Jovens angolanos criam Fórum de Intervenção e Cidadania
- 26 agosto 2014
Luanda
- Com o objectivo de influenciar a tomada de decisão no que as
políticas versadas à juventude dizem respeito, nos próximos dias será
apresentado oficialmente mais um novo espaço para discussão e
apresentação de alternativas para os problemas da juventude angolana.
Fonte: VOA
A
decisão de criação do Fórum de Intervenção e Cidadania resultou da 1ª
Conferência Nacional da Juventude organizada a 14 deste mês (Agosto) na
capital angolana. A actividade decorreu sob a orientação de uma
plataforma de jovens da sociedade civil na qual figuram Nfuca Muzemba,
deputado à Assembleia Nacional pela UNITA (maior partido na oposição em
Angola) e Walter Ferreira, estudante universitário. Dois rostos bem
conhecidos no mosaico político e no activismo social angolano.
Preocupações
como a ausência de um balanço a respeito do diálogo juvenil e de vários
outros fóruns realizados em prol da juventude, motivaram a realização
da 1ª conferência nacional.
De acordo
com Nfuca Muzemba um ano é tempo suficiente para que se apresentem os
resultados da auscultação dos jovens levada a cabo pelo governo angolano
em todos os municípios do país.
O deputado entende que grande parte das iniciativas juvenis não é de inclusão e por esta razão não se traduzem em sucesso.
Segundo
o dinamizador do projecto, outras preocupações da juventude foram
identificadas dai a necessidade de criação de num novo espaço de
intervenção e cidadania dos jovens para influenciar a tomada de decisão
em falta, por parte do estado.
«Achamos
nós interessante a necessidade criação de um espaço de intervenção e
cidadania dos jovens como um meio de influenciar a tomada das decisões
que andam em falta em torno das políticas juvenis do estado», assegurou o
parlamentar.
Para ele de alguma
forma precisa-se “pressionar as instituições vocacionadas à juventude no
sentido de adoptarem medidas que visam necessariamente dar resposta
imediata aos problemas que abalam os jovens no seu dia-a-dia”.
Volvido
um ano após a sua realização o Diálogo Juvenil do ponto de vista
prático não produziu qualquer efeito, apesar dos vários relatórios
encaminhados ao governo central.
Estas
são entre outras, as preocupações que por outro lado motivaram a
organização da Conferência Nacional da Juventude e a liderança de um
projecto de criação do Fórum de Intervenção e Cidadania.
Problemas
como a falta de garantias do sonho da casa própria, o primeiro emprego,
dificuldades de formação académica e técnico-profissional, o
alcoolismo, a prostituição, o consumo de drogas enfermam a juventude De
Angola. São preocupações como estas sobre as quais o Fórum de
Intervenção e Cidadania vai debruçar e diante das autoridades
pressionarem e discutirem as soluções que favoreçam a camada juvenil do
estado angolano.
As situações
precárias vividas pela juventude angolana, segundo o dinamizador do
Fórum, é também resultado da ausência de uma intervenção mais firme da
sociedade civil, daí que “seja necessário que se apresentem iniciativas
diferentes, mas estas devem ser provenientes dos próprios jovens”.
A oficialização do Fórum de Intervenção e Cidadania está prevista para este mês.
O
FIC será, de acordo com o seu dinamizador, um espaço apenas de carácter
organizativo e institucional, sem pendor político-partidário e que
visará somente restituir e garantir aos jovens os seus direitos e
garantias fundamentais.
«Esta
iniciativa é social, não tem cariz político-partidário. É a melhor forma
que temos de contribuir para garantirmos a defesa e os direitos dos
jovens que ora são violados, ora são garantidos», frisou.
Ainda
não está claro como será sustentado este espaço do ponto de vista das
finanças, mas Nfuca Muzemba está confiante que o fórum venha merecer o
crédito e o consequente apoio de todos jovens angolanos.
«Queremos
aceitar que os próprios jovens vão ter a amabilidade de contribuir
porque vão se identificar com o projecto aprovado”. A causa é comum, é
de todos independentemente da filiação político-partidária, da crença
religiosa e do sexo. Aqui há uma causa comum que são os jovens
angolanos. Queremos única e simplesmente garantir a defesa dos seus
direitos, liberdades, garantias e interesses», concluiu
O
Fórum de Intervenção e Cidadania surge numa altura os braços juvenis de
vários partidos políticos na oposição têm sido criticados por terem
recebido viaturas oferecidas pelo Ministério da Juventude e Desporto
dirigido por Gonçalves Mwandumba.
O
Jurista e docente universitário Albano Albano Pedro entende que os
vários pólos juvenis, sejam políticos e da sociedade civil, alardeiam
uma política viciada cada vez menos acolhida pelo povo. Para ele o que
se precisa é uma nova estratégia que anime as novas perspectivas com uma
visão menos unipolar.
Albano Pedro
pensa também que o Fórum de Intervenção e Cidadania deverá avançar em
concertações efectivas e ultrapassar a agenda dos partidos políticos em
relação a juventude.
“Logo a seguir
seria mesmo avançar para concertações efectivas para que a juventude
tome rédeas da situação política actual que nós vivemos e na verdade se
proponha a ultrapassar as agendas dos partidos políticos”, esclareceu.
A
denominada 1ª Conferência Nacional da Juventude de onde surgiu a ideia
de criação do Fórum de Intervenção e Cidadania reuniu à mesma mesa
distintos membros da sociedade civil, políticos e académicos proveniente
dos vários pontos do país com destaque para as províncias do Huambo e
Benguela.
O músico MC K participou
deste colóquio e disse ter saído com uma ideia positiva pelo facto de se
colocar os jovens no centro das decisões, diferente de outros fóruns
onde são os mais adultos a discutirem os problemas dos mais jovens sem a
sua participação.
«Salienta-se o
facto de terem sido jovens a criarem um espaço para os jovens
debaterem”. Jovens a criarem um espaço para colocarem os jovens na
decisão dos seus problemas. Jovens a criarem um espaço inclusivo de
diálogo e de entendimento em relação aos problemas da juventude»,
explicou o músico cujos temas por si interpretados são maioritariamente
de intervenção social.
Juelma Miguel é
estudante universitária do Curso de Direito. Ela foi uma das delegadas
provenientes da província do Huambo para participar na Conferência
Nacional da Juventude.
A
universitária disse que o espaço de debate foi útil para apresentação
das questões que “pintam a negro” o quadro da situação dos jovens da
província planáltica do Huambo.
A
falta de oportunidade de formação e de emprego no Planalto central são
as preocupações levantadas pela estudante universitária;
«Penso
que com uma juventude formada teremos uma juventude sadia. Há carência
de emprego (no Huambo) e cá estávamos a discutir algumas soluções que
podem ajudar os jovens», disse
Durante
o colóquio que inspirou o surgimento do FIC estiveram em debate temas
como: A necessidade e os ganhos do diálogo juvenil, apresentado pelo
Sociólogo e Jornalista João Paulo Ganga e O Compromisso da juventude
para com a cidadania, dissertado pelo Jurista Albano Pedro.