Jornalista ameaçado de morte por denunciar desvios de dinheiros no BNA
- 11 agosto 2014
Luanda
- Em Angola, o jornalista e editor do semanário ''A Capital'', Mariano
Brás, diz estar a ser ameaçado de morte por causa da publicação de
artigos sobre a maior fraude ocorrida no Banco Nacional de Angola.
Fonte: DW
O
jornalista suspeita que as ameaças estão a ser proferidas por dois dos
17 réus que, neste momento, se encontram a monte. O Sindicato dos
Jornalistas Angolanos exigiu que as autoridades levem a tribunal os
autores dessas ameaças e pediu ainda proteção para o jornalista.
Mariano Brás, editor da rubrica "criminalidade" do semanário angolano "A Capital", com sede em Luanda, diz estar a sofrer ameaças de morte por parte de dois arguidos implicados no célebre ''caso BNA'', devido às revelações que tem vindo a publicar sobre o tema.
De acordo com o jornalista, as ameaças foram feitas por telefone e envio de recados, depois de publicar, em primeira mão, a decisão do Tribunal Supremo (TS) angolano de deter 27 presumíveis membros de uma rede acusada de desfalcar o Banco Nacional de Angola e que se encontravam em liberdade provisória. A fraude lesou o banco em mais de 136 milhões de dólares norte-americanos. Depois da publicação da reportagem, dez dos acusados voltaram a ser presos.
Ameaças por telefone
Mariano
Brás identificou os indivíduos que proferiram as ameaças como fazendo
parte dos 17 réus que ainda se encontram em liberdade e que são, agora,
considerados foragidos: "Um dos arguidos disse que eu estava a
persegui-los e, em função disso, não se responsabilizariam por aquilo
que me pudesse acontecer. Posteriormente, na mesma semana, por
intermédio de uma pessoa amiga, voltei a receber o recado de um dos
arguidos, a dizer que caso nos encontrássemos na rua, ele não poderia
ser responsabilizado por aquilo que me pudesse fazer".
O
editor do semanário "A Capital", Mariano Brás, afirma que há razões
para temer pela sua integridade física, já que as ameaças foram
proferidas por
Indivíduos ligados a bandos de marginais
"Estamos
a falar de indivíduos que eu, particularmente, considero altamente
perigosos", diz. Para o jornalista, indivíduos que têm a perícia para
desfalcar o Banco Nacional de Angola têm necessariamente que estar
envolvidos com "grupos de marginais".
Entretanto,
a direção do jornal "A Capital", para o qual trabalha Mariano Brás, já
formalizou uma queixa junto da Direção Nacional de Investigação Criminal
(DNIC), que abriu uma investigação. Por enquanto, segundo o jornalista,
os nomes dos indivíduos não podem ser divulgados por ''segredo de
justiça'': "Os especialistas da DNIC pediram-me que não divulgasse já o
nome dos indivíduos, que se encontram em fuga".
Jornalista deve ser protegido pelas autoridades
A
propósito, a DW África ouviu o Sindicato dos Jornalista Angolanos
(SJA). O porta-voz, Teixeira Cândido, afirmou que assim que o sindicato
receba formalmente uma queixa do jornalista, será produzido um
comunicado. Cândido espera, além disso, que os autores das ameaças sejam
levados a tribunal e exige que a polícia proteja o jornalista.
O
Sindicato dos Jornalistas apoia e encoraja o seu filiado: "Acho que o
Mariano tem de continuar a fazer o seu trabalho e não se inibir com
essas ameaças de morte. A nossa profissão é assim. Às vezes estamos
expostos a esses riscos. Mas não nos podemos deixar inibir por esses
riscos sob pena de não podermos exercer a nossa profissão."