.

Fechou todas oportunidades económicas a quem não é subserviente do MPLA […] É preciso ter coragem para manter a cabeça fria e utilizar a razão e a paz como armas contra a ditadura […] Não vamos cair na armadilha da ditadura como aconteceu com a RENAMO em Moçambique…» Fim de citação.
Neste sentido os Membros deste Comité Provincial, os quadros e dirigentes a todos níveis, a LIMA e a JURA são chamados ao trabalho político de esclarecimento das populações em geral e dos membros da UNITA em particular para os novos perigos que Angola enfrenta e por esta via capacitá-los a absterem-se de responder a eventuais provocações que visam adiar o trunfo da democracia sobre a ditadura reinante. É necessário implementar, em todos níveis de estruturas orgânicas, jornadas para a defesa da paz, da democracia e da reconciliação nacional;

É necessário interagir permanentemente com as populações nas múltiplas dimensões, ou seja, nas dimensões urbana, suburbana e rural com vista a divulgar amplamente esses planos de desestabilização, a sua origem e o seu objectivo. Paralelamente é imperioso divulgar o projecto de sociedade da UNITA para que as pessoas comecem a familiarizar-se com a vida que a breve trecho abraçarão

Termino desejando a todos uma boa estadia na nossa cidade do Lubango, embora sem brilho, e uma participação entusiástica nos trabalhos.
BEM HAJA!
MUITO OBRIGADA

Lubango, 11 de setembro de 2015