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domingo, 1 de julio de 2018

Do Cunene para Luanda

Do Cunene para Luanda - ao Presidente João Lourenço - José Ndakenyanana
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Em jeito de análise, talvez precipitada mas motivada pelas recentes circunstâncias político-administrativas, o lema “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”, infelizmente, parece começar a perder o seu norte para mais uma desgraça do povo angolano. Da euforia ao espanto, caminhamos para o desencanto.



Desde aos antigos impérios Egípcio, Greco-Romano e atualmente o Americano, o Chines e o da União Europeia, sempre ouvi dizer, com provas dadas, que a instrução/formação académica sólida e de qualidade e uma educação humanizada são os melhores investimentos como garante do desenvolvimento harmonioso e holístico de um país, onde se ama verdadeiramente a vida e o bem-estar dos seus filhos/cidadãos. Este é um bem inalienável. Uma pessoa, cultural e academicamente bem formada, conhece os seus direitos e os seus deveres para com o Estado e respeita os outros nos seus direitos fundamentais, e pode exercer a justiça e promover os outros em ordem ao desenvolvimento em todas as vertentes, veja-se a função pragmática, humanista, orientadora e desenvolvimental dos filósofos e pedagogos gregos ou dos senadores e legistas romanos. Atualmente, os países desenvolvidos nos mostram, pelos exemplos concretos, que a instrução/formação é o motor e alavanca do desenvolvimento humano, civilizacional, sociocultural, económico e democrático das nações. Se olharmos para as nações do primeiro mundo (o chamado ocidente e afins), vemos milhões e milhões de dólares investidos na formação humano-académica, na pesquisa científica, através de bolsas de estudos para licenciaturas, doutoramentos, pós-doutoramentos e para cientistas nas universidades, nos gabinetes de pesquisas e nos laboratórios, verdadeiros incubadores de ideias e executores de inovação. Os frutos desses investimentos estão aí exponencialmente visíveis. Na área da saúde, na área tecnológica e de informação, na aeronáutica, no automobilismo, na área espacial, no vestuário e no calçado, na agroindústria, na engenharia, na arquitetura urbanística e paisagística, na robótica, etc. etc.



Enquanto os outros países inventem seriamente na instrução/formação académica, gastando milhões em bolsas e subsídios para o empoderamento do capital humano que cria o capital material para o bem social, infelizmente em Angola se desventram os bolseiros internos e externos. Vergonhosamente e com lágrimas secos nos olhos, sem falar do já Filicídio ou Antropofágico INABE, eu fico deveras perplexo e burro quando ouço e leio documentos do Ministério da Educação e do Ministério das Finanças do governo do JLO, quando ao tratamento dos bolseiros angolanos. “Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem” é uma propaganda astuciosa, falaciosa e eleitoralista, ou é na verdade uma ideia fundante e pragmática para tornar Angola um país habitável com dignidade que merece todos os angolanos sem exclusão? Quando se perde a humanidade e a vergonha da nudez material e intelectual, até a mentira se torna verdade. Infelizmente em Angola chegamos, intelectual e antropologicamente, a esse inaceitável e incompreensível estado de ser e de estar.



Senhor presidente João Lourenco e seus ministros da Finanças e da Educação, conheceis verdadeiramente o estado miserabilíssimo do povo que governais e sobretudo das famílias angolanas espalhadas pelas diferentes províncias angolanas donde provém muitos dos filhos bolseiros que estão na responsabilidade do Estado angolano como rege a Constituição Geral da República angolana? Infelizmente a ideia de que Angola é só Luanda, para além de se refletir cabalmente na composição do vosso governo, também corrói as vossas mentes e as vossas ideias quando estais a pensar na sustentabilidade digna dos filhos bolseiros autóctones angolanos. É verdade que os vossos filhos nunca precisaram dos tostões do INABE nem dos salários da função pública para poderem estudar. Vós sois os donos disto tudo. Por isso, execravelmente não sabeis o que é estudar dependente da bolsa do INABE ou do salário de dispensado de função pública.



Senhor presidente João Lourenco e seus ministros da Finanças e da Educação é mais justo e humano suspender os salários dos bolseiros, filhos, de gente pobre, que só dependem desses tostões para poderem estudar e sonhar com algum futuro melhor e ajudar no desenvolvimento de Angola ou é mais humano e racional manter a lei do MPLA do repatriamento de capitais que legitima e oferece de bandeja os milhões aos gatunos e ladrões que os roubaram a todos nós?



Nós cá do Cunene, povo burro e fanático pelo MPLA, mas felizmente já a despertar da letargia ideológica alienante e submissa, temos muitos filhos bolseiros internos nas diferentes universidades das províncias de Angola e externos nos países do “terceiro” mundo como Cuba, Ucrânia, Marrocos, Argélia, India, Rússia onde (quando o INABE não paga há seis meses os subsídios de bolsa) para sobreviver nem se arranja só um trabalho para servir num bar ou limpar as ruas ou lavar as sanitas das estações de comboios. Os nossos cunenenses bolseiros, são filhos de camponeses pobres (por isso os mandais sempre para os países do “terceiro” mundo) que nem um dólar por dia amealham para o seu sustento. Cortando (suspendendo) os seus salários da função pública, tal é o prazer e o regozijo do ministro das Finanças e da Ministra da Educação, como vão poder pagar seus os estudos, alojamento, material escolar, alimentação e o transporte para a universidade?

Senhor presidente João Lourenco e seus ministros da Finanças e da Educação, nós os do Cunene não mandamos nem aceitamos que os nossos filhos vão estudar noutras províncias ou para fora do país por mero gozo, presunção de luxo ou por prazer de não os querer ter perto de nós. Nós aceitamos e os mandamos por imperiosa, inquestionável e primária necessidade contextual e circunstancial. Infelizmente não somos nós que governamos Angola nem a nossa província do Cunene. Vós os CALUANDAS (quimbundos) que nos governais à distância, sem humanidade nem visão, sabeis quantos e que tipo de cursos existem no Instituto Superior do Cunene? Ou na vossa miopia intelectual e na vossa circuncisão política, pensais que o desenvolvimento de um município, de uma província e de um país só se faz com quadros/licenciados em biologia, em enfermagem, em agropecuária, em engenharia informática e em análises clínicas? Ah, não vos importeis connosco a não ser na hora do voto, porque quereis continuar a nos mandar os vossos filhos bacongos e quimbundos como juízes nos nossos tribunais, economistas nos nossos projetos, contabilistas nas nossas contas, médicos nos nossos hospitais, sociólogos nos estudos de casos, psicólogos nos tratamentos psicossociais e clínicos, advogados para defender os nossos interesses por cá, arquitetos escrevinhar as nossas cidades, criminólogos, etc., com as desculpas de que nós no Cunene não temos filhos formados nessas áreas?

Eliminar ou suspender os bolseiros do Cunene da função pública é coagi-los estratégica e politicamente a voltar para o Cunene sem terminarem os seus estudos. E isso é um erro gravíssimo e premeditado para prejudicar o futuro do nosso Cunene. Um dia seremos governados por vós, gente de fora da província com as desculpas do gradualismo geográfico autárquico de que não temos quadros e por isso não coubemos nos critérios de seleção do iluminado Senhor Ministro Adão de Almeida. Os Caluandas, com milhões da LEI DO REPATRIAMENTO DE CAPITAIS DOMICILIADO NO EXTERIOR, estão a formar os seus filhos nas boas universidades para um dia serem eles os nossos administradores municipais e quadros técnicos administrativos das nossas autarquias, quando houver eleições autárquicas, isto porque são eles que terão a formação à altura desses cargos. Conforme as leis autárquicas que Adão de Almeida irá inventar, Cunene será sempre prejudicado com a suspensão atual dos salários dos bolseiros impedindo que nossos filhos estudem e sejam formados em diversos cursos que no Cunene não existem propositadamente. Seremos eternamente guardas das riquezas dos grandes do poder em Luanda. O Dr. Didalelwa teve visão, ao trazer a universidade para o Cunene e a incentivar todos a estudarem e ao facilitar-lhes bolsas de estudos, por isso, deixou a província com alguns quadros superiores. Infelizmente, o esqueleto humano e castrado mental Kundi Paihama, que os caluandas nos impuseram como governador provincial do Cunene, não se inquieta nem se interessa em negociar com o ministério de tutela para trazer mais cursos para o Cunene. É com sentimento de responsabilidade que devemos aconselhar a Diretora da Educação no Cunene, a Sra Soraia Mateus que cure essa sua patologia contra os bolseiros no Cunene, pois causará erros graves, não só privando a província dos quadros universitários locais bem formados naqueles cursos que nós ainda não temos no Cunene, mas também contribuindo para que o MPLA seja odiado e no futuro perca votos.

“Corrigir o que está mal”, não passa por suspender os salários dos atuais bolseiros, mas sim trazer mais cursos para o Cunene para que os funcionais públicos, e não só, possam estudar sem deixar os seus locais de trabalho como acontece noutras províncias onde há oferta de mais cursos académicos. Como se diz por ai, Cunene tem muitos bolseiros a ganharem pela função pública! É claro, como pagariam os seus estudos se são filhos de pobres camponeses? Cunene tem muitos bolseiros fora do Cunene, dizem eles! Claro, como estudariam se no Cunene só existe 5 cursos no Instituto Superior e nenhuma universidade privada? Quereis que sejamos sempre burros e a ser enganados, votando em matumbos e ser governados por pacóvios? Cunene tem muitos falsos bolseiros e fantasmas, gente na função pública no Cunene mas a trabalhar nos bancos em Luanda, Benguela, Lubango, etc! Claro, como não estariam se são filhos, cunhados, sobrinhos, amantes, amigos de gente dessas províncias que trabalha(ra)m nas direções provinciais do governo do Cunene e a pedidos dos caluandas (os que nos atribuem sempre quotas) os inseriram no sistema público no Cunene e depois voltaram para as suas províncias de origem e passam a ganhar duplamente. O governo do MPLA tem que corrigir profundamente o seu mondus operandi sem prejudicar sempre os mesmos, o povo pobre de Angola. Os tais fantasmas que existem no sistema da função pública, há anos como a idade do Zedú, que nunca são expurgados, esses têm donos e os donos são os mesmos chefes do sistema e que ganham com isso, não são do pobre povo angolano. Esses incompetentes, giratórios de cadeiras, preferem prejudicar os bolseiros, futuros autóctones quadros e dirigentes de Angola cortando-lhes seus salários e subsídios para não poderem estudar mais, mas não conseguem e nem se interessam em reaver os milhões de dinheiros roubados nos cofres do Estado e meter na cadeia todos os ladrões e gatunos deste país. Então porque prejudicar sempre o povo?

Será que o autointitula de Deng Xiaoping de Angola está a perder o comboio, enganado pelos dinossáurios do costume? Será que estamos prestes a continuar frustrados noSHITHOLE” (lugar de merda) entregues aos SHITs (merdas) de sempre?

Viva a Revolução de paradigmas Viva Angola para os angolanos
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