Angola Fala Só - Ana Margoso: "Manifestação não é uma afronta, é um direito"
A jornalista disse que em Angola existe um
monopólio dos meios de informação pois grande parte dos jornais privados
foi comprada por grupos ligados ao Governo.
Por serem provenientes de um regime de partido único os governantes
angolanos ainda consideram as manifestações como uma afronta, disse a
jornalista e activista de direitos humanos Ana Margoso no programa
Angola Fala Só desta sexta-feira, 18.
“Mas manifestações não são uma afronta são um direito”, acrescentou
Margoso que, interrogada por um ouvinte sobre as actividades das
organizações de direitos humanos, disse “não ser fácil em Angola
trabalhar no campo dos direitos humanos”.
Essas organizações angolanas, disse ela, “fazem o que podem com aquilo que têm”.
“Temos ainda um longo caminho a percorrer na questão dos direitos
humanos,” acrescentou Margoso que iniciou o programa falando da
liberdade de imprensa no país.
A jornalista disse que em Angola existe “um monopólio” dos meios de
informação pois grande parte dos jornais privados foi comprada por
grupos ligados ao Governo.
Isso, disse ela, é provado pelo facto de nesses jornais não haver
informação sobre o Presidente da República ou sobre a sua família.
Por outro lado, “a informação pública é um meio do partido no poder”, acrescentou.
A situação é complicada pela falta de meios financeiros que impedem o
lançamento de meios de informação independentes e também pela falta de
meios técnicos, como a ausência de gráficas nas províncias.
Além disso, disse “também há medo”.
“O medo é uma das grandes armas de quem governa”, acrescentou a jornalista.
Ana Margoso discordou com aqueles que afirmam que a situação dos
direitos humanos tem vindo a melhorar em Angola, afirmando que para se
melhorar qualquer situação “é preciso reconhecer que ela existe”, mas
não é isso que acontece.
Para a jornalista e activista, os direitos humanos são mais do que
apenas não ser agredido em manifestações, mas também ter acesso a água,
electricidade, educação e saúde.
“Nós vivemos num país onde para certas questões há os filhos dos
governantes e os outros angolanos são enteados”, concluiu Ana Margoso.