Regime forja motivo para uma purga militar contra a Direcção da UNITA - Victorino Nhany
REPÚBLICA DE ANGOLA
U N I T A
SECRETARIADO GERAL DO PARTIDO
GABINETE DO SECRETÁRIO GERAL
CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Senhores Jornalistas
A
nossa bela Pátria – Mãe não é mais senão esta argamassa que nos mantém de pé
antes dos tempos, durante os tempos e na eternidade dos tempos, que nos seus
limites geográficos, coincide com o País – a nossa Angola – Território onde
nascemos, vivemos e onde nos podemos realizar. Não temos mais um outro património
comum senão Angola.
Sendo
Angola a nossa Casa Mãe, todos os filhos têm a obrigação patriótica de cuidá-la
bem para uma convivência em harmonia na relação Mãe –Filhos (e vice versa).
Porém, desde a longa noite colonial aos dias de hoje, a nossa Mãe padece de uma
doença prolongada, mas curável, o que exige de todos os seus filhos uma quota
parte para uma cura permanente.
Caros Jornalistas
Tomamos a iniciativa deste encontro para serdes os porta – vozes da denúncia de
um plano macabro que pode adiar para um tempo indeterminado o grande sonho de
os angolanos viverem felizes num País que os viu nascer.
Porém, Angola ao longo dos seus 40 anos de existência, face à sua fraqueza no
que a cultura democrática diz respeito, os dirigentes do partido que tem vindo
a sustentar o governo têm-se posicionado na base da cultura do medo, inventando
teorias de Golpes de estado que ao fim e ao cabo se têm constituído numa arma
venenosa que por um lado dizima os seus melhores filhos e por outro, faz
perpetuar no poder um regime que apenas se serve da riqueza de todos nós, ao
invés de servir todos os filhos de Angola.
Vejamos a Cronologia dos supostos golpes
O 1º aos 27 de Maio de 1977 com um objectivo duplo: primeiro, impedir que
Nito Alves e seu grupo chegassem politicamente vivos e competitivos ao I
Congresso do MPLA marcado para Dezembro do mesmo ano e disputassem a liderança
do Partido e do estado com o Presidente Agostinho Neto; segundo, eliminar
fisicamente os adversários políticos mais competitivos;
O 2º foi em 1986/87 quando o general Alexandre Rodrigues “Kito” Comandante
Geral da Policia de então criou uma Policia Especial e que depois de humilhado
foi destituído tendo-se, mais tarde, chegado a conclusão de que era falso;
O 3º foi em 1993 tendo-se acusado os Bakongo de golpistas, organizando-se
delinquentes que no Roque assassinaram angolanos dessa etnia – massacre
conhecido como 6ª Feira Sangrenta;
Esse massacre foi antecedido do de 1992 após o pleito eleitoral em que os
ovimbundo, na sua maioria conheceram o mesmo destino;
O 4º aconteceu em 2004/ 2005, tendo como alvo o General Fernando Miala vítima
da investigação dos desvios dos dinheiros da China que atingiria o topo do
poder executivo, culminando com a sua destituição do cargo na Segurança
Externa;
O 5º foi aos 23 de Novembro de 2013 aquando da manifestação convocada pela
UNITA para os cidadãos repudiarem o assassínio de Alves Kamulingui e Isaias
Kassule, à luz da Constituição, o Comissário - Chefe Paulo de Almeida ignorou a
Constituição e considerou a manifestação de golpe, tendo sido apoiado pelo sr
Bento Bento que acusou a Comunidade Internacional de coluio num acto de massas
na Cidadela. Feita a investigação, a DNIC apurou cola e cartazes como material
bélico para a materialização do aludido golpe!
O 6º golpe de estado é o dos 15 jovens revolucionários mais um, concentrados
em palestra a lerem um livro e que o material bélico seriam os livros,
computadores, telefones e esferográficas.
O 7º golpe de estado é o traduzido no forjado documento do GEPA que fazemos
gentileza de fazer chegar aos caros jornalistas, cujo detalhe desenvolvemos
mais adiante pela importância que encerra.
No seio disso tudo, qual é a contradição principal?
A situação económica e social do País devida às más políticas do partido que
sustenta o governo, traduzidas em assimetrias regionais em que invariavelmente
em políticas orçamentais 80% do bolo fica para a estrutura central e apenas 20%
para as dezoito Províncias; a perene aposta numa economia de enclave vendo, no
petróleo como única fonte de receitas para o crescimento económico; a baixa do
preço do barril de petróleo que agrava as más políticas económicas; a não
diversificação da economia em que o 2º sector económico mais importante do País
– o sector rural – é ignorado, passando Angola a importar do gindungo à fuba,
batata e arroz; a corrupção galopante; o roubo do erário público; o nepotismo,
entre outros, afiguram-se as razões mais marcantes da actualidade o que opõe o
regime vigente ao Povo angolano.
Prezados Jornalistas
Pretendendo enganar a opinião pública nacional e internacional, o regime no
poder tenta desviar as atenções ligadas à situação que acabamos de radiografar,
veiculando intrigas, culpabilizando a UNITA, escudando-se em forjados golpes
para uma Organização sem tropa, sem armas, sem logística, sem território e que
assumiu perante o povo a sua participação na luta política na base da Força do
Argumento enquanto o regime ainda se encontra na lógica do Argumento da Força,
num Estado Democrático e de Direito.
A Escola da UNITA ensina, nós aprendemos e assimilamos que o estudo dos
diferentes estádios da desigualdade do desenvolvimento das contradições, o
estudo da contradição principal, o estudo do aspecto principal da contradição
principal e o estudo das contradições secundárias, permitem-nos detectar a
estratégia e as tácticas do nosso adversário.
Caros Jornalistas
Vejamos a sequência das contradições:
- O suposto plano do GEPA, que esclarecemos logo a seguir, para derrubar o
Presidente da República!
- A detenção dos jovens Revolucionários que se têm envolvido no exercício de
cidadania à luz da Constituição, imputando-se toda a responsabilidade à UNITA.
- Propaganda ensaiada em Laboratórios dos Serviços Secretos apostando para um
eventual “ressurgimento” do Dr Savimbi enganando os incautos com fins por nós
já descobertos!
- As intrigas apontadas para o reactivar da BRINDE quando a UNITA, partido
histórico e maduro que é, no âmbito de se informar para melhor actuar no campo
político e diplomático, criou um Gabinete de Estudos, Pesquisa e Análise,
denominado GEPA, ao nível das estruturas central e intermédias;
Caros Jornalistas
Se não, vejamos:
Há cerca de três meses, o Presidente da UNITA escreveu ao Presidente da
República, para denunciar a falsidade de um documento de autoria atribuída aos
serviços de
Está rubricado com uma assinatura que desconhecemos e os seus autores não
identificam a pessoa que o assina.
Como se não bastasse, chegou ao nosso conhecimento que alguns antigos soldados
e oficiais das extintas forças militares da UNITA, muitos dos quais já
desmobilizados, estão a ser recrutados, fardados e equipados para
desestabilizarem o país.
Esses indivíduos estão a ser recrutados com base num mito segundo o qual o Dr.
Jonas Malheiro Savimbi não morreu nada! O mito que está sendo espalhado já há
algum tempo diz que o Dr. Savimbi está vivo e que em breve aparecerá para
libertar os angolanos da miséria, da corrupção e da má governação do MPLA.
Existe um plano bem urdido que utiliza este mito para explorar a ignorância e o
obscurantismo que ainda enfermam alguns sectores da nossa sociedade, e, assim,
seduzir os incautos a uma resposta à rebelião armada e depois
responsabilizar-se a UNITA por actos que atentem contra a segurança do Estado.
Esse plano, ao que tudo indica, tem a mão da Direcção dos Serviços da Contra
Inteligência Militar e a chancela superior.
Companheiros
2.1- Proceder exonerações e calúnias susceptíveis a processos criminais e judiciais;
2.2- Eliminar (acelerar) a morte destes, uma vez hospitalizados, cuja acção deve ser executada por militantes profissionais de cada instituição.
2.3- Todos os membros das ex-FMU integrados e patenteados nos órgãos de defesa e segurança (FAA e PN), devem estar na condição de oficiais a disposição para de forma legal abrangirem a reforma em curso nas FAA (T/General Jorge Kokelo é exemplo desse plano).
- De recordar que a integração, a formação e a colocação em funções destes efectivos, era de acordo com as vagas existentes naquela altura, bem como os quarenta e cinco mil (45.000,00) indivíduos do pessoal desmobilizado das ex-FMU, sendo objecto de reinserção sócio-profissional na função pública (ver acordo de entendimento do Luena).
3- Evitar a todo o custo inclusive os seus descendentes, ascenderem de patentes
(funções) ou ocupar lugares de destaque (chefia). Descrimina-los desde os
concursos de acesso à função pública, fazendo triagem na juventude (militantes)
desde as suas origens políticas – partidárias”.
Povo angolano
Caros Jornalistas
Não fazemos acusações com pretensões de se criar tensões no país. Estamos
apenas a buscar entendimento.
Nada estamos a esconder, estamos a informar, de novo, o próprio Presidente da
República, para buscarmos diálogo.
Prezados Jornalistas
A UNITA por esforço próprio, no âmbito da correlação de forças, apresenta-se muito forte na presente etapa.
Perante este facto e perante a crise social que afecta os angolanos, em jeito
de conclusão, os objectivos do regime resumem-se no seguinte:
2º- Utilizar o golpe forjado como tubo de escape para a crise política, económica e social que o país vive e, por via dele, fazer o MPLA cerrar fileiras em torno do seu líder e, assim, esbater o elevado índice de rejeição que enfrenta do povo;
3º- Promover unidade no seio da Direcção do regime, para uma defesa colectiva
perante um eventual conflito armado;
4º- Inviabilizar o processo de estabilização interna da UNITA processando
criminalmente membros da sua Direcção.
A UNITA já deu provas bastantes de que é pela democracia, sinal de coerência
aos princípios e valores que defende desde a sua fundação. A UNITA não planeia
nem pactua, activa ou passivamente, com actos que atentem contra o regime
democrático de que se bateu tenazmente durante 16 anos ou contra a integridade
das instituições democráticas do estado de direito.
Mas de modo algum e em circunstância alguma os planos e estratégias da UNITA
incluem actos como os simulados pelos serviços de inteligência militar ou pela
casa de segurança do Presidente da República e as constantes e recentes
acusações feitas por alguns dirigentes do MPLA.
A UNITA reitera ao povo angolano a sua convicção de que o regime vigente perdeu
o norte e não tem soluções para os graves problemas em que mergulhou o país.
Por isso, pretende mais uma vez atentar contra Angola e contra a vontade
soberana do seu povo através de planos e actos macabros, típicos da escola
bolchevista.
A UNITA reitera aos angolanos e ao mundo o seu compromisso com o estado de direito, com o respeito pelos direitos humanos e pela vontade soberana do povo angolano expressa em eleições livres e democráticas e o seu compromisso com a democracia, que é o regime político da paz.