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domingo, 20 de julio de 2014

20/07/2014 - Angola: Discurso do Presidente da UNITA no encerramento do III congresso ordinário da JURA
























Isaías Henrique Gola Samakuva




Presidente da U.N.I.T.A
União Nacional para Independência Total de Angola











Luanda, 20 Julho 2014








Discurso do Presidente da UNITA no encerramento do III congresso ordinário da JURA




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Fonte :Gabinete do Presidente






Prezados companheiros:

Sinto-me grato e muito honrado por ter esta oportunidade de proferir algumas palavras neste evento significativo da vida do nosso glorioso Partido, a UNITA. 

Permitam-me que comece por saudar e reconhecer efusivamente todos quantos aqui se encontram: em primeiro lugar, saúdo e felicito a todos os delegados, que foram eleitos em cada província para representar o colectivo. Saúdo-vos pela vossa própria eleição, como delegados, saúdo-vos pela vossa participação activa nesses debates e saúdo-vos ainda por terem exercido o vosso direito de escolher o Secretário-geral da JURA para os próximos quatro anos. 

Saúdo a comissão organizadora, a comissão de mandatos, todas as comissões e subcomissões e a todos aqueles que, fora das comissões trabalharam para o sucesso deste evento. Aos mais velhos que, desde o primeiro dia deste III Congresso Ordinário da JURA, quiseram dar o seu calor aos jovens congressistas durante estes dois últimos dias, também vai a minha saudação.

Pelo que sabemos, algumas lacunas terão sido verificadas aqui e acolá, mas numa empreitada como esta que acabais de realizar torna-se, quase sempre, difícil alcançar a perfeição, pelo que espero haver da parte de todos, indulgência suficiente para relevá-las e capitalizar no trabalho realizado.

Creio que é também oportuno, saudar, agradecer e felicitar os nossos companheiros que nos proporcionaram momentos ímpares de exercício da democracia, apresentando-se como candidatos à eleição e envolvendo-se numa campanha eleitoral levada às várias áreas do nosso País mesmo sabendo que, no final, apenas um seria escolhido. A todas as candidaturas, uma salva de palmas!

Prezados companheiros:

O espírito de competição é salutar. Ele requer coragem de, por um lado, encarar as responsabilidades atinentes ao cargo que se almeja, no caso o cargo de Secretário-geral da JURA, mas por outro lado, aceitar o resultado, seja ele positivo ou negativo. Por isso, saúdo particularmente os candidatos Oseias Chilemba e Agostinho Kamuango, por terem contribuído para o fortalecimento da JURA. Saúdo particularmente o Secretário-geral eleito, Alicerces Mango, por ter merecido a confiança dos delegados, para representar a JURA inteira, para representar o futuro, para simbolizar a luta da juventude pelo resgate do seu futuro. Provastes ao país que na UNITA não há unanimismo, há pluralismo. Não há só uma cabeça que pensa, há muitas boas cabeças a pensar e todas elas são queridas pelos membros, porque todas têm o seu valor. Na UNITA não há um só líder, há vários líderes. Anteontem eu disse-vos aqui desta tribuna que “todos os concorrentes são patriotas convictos e defensores dedicados da causa dos oprimidos em Angola. Todos merecem o nosso respeito e o nosso carinho. A Direcção não interfere, nem precisa de interferir na escolha, porque a escolha é vossa”. 

E escolhestes! Escolhestes democraticamente o Secretário-geral da JURA, numa eleição limpa e transparente. Fizeram-no com patriotismo e civilidade, em duas voltas, durante a madrugada: Foi uma eleição competitiva em que todos ganhamos: ganhou o Oseias, porque se ele não se tivesse candidatado, as debilidades eventuais do Aly não seriam apontadas por ninguém e as boas ideias que o Oseias tem para a JURA não seriam conhecidas. Ganhou o Kamuango, porque a candidatura dele também fez o Aly e os seus apoiantes transpirar! Estes dois companheiros ajudaram a transmitir à sociedade angolana e não só, uma mensagem de maturidade política que poucos, no nosso País, conseguem imitar. O vosso contributo traduziu-se numa experiência valiosa para o partido e isso, não será esquecido. 

Ao companheiro Alicerces Mango, que saíu vencedor da corrida realizada, quero apresentar, em meu nome pessoal e no da Direcção do Partido vivas felicitações pelos resultados obtidos. Deve contar com o nosso apoio indefectível na materialização das tarefas que o seu novo cargo encerra.

O Aly saíu vencedor não só porque obteve mais votos. Ganhou também noutro sentido: aprendeu que, afinal, a JURA é plural. E que sozinho não vai a lado nenhum. Só conseguiu ser eleito, com o Oseias fora da corrida. E ainda assim, com 56,24% dos votos. 

Isto significa que os restantes 44% preferiam outros candidatos! Estes resultados transmitem ao Aly a seguinte mensagem dupla: (1) Os delegados disseram que o 
Aly é o representante de todos e, como tal, deve saber escutar e interpretar os sentimentos de todos para construir a vontade colectiva da organização; (2) deve ser humilde e liderar pelo exemplo para conquistar a confiança de todos ao longo do seu mandato.

E assim ganhou a JURA, porque ela sai deste pleito mais fortalecida: sai com um Secretário-geral eleito e que representa a todos. E por isso vai trabalhar com todos e todos vão trabalhar com o Aly. E como o Aly conseguiu a maioria, todos devem respeitá-lo e aceitá-lo como o seu Secretário-geral da JURA e nós também, na Direcção do Partido, vamos apoiar e trabalhar com o Aly. O nosso apoio à JURA passará, a partir de agora, pelo Aly. É assim na democracia.

Contrariamente ao que alguns pensam, considero que os congressos não nos dividem; os congressos unem-nos e fortalecem-nos. Porquê? Porque o Congresso é uma reunião de militantes. E a reunião em si não divide as pessoas. O que talvez divide é o comportamento errado das pessoas em relação à democracia. A democracia encerra dois princípios irmãos e inseperáveis: o princípio da representação e o princípio da maioria. 

O princípio da representação significa que a pessoa eleita pelo voto da maioria representa a todos, quer aqueles que votaram nela como aqueles que não votaram nela. Por isso, uma vez eleita, os que não votaram nela, devem esquecer as suas agendas e aspirações pessoais, porque estas não foram escolhidas pela maioria.

E devem imediatamente trabalhar com o secretário eleito na implementação da sua moção de estratégia, aquela que foi votada pela maioria. O Secretário geral eleito, por sua vez, deve recordar-se que apesar de ter sido escolhido pelo voto da maioria, é esta maioria que representa a todos. Por isso, deve trabalhar com todos. 

Portanto, caros congressistas, volto a afirmar o que já disse atrás e também já disse na sessão de abertura deste III Congresso: terminada que foi a eleição, também terminou a competição. Terminaram as candidaturas, os mandatários e os apoiantes de A, ou de B. Agora, só há a JURA. Agora só fica o colectivo que vai trabalhar no sentido de elevar, cada vez mais alta, a bandeira do Galo Negro.

Urge, sim, companheiros, implementar o Plano de Acção da JURA para os próximos quatro anos. Espero ver no vosso Plano de Acção propostas concretas para combater os males sociais que enfermam a sociedade angolana e que comprometem o futuro da Pátria! Espero ver no vosso Plano de Acção, medidas concretas para a captação de fundos a partir de iniciativas inovadoras! 

Espero ver no vosso Plano de Acção programas de intervenção social que ajudem a reduzir a pobreza, expandir o emprego produtivo e garantir a integração social dos jovens! 

Espero ver no vosso Plano de Acção medidas ousadas para combater a corrupção e moralizar a sociedade! A criminalidade de colarinho branco deve ser combatida sem tréguas! Não se deixem distraír pelos pequenos crimes praticados pelos pobres! Denunciem os crimes dos ricos! Os crimes que a crise no BESA trouxe a lume.

Quando os pobres ficam a dever, os Bancos buscam a protecção dos tribunais e da Polícia, e descontam logo nos salários. Ou tiram os bens das pessoas para pagar a dívida, alguns perdem o emprego e vão mesmo parar à cadeia. Mas quando os ricos ficam a dever, lá vem o Estado intervir utilizando o nosso dinheiro para resgatar os ricos! Esta é uma grande injustiça! Isso é o que se passa, actualmente, no caso do BESA. Os angolanos exigem que o Senhor Presidente da República venha a público esclarecer este dossier e responder as seguintes questões fundamentais:

Quem são afinal, as pessoas singulares e colectivas que beneficiaram dos créditos para os quais o estado angolano deu garantias? Qual é a identidade de cada grupo económico em que cada cliente se insere? Qual é o valor total das garantias fornecidas pelo estado? E porque é que o Estado deu garantias a tais créditos? 

Que projectos de significativa importância para a implementação dos objectivos constantes do Instrumento de Planeamento Nacional e do Orçamento Geral do Estado/2014 foram de facto financiados?

O dinheiro foi mesmo utilizado para os fins indicados? 

Este é um assunto que a JURA precisa de seguir de perto. Precisamos, todos juntos, investigar este dossier, denunciar os crimes envolvidos, se os houver, e mobilizar o povo para que o nosso dinheiro roubado seja resgatado.

O povo está a morrer de fome. Os jovens estão sem empregos, sem futuro, e meia dúzia de pessoas utiliza o dinheiro do povo para enriquecer! E fazem isso com a garantia do Estado!? Então onde estão os criminosos?

Estou convencido que o vosso Plano de Acção irá incluiu medidas concretas para colocar a UNITA ao lado do cidadão, em cada esquina, em cada aldeia, em cada Bairro, em cada área de intervenção social.

Estou convencido que ireis ‘tirar as gravatas’ e trabalhar sem horários, fora dos gabinetes, ao lado dos cidadãos, para melhor compreender a realidade individual e social em que se desenvolve a cidadania e aumentar o grau de interacção com ela, rumo à vitória.

Prezados companheiros:

Agora é, certamente, a melhor oportunidade para manifestar a nossa profunda gratidão e o nosso reconhecimento à nossa companheira Albertina Navemba Ngolo, mais conhecida por Navita. A nossa filha, companheira e colega Navita e o seu elenco, ficaram com a JURA num momento particularmente difícil da sua história. 

Para manter a JURA na sua linha e no seu lugar, não só travaram batalhas silenciosas e imperceptíveis aos olhos de quem, distraído ou distante do Partido nunca chegaria a compreender o que estava em jogo. O papel por ela desenvolvido com a sua equipa, foi decisivo para impedir situações desagradáveis para o Partido. Creio que a Navita e a sua equipa deixam hoje a direcção da JURA com o sentimento de missão cumprida. Estou certo de que o partido ser-vos-á eternamente reconhecido.

Peço ao auditório uma salva de palmas para a companheira Navita!

Companheiros:
A Direcção do nosso Partido, então liderado pelo nosso saudoso Presidente Fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi, consagrou o dia 18 de Julho para toda a Juventude Angolana, em homenagem ao jovem comandante David Jonatão Chingunji, mais conhecido por Samuimbila, patrono da JURA, morto em combate contra o colonialismo. É neste dia que a JURA celebra o seu aniversário oficial. A sua criação foi inspirada e materializada pelo saudoso Presidente Fundador Dr. Savimbi, em 1974, peloo que completou, completou ontem 40 anos de existência. Ela não é apenas o instrumento de luta para mobilizar a Juventude angolana para as múltiplas tarefas de interesse nacional, à luz da política de UNITA, mas também deve ser continuadora dos ideais da Liberdade da nação angolana, agora em construção. Entretanto, há factos que não podemos ignorar. Um desses factos é a consagração, pelas Nações Unidas, do 18 de Julho como o Dia Internacional de Nelson Mandela. Esta é uma coincidência inspiradora, pois se de um lado temos por parte do nosso Partido, o exemplo de coragem e de bravura de uma das figura lendárias na UNITA, no concerto de nações temos, para o mesmo dia, outra figura de estatura ímpar que é o Presidente Mandela! É uma coincidência inspiradora e até merecida, porque a luta da UNITA é a luta genuína dos povos africanos pela liberdade e pela dignidade. Os nossos símbolos foram concebidos a pensar na África, não apenas em Angola. O Galo Negro significa o despertar dos Povos de África contra as dominações estrangeiras e contra o neocolonialismo. O nosso Hino diz mesmo: 

Portanto, é bom ter em consideração que o dia da JURA é também o dia de Nelson Mandela!
Viva o 18 de Julho; Viva o 18 de Julho.

No momento em que celebramos a realização de mais um congresso da JURA e de mais um ano da sua existência, não só buscamos evocar a memória dos nossos heróis como também somos chamados a reiterar a nossa disponibilidade e a nossa prontidão para continuar a marcha rumo ao nosso objectivo que é tomada do poder político no nosso país para operar a mudança há muito desejada. 

Para que isso aconteça, precisamos de encarar com seriedade o lema sob o qual foi realizado este Congresso. As palavras Patriotismo e inovação, devem ser interiorizadas como luz que ilumina os nossos caminhos e como voz que soa permanentemente nos nossos ouvidos de tal forma que, quando acordamos, escutamos ‘patriotismo’ e ‘inovação’; quando nos lavamos, ‘patriotismo’ e ‘inovação’; quando comemos, ‘patriotismo e inovação’; quando andamos ou nos deslocamos, patriotismo e inovação; quando trabalhamos, patriotismo e inovação; quando conversamos, patriotismo e inovação; quando nos deitamos, patriotismo e inovação; quando sonhamos, patriotismo e inovação.

No fim-de-semana, fazemos o balanço e, ao nos prepararmos para a semana, temos de perguntar-nos: o que é que vou fazer para demonstrar o meu patriotismo durante a semana? Em que áreas irei ‘inovar’ durante a semana? 

Obrigado pela vossa atenção e declaro encerrado o III Congresso da JURA.

Luanda, 19 de Julho de 2014.