“Kopelipa” ilibado em Portugal
Lisboa - Sem a
“menor dúvida” sobre a “legítima proveniência” dos movimentos de capital
de Helder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”. É assim que o Ministério
Público português justifica o fim do processo contra o general angolano,
suspeito de branqueamento de capitais, no despacho de arquivamento da
investigação, hoje noticiado pela revista Sábado.
*Guilherme Dias
Fonte: África Monitor
Fonte: África Monitor
O
despacho do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP)
resulta da análise de documentos apresentados por “Kopelipa”. O general
prontificou-se a colaborar com a investigação e submeteu 195 documentos
para justificar dezenas de operações. Detetadas numa perícia financeira
do DCIAP, estas eram consideradas “não justificadas”.
A
legitimidade das mesas, prossegue o DCIAP, é reforçada pelos
“rendimentos” do visado e pela “inexistência de notícia fundamentada
sobre qualquer crime precedente”. Em causa estavam crimes de
branqueamento de capitais, mas também de corrupção, fraudes fiscais e
associação criminosa.
O Ministério Público analisou operações
financeiras acima de 100 mil euros. Ao todo, foram movimentados milhões
de euros, incluindo transações da principal empresa de “Kopelipa” em
Portugal, a WWC. Os movimentos passaram por 20 contas em bancos como o
BES, Millennium Bcp, BPI, BIG e Banco Privado Atlântico-Europa.
Decorrendo já há vários anos, a investigação foi desencadeada na sequência de uma queixa apresentada pelo professor universitário Adriano Parreira. Outros visados incluem dezenas de cidadãos angolanos, empresários, advogados e presidentes de bancos portugueses. Um dos denunciados é Ricardo Salgado, presidente do BES, a quem “Kopelipa” estava ligado pela participação no Banco Espírito Santo Angola (BESA).
A participação de 24 por cento do BESA foi comprada no final de 2009 pela Portmill, inicialmente detida pelo “triunvirato” de personalidades próximas do presidente – Manuel Vicente, “Kopelipa” e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”. Posteriormente, estes venderam as suas participações a um desconhecido tenente-coronel, Leonardo Lidinikeni, subordinado de “Kopelipa”.
Outros 19 por cento do BESA pertencem ao
grupo Geni, manifestamente controlado por Isabel dos Santos – ainda que
a filha do presidente afirme não ser acionista. Assim, 43 por cento do
BESA são detidos por personalidades próxima do presidente José Eduardo
dos Santos.