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domingo, 10 de abril de 2016

UNITA fala das origens do conflito angolano e os Acordos de Paz em Angola

Fonte :Unitaangola

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 A Secretária da UNITA na Huíla, Amélia Judith Ernesto que falava hoje dia 8 de Abril, durante uma palestra realizada na cidade do Lubango, com o tema «Origens do Conflito Angolano e os Acordos de Paz de 4 de Abril», fez uma excursão histórica da Luta de ocupação colonial, da luta de libertação para Independência, o surgimento e desentendimento dos movimentos de libertação incentivados pelas superpotências envolvidas na guerra fria.

A Secretária disse depois que a ideia de único representante do povo facilitou o eclodir da guerra fratricida em Angola.

“É, todavia, muito importante reter que todos os povos de Angola, organizados ou não, contribuíram quer na resistência à ocupação colonial, quer na luta de libertação para Independência obtida em 1975 sendo, portanto, ridícula a ideia da existência de um Único Representante do Povo Angolano como por vezes faz-se ouvir. Foi a ideia dum ÚNICO aliada aos interesses estrangeiros que facilitou o eclodir da guerra fratricida.”


A Secretária alertou ainda pela forma como é abordada a questão da paz, acusando os aproveitadores de maus pedagogos.

“Por estes dias fala-se muito da paz em Angola e sobre a importância do 4 de Abril, dia da paz e reconciliação nacional. Fala-se de tudo sobre esse 4 de Abril. Fala-se dos ganhos, fala-se da paz real e da paz fictícia; fala-se da paz militar e da paz social; enfim fala-se muita coisa em volta da paz e do 4 de Abril.

Estamos a ser maus pedagogos para as novas gerações quando falamos da paz, mas sem falarmos das origens do conflito. A juventude poderá não interpretar bem o valor dessa paz porque lhe faltará elementos de comparação,” disse.

Devido ao congelamento dos direitos constitucionais, Amélia Judith, considera a paz resultante do memorando do Lwena, como ainda meramente militar.

“A nossa paz, a paz resultante do Memorando do Lwena, é ainda uma paz meramente militar. Politicamente, estão congelados todos os direitos constitucionalmente protegidos como o direito de reunião e manifestação; o acesso a comunicação social publica ainda é reservado apenas a um partido político violando o princípio republicano da igualdade; a discriminação social e económica é agora a norma fundamental na relação estado/cidadão; o regionalismo, o tribalismo e a discriminação social são práticas que caracterizam os agentes da administração pública na sua relação com o cidadão; as assimetrias económicas reflectidas no desequilíbrio do Orçamento Geral do Estado cuja estrutura evidencia sempre uma clamorosa diferença entre as distintas regiões do país e a capital, minam a unidade e reconciliação nacional;” esclareceu.

Para a dirigente da UNITA na Huíla, não restam dúvidas que o governo angolano há muito deixou de considerar esse Memorando.

“É, contudo, importante ter em conta que mesmo que outros ganhos o Memorando não oferece aos angolanos o facto da pátria não sangrar por ferro e fogo há 14 anos é um ganho inestimável. Esse ganho é emagrecido apenas pelas epidemias de Febre-amarela e de Malária entre outras. Pela falta de assistência médica e medicamentosa nos hospitais.

Por essa razão a paz deve continuar a ser acarinhada por todos angolanos. É na paz que a alternância do poder se pode realizar. Por isso nada deve obstaculizar a manutenção da paz.”

“Convido pois, desta pequena tribuna, todos os mais velhos que viveram a odisseia do conflito angolano a fornecerem a verdade dos factos que minaram a unidade do nacionalismo angolano.

De contrário, porque a verdade não se conhecerá o julgamento da paz se fará por especulação e, por conseguinte, não será suficientemente valorizada”. Apelou a Palestrante.
Com esta dissertação a Representante do maior partido da oposição na Huíla procurou:
1. Chamar atenção para a imprevisibilidade dos conflitos, sobretudo por causa de interesses estranhos, sempre ocultos e para a necessidade de manter acesa a chama da paz, custe o que custar;
2. Oferecer uma síntese às novas gerações sobre as origens do conflito angolano a fim de compreenderem melhor o tempo e o espaço político em que vivem.
A secretária provincial da UNITA na Huila terminou sua dissertação reiterando o irreversível compromisso do seu Partido para com a paz definitiva em Angola.
Da Huíla – Tomé Lourenço