Que mensagem traz João Lourenço às populações de Cabinda? Estêvão Neto Pedro
Caros membros do Executivo Provincial, Membros da Sociedade Civil, Minhas Senhoras e meus Senhores, Saúdo, em primeiro lugar, a vossa presença nesta sala e desejo-vos muita força e coragem na defesa do Povo Angolano e, em particular, de Cabinda. Caros membros,
Quanto à Província de Cabinda, quero começar por denunciar o seguinte: nos últimos momentos, temo-nos deparado com uma forte movimentação das FAA, da Polícia Nacional e da Segurança do Estado, nos bairros periféricos da Cidade de Cabinda. A movimentação de tropas e civis, de Luanda para Cabinda, tem como propósito dar cobertura ao vazio que tem sido preenchido pelos alunos e funcionários públicos, obrigados e ameaçados com penalizações graves quando não participassem nas actividades políticas do MPLA. Com a vinda de Lourenço a Cabinda, a governadora Aldina Catembo, sabendo que o MPLA não possuí uma grande massa militante que possa afluir ao comício de João Lourenço, entende que fossem trazidos 100 autocarros a fim de buscarem a população de todos os Municípios com vista a que se cobrisse o vazio deixado pelos alunos visto que o Sector da Educação encontra-se em greve. A aflição é tanta em que se encontram os senhores João Lourenço e Aldina Catembo. Diante do acto político de massas a realizar-se neste sábado, na falta de alunos, orientaram os militares e agentes da polícia a fazerem parte do mesmo, mas vestidos a civil. Afinal de contas, isto deve-se à deslocação do senhor general João Lourenço, o dito cabeça de lista do partido que governa Angola há mais de 40 anos. De 21 a 27 de Março do corrente ano, recebi, no meu Gabinete, mais de 32 professores e outros agentes da função pública que ocupam cargos de direcção nas escolas e nas próprias Secretarias Provinciais da Educação, Saúde, Transportes, Juventude e Desporto, Comércio e Agricultura, os quais lamentaram sobre a cobrança de 100% do salário base que o MPLA está fazendo e solicitaram a intervenção da UNITA sobre o caso. A UNITA foi informada que os valores a serem cobrados destinam-se para suportar as despesas do comício de João Lourenço e da participação obrigatória dos funcionários públicos, dos alunos e das igrejas. Ficámos satisfeitos porque, afinal, o elefante já está mesmo a morrer. Como sinal disto, essas pessoas que apareceram, aflitas e sem receio, são militantes do MPLA. No dia 28 de Março deste ano, recebemos pastores que representam algumas plataformas religiosas, os quais deram a conhecer à UNITA que o MPLA tinha solicitado a cada igreja o fornecimento de (10) dez membros para o comício que será presidido pelo general João Lourenço, no dia 8 de Abril, em Cabinda. Eles afirmaram que, caso não mandassem o número de membros solicitados, o Governo voltaria a fechar as suas igrejas. Diante desta situação preocupante, dirigiram-se à UNITA solicitando-lhe intervenção, com vista a denunciar o facto que põe em causa a verdadeira identidade e missão da Igreja. Este problema é vivido também nas escolas do 2º Cíclo, dirigidas por directores que são militantes do MPLA, cujos directores também são obrigados a enviar 300 Trezentos alunos, por cada escola, para fazerem parte do mesmo Comício. Estes, caso não cumpram, serão sancionados com mais de 5 faltas injustificadas, e os alunos faltosos ao comício de João Lourenço não farão as provas do professor. Os encarregados de educação também reclamam o comportamento do partido no poder. Queremos perguntar, onde param os militantes do MPLA? Se eles dizem que o MPLA é o povo e o povo é o MPLA, por que o MPLA está a obrigar os alunos, os membros das igrejas e da função pública para o comício? Caros membros, O senhor João Lourenço é quem tinha dito aos cabindas que construir o Porto de águas profundas e o Aeroporto Internacional é dar independência ao Povo de Cabinda. Disse, também, que o seu partido nunca daria independência ao Povo de Cabinda. “Independência nem pensar”. Tinha dito isso ao folha 8, na edição do dia 21 de Setembro de 2002. Povo de Cabinda, este senhor que está prestes a chegar a Cabinda é um demónio. É um outro formatado por Sr. José Eduardo dos Santos para odiar os Cabindas. Recorde-se que é um dos ladrões que está na lista daqueles dirigentes do MPLA que assaltaram o Banco BESA. Diante desses factos, o que é que virá dizer aos cabindas? Se for o que disse no Namibe, Benguela, Huambo, Huíla e Bié, onde prometeu que ia diminuir a taxa do desemprego, ia combater a corrupção e levar a cabo uma diplomacia económica, saiba que essas palavras já cansam a mente dos cabindas. Então, senhor João Lourenço, pense bem o que vai dizer a esse Povo! Ele amadureceu bastante… O senhor João Lourenço é uma das 4 quatro figuras mais odiadas por este Povo, a saber: Sr. José Eduardo dos Santos, autor emblemático do sofrimento do Povo de Cabinda, Sra. Aldina Matilde Barros da Lomba Catembo e Sr. António Bento Bembe. A comunicação social, em Cabinda, na sua propaganda fatigante, deu-nos a conhecer que João Lourenço é angolano e natural de Benguela, e combateu bastante na Província de Cabinda, restando apenas dizer-nos que a sua mãe é de Cabinda. João Lourenço, inimigo dos cabindas, como ele próprio se caracteriza no seu pronunciamento feito ao folha 8 a que atrás fizemos referência, deverá explicar aos cabindas por que razão ordenou a redução do projecto da construção do Porto de Cabinda para 50%, o que significa que ao invés de Porto, será construída uma simples Ponte Cais. Obrigado O Secretário Provincial Estêvão Neto Pedro