Caro companheiro Dr. Raul Manuel Danda- Vice Presidente da UNITA
Prezado companheiro Franco Menezes Marcolino Nhany- Secretário Geral da UNITA,
Prezado companheiro Dr. Rafael Massanga Savimbi – Secr. Geral Adjunto da UNITA
Distintos membros da Direcção da UNITA
Caros companheiros, membros da UNITA,
Minhas senhoras e Meus senhores
Chegamos ao fim do nosso Seminário Metodológico. Este foi apenas o primeiro. Dentro de pouco tempo, realizaremos outro, visando sobretudo os nossos quadros ao nível da direcção das províncias. Espero que os objectivos que tinham sido traçados para este seminário tenham sido bem compreendidos. A nossa atitude e as nossas acções diárias nas próximas semanas e próximos meses em relação ao trabalho irão dizer-nos se valeu a pena passarmos aqui quase quinze horas de trabalho.
Como dissemos no início deste seminário, estamos no princípio de um novo ano e de um novo mandato. Buscamos uma nova dinâmica. Vamos então para o terreno, para implementarmos os programas do nosso partido no espírito desta nova dinâmica abordada aqui durante o seminário.
Vamos certamente, encontrar várias dificuldades e vários obstáculos na implementãção dos nossos programas. Uns serão de ordem material; outros de ordem conceptual; outros ainda de ordem política. Devemos ter em conta que o terreno da nossa acção é um espaço onde vamos encontrar concorrentes e adversários.
Precisamos de coragem e de trabalho inteligente para ganharmos e consolidarmos a nossa posição. Não precisamos de insultar ninguém para atingir os nossos objectivos. Não precisamos de radicalismos na transmissão da nossa mensagem. Precisamos apenas de dizer a verdade sobre a situação do País e de divulgar o nosso projecto de sociedade e o nosso programa para salvar os angolanos do sofrimento.
Os membros do nosso Governo Sombra que o companheiro Vice Presidente do Partido vai coordenar, assumem uma responsabilidade muito grande neste aspecto.
Juntamente com os sectores da mobilização, da reinserção dos ex-militares e do poder local, deverão trabalhar no sentido de demonstrar àqueles que ainda acreditam na propaganda hostil contra o nosso Partido e, por isso, ainda duvidam da capacidade da UNITA mudar para melhor a situação que o País vive, que o caminho da liberdade, do desenvolvimento, da justiça e do bem estar, passa por votar na UNITA, ou seja, passa por colocar a UNITA na Direcção do País.
Há muita gente que fez muito mal a este povo e a este país que tem medo da UNITA porque pensa que a UNITA vai se vingar um dia. Por isso pintam-na de preto e atribuem à UNITA muitas mentiras e falsidades históricas.
Mas, eu vos digo, companheiros e compatriotas. Examinem os factos e não tenham medo, porque não haverá vinganças. Ninguém tem nada de se vingar porque no passado todos fizemos coisas boas e coisas más. Costumamos dizer que do passado fraticida, culpados somos todos , responsáveis somos todos, vítimas somos todos.
A UNITA não vai tirar os bens de ninguém. Angola é grande e tem espaço e recursos para todos. Vamos respeitar a construção que já está feita e os construtores que a fizeram. Vamos respeitar a propriedade alheia. Entendemos ser este o significado da reconciliação nacional.
Reconciliação é ter nova atitude para com o nosso irmão, é aceitá-lo como diferente, mas com direitos iguais. É promover uma mudança de cultura política. Esta mudança interior tem de se operar em cada um de nós em 2016. O processo de construção de uma nova cultura política envolve também uma reconciliação de memórias.
O perdão passa pela descoberta de uma forma de coabitação entre a vítima e o prevaricador. A prioridade deve ser dada à reconciliação, e não à retribuição. Deve ser dada à justiça restauradora, e não à justiça punitiva.
Para tanto, precisamos de corrigir algumas inverdades implantadas na nossa memória colectiva pelo acidente da propaganda. Por exemplo:
? Muitos de vocês ouviram dizer repetidas vezes que a guerra recomeçou em 1992 porque a UNITA não aceitou os resultados eleitorais. Isto é mentira. Eu tenho aqui cópia da Resolução número 793, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, datada de 30 de Novembro de 1992, que diz claramente no sétimo parágrafo que o Conselho tomou boa nota do facto de que a UNITA aceitou os resultados eleitorais.
? Muitos ficam perturbados pelo facto de a maioria dos membros da UNITA serem do centro ou do sul de Angola. É mera coincidência histórica. O partido tinha de começar num ponto qualquer assim como qualquer empresa ou associação começa num ponto qualquer. Mas isso não a torna uma associação sectária, tribalista, atrasada ou racista. A UNITA é formada por pessoas de todas as raças e origens étnicas. É o partido político angolano com maior diversidade entre os seus quadros técnicos e dirigentes. É verdade que a grande maioria dos membros é pobre ou de poucos meios, mas não é esta a expressão fiel da população angolana?
? Vamos para o terreno, ajudar todos a fazerem esta mudança interior, o que significa ter uma nova atitude para com o nosso partido, fazer uma reconciliação de memória. Os gabinetes sirvam para conceber, planear, criar bancos de dados mas não nos absorvam todo o tempo. Vamos para o terreno ao encontro do cidadão. Expliquemos-lhe o que pensamos do país e o que queremos fazer para mudá-lo a fim de nos proporcionar uma vida melhor. Queremos que a cada cidadão seja permitido participar na construção do futuro, porque é o futuro que nos interessa. O passado é para os historiadores. O futuro é para os visionários, os construtores da paz e do país inclusivo e desenvolvido que todos almejamos.
Aos nossos compatriotas que exercem a sua cidadania através de organizações da sociedade civil, enfatizemos o seguinte:
O país ainda é sufocado por um aparato estatal impermeável, ineficiente, que intervém demasiado nas relações sociais privadas. Para desenvolver as suas potencialidades, Angola precisa de se libertar deste controlo estatal e construir um Estado moderno, eficiente, democraticamente fiscalizado, e virado para a sua função essencial, que é promover o bem público e não controlar o espaço público.
Por isso, a UNITA saúda a intervenção política e social que fazem na afirmação da nacionalidade angolana. Saudamos os movimentos sociais, a juventude, os sindicatos e demais organizações cívicas pela conquista desses espaços. Exortamo-los a prosseguir com coragem e determinação porque os partidos políticos não esgotam os espaços de participação dos cidadãos na vida pública. Há lugar para os independentes e para os movimentos não políticos demonstrarem que são cidadãos.
A fronteira dos espaços de intervenção de cada um está bem definida. Os métodos de intervenção também. Mas temos objectivos comuns para o alcance dos quais podemos fazer convergir nossos esforços e realizações. Por isso, contem connosco. Venham dialogar connosco sempre que desejarem, porque somos parceiros na construção do futuro. Por isso, juntem-se a nós na construção desse futuro.
Companheiros e compatriotas: ide, semeai a mensagem da UNITA em todos os cantos do País. O futuro pertence-nos. Juntos, podemos.
Luanda, 28 de Janeiro de 2016.
Isaías Samacuva |