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miércoles, 5 de noviembre de 2014

05.11.2014 - Lisboa: O que se passa no BESA é um caso de polícia afirma Líder da UNITA

O que se passa no BESA é um caso de polícia afirma Líder da UNITA

Lisboa - O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, considerou hoje que o que se passa no BES Angola configura "um caso de polícia" e lamentou que, "ao contrário de em Portugal, em Angola fazem-se perguntas mas não há resposta".
Fonte: Lusa
ImageNo final de um discurso em Lisboa no `International Club de Portugal`, já na fase de perguntas e respostas, o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) admitiu ter sido "tentado a colocar o BESA no discurso", mas explicou que "como há uma evolução todos os dias", achou ser "um terreno escorregadio que não devia mencionar".
Há várias questões, disse, "que configuram inconstitucionalidades e uma atitude e comportamento não transparente" das autoridades, disse o presidente da UNITA, respondendo a uma questão do deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro, que integra a comissão de inquérito ao que se passou na gestão do grupo e do banco Espírito Santo.
O Banco Espírito Santo Angola (BESA) vai passar a assumir a denominação de Banco Económico SA e entre os novos acionistas encontram-se o grupo público angolano Sonangol e o Novo Banco português, informou na quarta-feira o Banco Nacional de Angola.
As alterações foram decididas durante uma assembleia-geral extraordinária de acionistas, realizada em Luanda, em cumprimento das determinações do banco central angolano, que assim vai cessar a intervenção no BESA.
Na mesma informação, o Banco Nacional de Angola (BNA) esclarece que "se confirmou a subscrição do capital social", conforme o próprio banco central tinha deliberado, há uma semana, no âmbito das medidas de saneamento e da intervenção direta no BESA.
Embora sem revelar o peso de cada participação, o BNA informa que "sob aprovação prévia do regulador", a assembleia-geral decidiu pela "continuidade do acionista Geni, S.A.", que anteriormente detinha uma participação de 18,99 por cento.
A nova estrutura acionista envolveu também a entrada para o capital do agora Banco Económico da Lektron Capital, do grupo petrolífero estatal Sonangol e do português Novo Banco.
A estrutura anterior era composta ainda pelo Banco Espírito Santo (BES) com 55,71%, e pela Portmill, com 24%, participações que, conforme o BNA já tinha anunciado anteriormente, foram diluídas face ao aumento de capital.
«Orçamento do Estado em Angola é uma fachada»
O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, disse  que o Orçamento do Estado "é algo de fachada, que não se cumpre", acrescentando também que ninguém sabe "de onde surgem enormes somas de dinheiro a passear na Europa".

Questionado pelos jornalistas no final de uma intervenção em Lisboa, no 'International Club de Portugal', o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) ressalvou que ainda não tinha lido o documento que rege as despesas e receitas de Angola em 2015, mas sublinhou que, pela experiência, podia dizer que "o Orçamento do Estado, em Angola, é algo de fachada, não se cumpre não se respeita, não se sabe de onde vêm enormes somas de dinheiro apanhadas em caixas de sapatos aqui na Europa, ou então para fazer muita festa em Angola".

O Orçamento, sublinhou, "é algo só para formalidades", disse, lamentando que o Governo não invista mais na diversificação da economia, apostando no setor da agricultura, e continuando dependente da evolução da produção petrolífera para equilibrar o orçamento.
"O facto de termos todo o Orçamento baseado no petróleo traz consequências enormes, pensamos sempre que os preços do petróleo estão altos e com a produção enorme que temos não há problemas, mas depois vemos, assim que descem, o Presidente da República, no Estado da Nação, a atirar todas as culpas do que não se faz para a diminuição da produção e para a baixa dos preços", disse Isaías Samakuva.
Por isso, a UNITA "tem insistido para uma real diversificação da economia" e tem afirmado que "não podemos basear toda a nossa economia no petróleo, até seria melhor basearmos a nossa produção na agricultura, um setor vital e estratégico" para Angola, disse.
Antes, no discurso, já tinha deixado duas mensagens, uma para os investidores, e outra para os estrategas e governantes: na primeira, afirmou que "Angola é um país maravilhoso onde se pode ganhar muito dinheiro em muito pouco tempo, mas esta facilidade encobre uma séria doença cancerosa que preocupa os que olham para o seu futuro".
Num discurso repleto de críticas ao atual Governo e Presidente da República, Isaías Samakuva considerou estar-se "num momento crítico na história de uma nação, um daqueles momentos que redefine o seu futuro", e defendeu que "os angolanos querem mudança, mas o regime continua, e a intensidade deste desejo cresceu de tal forma que um dificilmente sobreviverá ao outro".
Aproveitando a passagem por Portugal, o responsável político deixou bem vincadas as diferenças entre os dois regimes políticos: "alguém imagina um mandato de 40 anos sem que o Presidente se tenha sujeitado a um único debate na televisão? E o que diriam se os deputados só pudessem fiscalizar o Governo se isso fosse autorizado pelo próprio Presidente da República?".
O responsável lembrou que "Angola é o único país da CPLP sem autarquias" e disse que "os direitos e liberdades fundamentais não são respeitados", para concluir que "Angola precisa de outra independência", porque "o atual governo chegou ao seu fim e já não consegue reunir as condições políticas de governabilidade e legitimidade para se manter em plenitude de funções".