Manifestação Fotográfica em Memória do Ganga
Luanda
- Maria José Vitorino de Carvalho tem uma missão: exige justiça pelo
assassinato político do seu filho primogénito, Manuel Hilbert de
Carvalho Ganga, executado por um membro da Unidade de Segurança
Presidencial (USP) a 23 de Novembro de 2013, com dois tiros nas costas.
Fonte: Maka/Club-k.net
Maria
José Vitorino de Carvalho acredita que é seu direito, como mãe e
cidadã, clamar por justiça. Como avó, sente a responsabilidade de
explicar, a seu tempo, a Uriel Tomás Ganga, de 3 anos, os esforços da
família contra a impunidade do assassino e dos mandantes da morte do seu
pai.
“Eu sou Ganga, exijo justiça”, “Somos Ganga, exigimos justiça”, são as mensagens aprovadas pela mãe para honrar a memória do seu filho.
“Eu sou Ganga, exijo justiça”, “Somos Ganga, exigimos justiça”, são as mensagens aprovadas pela mãe para honrar a memória do seu filho.
A pedido da mãe, o Maka Angola e o
Club-K promovem agora uma manifestação fotográfica na Internet, em
memória do Ganga. Os cidadãos que queiram expressar a sua solidariedade
para com os familiares da vítima, que queiram exercer plenamente a
cidadania e exprimir a sua coragem podem enviar fotos de cartazes
alusivos ao Ganga (ver endereço abaixo). As autoridades angolanas
perseguem, torturam e matam impunemente, mas não poderão torturar ou
fuzilar as fotografias desta manifestação, nem sequer queimá-las – vamos
portanto promover uma manifestação inatacável.
Manuel Hilbert de Carvalho Ganga, um
engenheiro de construção civil, foi morto em consequência do seu
activismo pelos direitos humanos. Enquanto colava cartazes na parede do
Estádio dos Coqueiros, os quais exigiam justiça para o Caso Cassule e
Kamulingue (barbaramente assassinados por efectivos da Polícia Nacional,
dos serviços de segurança e do corpo miliciano do MPLA a 27 e 29 de
Maio de 2012), foi detido por membros da USP, junto com outros setes
membros da CASA-CE.
Na altura, António Baião, que se
encontrava com Ganga, contou o episódio ao Maka Angola: “Éramos oito
jovens, incluindo o malogrado. Os militares surpreenderam-nos e mandaram
parar a actividade [de colagem de panfletos], mantendo-nos imobilizados
no passeio, com as suas armas apontadas durante 45 minutos,
aproximadamente.” De seguida, os activistas foram transportados numa
viatura para a sede da USP, junto ao Palácio Presidencial, onde, pouco
depois da meia-noite, um dos militares fuzilou Ganga.
Cassule e Kamulingue foram executados
por se terem envolvido na organização de uma manifestação, um direito
consagrado pela Constituição. Ganga foi fuzilado por ter exprimido a sua
solidariedade para com as vítimas, exercendo o seu direito
constitucional à liberdade de expressão.
O governo diz que respeita a
Constituição. Mas os factos estão à vista: as entidades oficiais
prosseguem com os assassinatos políticos, com a detenção arbitrária e
com a tortura de manifestantes. A impunidade é total.
Com esta manifestação fotográfica, a
vida do Ganga será celebrada por todos aqueles que acreditam no poder da
solidariedade e que defendem o respeito pela Constituição e o direito
inalienável ao exercício pleno da cidadania. Qualquer um de nós pode ser
a próxima vítima.
A campanha, que será promovida através das redes sociais, decorrerá de 23 de Novembro a 23 de Dezembro. Envie a sua foto para info@makaangola.org.