REPÚBLICA DE ANGOLA
UNITA
COMITÉ PERMANENTE DA COMISSÃO
POLÍTICA
COMUNICADO
O Comité Permanente da Comissão Politica
da UNITA reuniu aos 29 de Abril de 2015, em sessão extraordinária, sob a
presidência de Isaías Henrique Gola Samakuva, Presidente da UNITA, para apreciar
o Relatório dos Deputados do Povo à Assembleia Nacional a quem foi incumbida a
missão de constatar, no Huambo, a veracidade dos factos relatados nas queixas,
denúncias e reclamações recebidas de diversas famílias, sobre os acontecimentos
ocorridos no monte Sumi, município da Caála, no dia 16 do corrente, ligados à
seita Luz do Mundo, liderada por José Julino Kalupeteka.
Da análise do Relatório, o Comité
Permanente registou o seguinte:
a) Os deputados
do povo trabalharam no Huambo durante quatro dias, tendo reunido com as
autoridades locais, recolhido imagens vídeo e fotografias sobre a chacina, e
registado depoimentos de dezenas de cidadãos, entre sobreviventes do genocídio
ocorrido no monte Sumi, familiares das pessoas até hoje desaparecidas,
testemunhas que presenciaram e escaparam dos assassinatos, religiosos, polícias
e militares que participaram na operação.
b) Os deputados
do povo não tiveram acesso à área onde a maioria dos crimes terá ocorrido
porque foram impedidos por ordens ditas superiores. Apesar das garantias
fornecidas pelo Governador da Província, em reunião, de que iriam ao local para
constatar os factos in loco, no dia seguinte, na hora da partida, o acesso
foi-lhes negado pelas autoridades locais que alegaram possuir “ordens superiores” que proibiam
os deputados de ir ao Sumi, ficando da inteira responsabilidade destes
quaisquer consequências que resultassem de uma eventual deslocação.
c) Em resposta
ao assassinato de nove cidadãos da Polícia Nacional atribuído a membros da seita
“A Luz do Mundo”, o povo registou actos de perseguição, raptos e de caça ao
homem contra cidadãos indefesos, membros e não membros da seita “A Luz do
Mundo”. Registou em particular o desaparecimento de muitos cidadãos e o assassinato
de mais de mil, dentro e fora da área cujo acesso foi vedado aos deputados.
d) Nem todos os
perseguidos, mortos e desaparecidos são membros da seita Kalupeteka. Dezenas de
camponeses que residem ou que foram encontrados nas suas lavras, situadas
próximo do monte Sumi e vizinhanças das Comunas do Cuima e Catata, há quilómetros
de distância do principal local dos crimes, também terão sido assassinados.
e) Há
insistentes relatos da existência de valas comuns no local cujo acesso foi
bloqueado aos deputados do povo, onde um número indeterminado de cadáveres
teria sido enterrado e desenterrado posteriormente para serem escondidos em
valas mais pequenas na região circunvizinha.
f) Há sérias
contradições na versão oficial dos acontecimentos.
g) Há um clima
de terror na Província, em particular nos Municípios da Caála e do Huambo e um
grande sentimento de repulsa pelos actos de violação dos direitos humanos que
terão sido cometidos pelas autoridades públicas.
h) Aos deputados
do Povo também foi negada a visita ao cidadão José Kalupeteka, cujo paradeiro
continua desconhecido.
Em face dessas constatações e considerando,
em particular, as obstruções e contradições nas declarações oficiais, criadas
pelas autoridades a quem incumbe proteger a vida e garantir o respeito pelos
direitos humanos, universalmente consagrados, o Comité Permanente da Comissão
Política conclui que algo de muito grave
terá ocorrido no Monte Sumi e arredores, no dia 16 do corrente e seguintes.
Assim sendo, e considerando o facto de que
Angola é membro de organizações internacionais que devem garantir a
inviolabilidade da vida e assegurar o respeito pelos direitos humanos e a paz e
segurança das famílias, povos e nações;
O Comité Permanente da Comissão Política
da UNITA decidiu:
a) Lamentar e
condenar mais uma vez os assassinatos de agentes da autoridade e de centenas de
civis indefesos ocorridos na Província do Huambo no dia 16 do corrente e
seguintes.
b) Repudiar
energicamente o clima de terror que se criou na Província do Huambo visando
coarctar as liberdades democráticas dos cidadãos.
c) Solicitar aos
órgãos competentes da Organização das Nações Unidas e outras, a realização de
um inquérito rigoroso e imparcial sobre o genocídio do Monte Sumi.
Luanda, 29 de Abril de 2015
O Comité Permanente da Comissão Politica da UNITA