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martes, 18 de agosto de 2015

Secretario Geral da UNITA denuncia manobras do Regime do MPLA

Regime forja motivo para uma purga militar contra a Direcção da UNITA - Victorino Nhany

REPÚBLICA DE ANGOLA

U N I T A
SECRETARIADO GERAL DO PARTIDO
GABINETE DO SECRETÁRIO GERAL

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Povo angolano
Senhores Jornalistas

A nossa bela Pátria – Mãe não é mais senão esta argamassa que nos mantém de pé antes dos tempos, durante os tempos e na eternidade dos tempos, que nos seus limites geográficos, coincide com o País – a nossa Angola – Território onde nascemos, vivemos e onde nos podemos realizar. Não temos mais um outro património comum senão Angola.


Sendo Angola a nossa Casa Mãe, todos os filhos têm a obrigação patriótica de cuidá-la bem para uma convivência em harmonia na relação Mãe –Filhos (e vice versa).
Porém, desde a longa noite colonial aos dias de hoje, a nossa Mãe padece de uma doença prolongada, mas curável, o que exige de todos os seus filhos uma quota parte para uma cura permanente.

Povo angolano

Caros Jornalistas

Tomamos a iniciativa deste encontro para serdes os porta – vozes da denúncia de um plano macabro que pode adiar para um tempo indeterminado o grande sonho de os angolanos viverem felizes num País que os viu nascer.


Depois de uma democracia negada após o golpe de 25 de Abril de 1974 resultante da revolução dos Cravos que derrubou o regime fascista de Salazar, graças à entrega de patriotas abnegados, aos 31 de Maio de 1991 foram assinados os Acordos de Bicesse que deram fim a uma República Popular e o resgate de um Estado Democrático e de Direito – o regime da paz.

Porém, Angola ao longo dos seus 40 anos de existência, face à sua fraqueza no que a cultura democrática diz respeito, os dirigentes do partido que tem vindo a sustentar o governo têm-se posicionado na base da cultura do medo, inventando teorias de Golpes de estado que ao fim e ao cabo se têm constituído numa arma venenosa que por um lado dizima os seus melhores filhos e por outro, faz perpetuar no poder um regime que apenas se serve da riqueza de todos nós, ao invés de servir todos os filhos de Angola.
Vejamos a Cronologia dos supostos golpes


 O 1º aos 27 de Maio de 1977 com um objectivo duplo: primeiro, impedir que Nito Alves e seu grupo chegassem politicamente vivos e competitivos ao I Congresso do MPLA marcado para Dezembro do mesmo ano e disputassem a liderança do Partido e do estado com o Presidente Agostinho Neto; segundo, eliminar fisicamente os adversários políticos mais competitivos;

 O 2º foi em 1986/87 quando o general Alexandre Rodrigues “Kito” Comandante Geral da Policia de então criou uma Policia Especial e que depois de humilhado foi destituído tendo-se, mais tarde, chegado a conclusão de que era falso;

 O 3º foi em 1993 tendo-se acusado os Bakongo de golpistas, organizando-se delinquentes que no Roque assassinaram angolanos dessa etnia – massacre conhecido como 6ª Feira Sangrenta;

Esse massacre foi antecedido do de 1992 após o pleito eleitoral em que os ovimbundo, na sua maioria conheceram o mesmo destino;
 O 4º aconteceu em 2004/ 2005, tendo como alvo o General Fernando Miala vítima da investigação dos desvios dos dinheiros da China que atingiria o topo do poder executivo, culminando com a sua destituição do cargo na Segurança Externa;
 O 5º foi aos 23 de Novembro de 2013 aquando da manifestação convocada pela UNITA para os cidadãos repudiarem o assassínio de Alves Kamulingui e Isaias Kassule, à luz da Constituição, o Comissário - Chefe Paulo de Almeida ignorou a Constituição e considerou a manifestação de golpe, tendo sido apoiado pelo sr Bento Bento que acusou a Comunidade Internacional de coluio num acto de massas na Cidadela. Feita a investigação, a DNIC apurou cola e cartazes como material bélico para a materialização do aludido golpe!
 O 6º golpe de estado é o dos 15 jovens revolucionários mais um, concentrados em palestra a lerem um livro e que o material bélico seriam os livros, computadores, telefones e esferográficas.
 O 7º golpe de estado é o traduzido no forjado documento do GEPA que fazemos gentileza de fazer chegar aos caros jornalistas, cujo detalhe desenvolvemos mais adiante pela importância que encerra.


No seio disso tudo, qual é a contradição principal?


A contradição principal reside entre o sistema e o Povo.

A situação económica e social do País devida às más políticas do partido que sustenta o governo, traduzidas em assimetrias regionais em que invariavelmente em políticas orçamentais 80% do bolo fica para a estrutura central e apenas 20% para as dezoito Províncias; a perene aposta numa economia de enclave vendo, no petróleo como única fonte de receitas para o crescimento económico; a baixa do preço do barril de petróleo que agrava as más políticas económicas; a não diversificação da economia em que o 2º sector económico mais importante do País – o sector rural – é ignorado, passando Angola a importar do gindungo à fuba, batata e arroz; a corrupção galopante; o roubo do erário público; o nepotismo, entre outros, afiguram-se as razões mais marcantes da actualidade o que opõe o regime vigente ao Povo angolano.



Esta é a Contradição principal.


Povo angolano

Prezados Jornalistas

Pretendendo enganar a opinião pública nacional e internacional, o regime no poder tenta desviar as atenções ligadas à situação que acabamos de radiografar, veiculando intrigas, culpabilizando a UNITA, escudando-se em forjados golpes para uma Organização sem tropa, sem armas, sem logística, sem território e que assumiu perante o povo a sua participação na luta política na base da Força do Argumento enquanto o regime ainda se encontra na lógica do Argumento da Força, num Estado Democrático e de Direito.


A Escola da UNITA ensina, nós aprendemos e assimilamos que o estudo dos diferentes estádios da desigualdade do desenvolvimento das contradições, o estudo da contradição principal, o estudo do aspecto principal da contradição principal e o estudo das contradições secundárias, permitem-nos detectar a estratégia e as tácticas do nosso adversário.


Caros Jornalistas


Vejamos a sequência das contradições:


- A responsabilização da UNITA quanto ao caso do Monte Sumi quando o regime foi dando apoio à seita do sr José Kalupeteka, há 14 anos!

- O suposto plano do GEPA, que esclarecemos logo a seguir, para derrubar o Presidente da República!

- A detenção dos jovens Revolucionários que se têm envolvido no exercício de cidadania à luz da Constituição, imputando-se toda a responsabilidade à UNITA.

- Propaganda ensaiada em Laboratórios dos Serviços Secretos apostando para um eventual “ressurgimento” do Dr Savimbi enganando os incautos com fins por nós já descobertos!

- As intrigas apontadas para o reactivar da BRINDE quando a UNITA, partido histórico e maduro que é, no âmbito de se informar para melhor actuar no campo político e diplomático, criou um Gabinete de Estudos, Pesquisa e Análise, denominado GEPA, ao nível das estruturas central e intermédias;


Povo angolano

Caros Jornalistas


Perante estes factos e pela sua sequência, podemos desconfiar de que as informações que chegam ao conhecimento da UNITA sejam verdadeiras e que há um plano tácito podendo ser materializado pelo regime, se os angolanos se distraírem!

Se não, vejamos:


Há cerca de três meses, o Presidente da UNITA escreveu ao Presidente da República, para denunciar a falsidade de um documento de autoria atribuída aos serviços de



Segurança do Presidente da República, que imputava à UNITA a intenção de atentar contra as instituições do Estado e tomar o poder politico por métodos não previstos nem conformes com a Constituição.


Trata-se de um documento forjado, produzido pelos Serviços de Inteligência do Presidente da República, mas atribuído ao Gabinete de Estudos, Pesquisa e Análise da UNITA- GEPA.

Está rubricado com uma assinatura que desconhecemos e os seus autores não identificam a pessoa que o assina.



Tenho aqui uma cópia desse documento (distribuir). O Presidente Samakuva escreveu ao Senhor Presidente da República para repudiar o objectivo velado de tal documento e garantir-lhe categoricamente que o documento é absolutamente falso.


É falso no seu conteúdo. É falso na sua autoria. É falso na origem que lhe é atribuída. A redacção não é da UNITA. O método utilizado e os conteúdos do documento não fazem parte do âmbito de actividades do GEPA, nem da sua cultura técnica e administrativa.


Para enfatizar a falsidade do documento, está a inserção de uma máxima que se alega ser de autoria do Dr Savimbi, cito “O MPLA só respeita o som de uma metralhadora e, quando a pátria sangra todo o sacrifício é pouco”! O Dr Savimbi nunca disse isso!


O objectivo dos agentes corruptos que forjaram o documento, reside em extorquir dinheiro do OGE para fins financeiros, alegando que precisam de milhões de dólares para abortar tais “planos da UNITA”!


Tudo indica que esse dinheiro ter-lhes-ia sido entregue.


Chegou também ao conhecimento da UNITA que, oficiais da Casa Militar envolvidos nessa trama, estariam a ser abastecidos com informações falsas por um ex - membro da UNITA filiado até 2012, depois tornou-se militante de um outro partido e agora parece que o regime estará a financiá-lo para criar um novo partido a fim de sustentar a fraude eleitoral que prepara para 2017.Os autores dessa trama, escreveu o Presidente da UNITA, não parecem ter qualquer pejo em desinformar o Chefe de Estado forjando um crime tão delicado como o atentado à Segurança nacional, só para desviarem fundos públicos para enriquecimento pessoal.


Infelizmente, até hoje, não recebemos nenhuma resposta nem comentário do Sr Presidente. Só que, nesse intervalo de tempo, surgiram outros dados, todos eles convergindo num ponto: a intenção clara do regime de incriminar a UNITA em actos forjados contra a alegada Segurança de Estado angolano.


Povo angolano


Caros Jornalistas


Para o espanto da UNITA, não só o Sr Presidente da República não respondeu à carta, como ainda foi enviado um deputado (o executivo a interferir no poder legislativo) Bento Raimundo, da AJAPRAZ, a palmilhar o Centro do País inoculando na mente dos menos avisados que a UNITA pretende fazer a guerra! Com quem?

Como se não bastasse, chegou ao nosso conhecimento que alguns antigos soldados e oficiais das extintas forças militares da UNITA, muitos dos quais já desmobilizados, estão a ser recrutados, fardados e equipados para desestabilizarem o país.


Esses indivíduos estão a ser recrutados com base num mito segundo o qual o Dr. Jonas Malheiro Savimbi não morreu nada! O mito que está sendo espalhado já há algum tempo diz que o Dr. Savimbi está vivo e que em breve aparecerá para libertar os angolanos da miséria, da corrupção e da má governação do MPLA.


Existe um plano bem urdido que utiliza este mito para explorar a ignorância e o obscurantismo que ainda enfermam alguns sectores da nossa sociedade, e, assim, seduzir os incautos a uma resposta à rebelião armada e depois responsabilizar-se a UNITA por actos que atentem contra a segurança do Estado.


Esse plano, ao que tudo indica, tem a mão da Direcção dos Serviços da Contra Inteligência Militar e a chancela superior.



Com base no referido plano, foi constituída uma estrutura militar clandestina, para organizar e dirigir uma acção de carácter militar contra o regime do Presidente José Eduardo dos Santos cuja chefia e composição estão devidamente identificadas.


Obtivemos elementos de prova desta cilada porque alguns elementos recrutados participantes das reuniões, discordam do plano, forneceram-nos gravações que nos permitiram analisar e cruzar informações, para concluir que estamos perante uma cilada golpista forjada pelos serviços dirigidos pelos próprios órgãos do Estado.


O mito que o Dr. Savimbi está vivo e prepara-se para voltar, serve de isca para atrair os incautos cidadãos da UNITA que servirão apenas de carne para canhão. O mito é aliado à crise social que o país vive e à má governação do regime..


Os três factores – O Dr. Savimbi está vivo; O Sr. José Eduardo dos Santos tem de sair; e a crise económica e social – são apresentados como motivo para se organizar uma acção militar decisiva contra o regime.


Caros Jornalistas

Companheiros


No último debate havido na Assembleia Nacional reflectimos e concluímos que há uma geração que não consegue promover a reconciliação nacional. Os acordos, mais uma vez estão sendo violados.


Nunca é demais recordarmos hoje e aqui o documento datado de 28/12/2014, virado para as FAA afectando os quadros oriundos das ex-FALA que, pela sua gravidade e pela materialização de intenções constantes do seu conteúdo, voltamos a denunciar para melhor contribuirmos para o processo de reconciliação nacional:


1- “Cessar com qualquer acto (programas) que visa o cumprimento dos acordos entre o Governo (MPLA) e a UNITA” (acabaram, de facto, com o mecanismo bilateral);


-“ O Memorando do Luena, complementar aos acordos de Lusaka, terminou com a extinção do GURN em 2008 e tudo o que desde daí o governo vem fazendo é favor, flexibilidade e gesto de boa vontade (característica e a atitude do nosso partido – MPLA)”; 


2- “Com efeito, deve-se proceder um levantamento (registo) de todo o universo da UNITA a todos os níveis, desde as FAA e PN, até às instituições civis e de base, cumprindo com as seguintes medidas:


2.1- Proceder exonerações e calúnias susceptíveis a processos criminais e judiciais;


2.2- Eliminar (acelerar) a morte destes, uma vez hospitalizados, cuja acção deve ser executada por militantes profissionais de cada instituição.


2.3- Todos os membros das ex-FMU integrados e patenteados nos órgãos de defesa e segurança (FAA e PN), devem estar na condição de oficiais a disposição para de forma legal abrangirem a reforma em curso nas FAA (T/General Jorge Kokelo é exemplo desse plano).


- De recordar que a integração, a formação e a colocação em funções destes efectivos, era de acordo com as vagas existentes naquela altura, bem como os quarenta e cinco mil (45.000,00) indivíduos do pessoal desmobilizado das ex-FMU, sendo objecto de reinserção sócio-profissional na função pública (ver acordo de entendimento do Luena).
3- Evitar a todo o custo inclusive os seus descendentes, ascenderem de patentes (funções) ou ocupar lugares de destaque (chefia). Descrimina-los desde os concursos de acesso à função pública, fazendo triagem na juventude (militantes) desde as suas origens políticas – partidárias”.

Povo angolano
Caros Jornalistas
Não fazemos acusações com pretensões de se criar tensões no país. Estamos apenas a buscar entendimento.
Nada estamos a esconder, estamos a informar, de novo, o próprio Presidente da República, para buscarmos diálogo.


Em Maio do presente ano, especificamente dia 22, endereçamos um ofício ao Gabinete do Sr. Secretário Geral do MPLA para discutirmos assuntos que afectam o nosso país, pedindo um encontro. A resposta fez-nos crer haver intenções de se adiar o encontro solicitado para as calendas gregas o que por métodos diplomáticos significará, negar.


Povo angolano

Prezados Jornalistas


A UNITA por esforço próprio, no âmbito da correlação de forças, apresenta-se muito forte na presente etapa.

Perante este facto e perante a crise social que afecta os angolanos, em jeito de conclusão, os objectivos do regime resumem-se no seguinte:


1º- Forjar um motivo para uma purga militar ou criminal contra a Direcção da UNITA.


2º- Utilizar o golpe forjado como tubo de escape para a crise política, económica e social que o país vive e, por via dele, fazer o MPLA cerrar fileiras em torno do seu líder e, assim, esbater o elevado índice de rejeição que enfrenta do povo;


3º- Promover unidade no seio da Direcção do regime, para uma defesa colectiva perante um eventual conflito armado;


4º- Inviabilizar o processo de estabilização interna da UNITA processando criminalmente membros da sua Direcção.



Povo angolano


Apelamos à opinião pública nacional e internacional para a importância deste assunto.

A UNITA já deu provas bastantes de que é pela democracia, sinal de coerência aos princípios e valores que defende desde a sua fundação. A UNITA não planeia nem pactua, activa ou passivamente, com actos que atentem contra o regime democrático de que se bateu tenazmente durante 16 anos ou contra a integridade das instituições democráticas do estado de direito.



Para nós, o jogo político tem limites. Estes incluem os direitos naturais do homem, direito positivo, a ética e a unidade nacional. Quando as circunstâncias políticas o exigem, criticamos o executivo, denunciamos a corrupção, protestamos contra o que julgamos ser políticas erradas, denunciamos o nepotismo e outros males de governação, tudo no quadro do exercício do direito democrático de oposição.

Mas de modo algum e em circunstância alguma os planos e estratégias da UNITA incluem actos como os simulados pelos serviços de inteligência militar ou pela casa de segurança do Presidente da República e as constantes e recentes acusações feitas por alguns dirigentes do MPLA.


A UNITA reitera ao povo angolano a sua convicção de que o regime vigente perdeu o norte e não tem soluções para os graves problemas em que mergulhou o país. Por isso, pretende mais uma vez atentar contra Angola e contra a vontade soberana do seu povo através de planos e actos macabros, típicos da escola bolchevista.

A UNITA reitera aos angolanos e ao mundo o seu compromisso com o estado de direito, com o respeito pelos direitos humanos e pela vontade soberana do povo angolano expressa em eleições livres e democráticas e o seu compromisso com a democracia, que é o regime político da paz.



Luanda, 17 de Agosto de 2015