Jornalistas angolanos denunciam
instrumentalização da imprensa pública
A instrumentalização da imprensa pública pelo partido no
poder em Angola continua a ser uma das principais preocupações dos
profissionais do sector.
Há quem considere ter havido um retrocesso após a
aprovação da Constituição de 2010.
Graça Campos, jornalista e antigo director do semanário Angolense, é um dos que consideram que as liberdades no país degradaram-se desde então.
Graça Campos, jornalista e antigo director do semanário Angolense, é um dos que consideram que as liberdades no país degradaram-se desde então.
“As pessoas continuam a ser espancadas e mortas por exercerem um direito constitucionalmente consagrado”, defendeu Campos, em referência à repressão aos profissionais da imprensa, no acto que assinalou na terça-feira, 28, os 25 anos da criação do Sindicato dos Jornalistas Angolanos.
Graça Campos criticou também o que chamou de instrumentalização da imprensa pública pelas elites políticas que governam o país.
“Está colocada de cócoras, perante os poderes públicos, ignorando todos os outros”, concluiu.
O também jornalista Mário Paiva atribui à direcção do sindicato o dever de lutar para a aprovação de um “acordo colectivo de trabalho” com vista a garantir a progressão na carreira e consequente aumento dos salários, caso contrário “a situação dos profissionais pode agravar-se”.
Os jornalistas queixam-se, na sua maioria, de falta de habitação, instrumentos de trabalho e seguro de saúde para profissionais em situação de risco.
Recorde-se que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos anunciou em Janeiro a intenção de levar ao Tribunal Constitucional o pacote legislativo da comunicação social, promulgado pelo Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, alegando que contém disposições que atentam contra a liberdade de imprensa no país.