O Nacionalismo é o sentimento mais profundo de amor à Pátria; é o enaltecer da preferência pelo que é próprio da Terra, que se traduz na firme vontade de defendê-la e trabalhar para a sua estabilidade política, bem- estar social e desenvolvimento económico.
A UNITA, União Nacional para Independência Total de Angola, é um projecto de sociedade, é uma visão de Angola, assente nos valores do Patriotismo, da Liberdade, da Democracia, da Justiça Social e da Solidariedade.
A UNITA, com a sua Direcção fixada no interior do País, como princípio doutrinário, nasceu como uma contribuição patriótica na luta político-militar para a conquista da independência do nosso país, Angola, visando participar no seu desenvolvimento político, económico e sócio – cultural, na concorrência leal e democrática com as outras formações políticas.
São seus percurssores os doze, então jovens patriotas angolanos, na maioria ex-membros da UPA-FNLA, liderados por Jonas Malheiro Savimbi, seu presidente fundador, que se constituíram no embrião do que viria a ser Forças Armadas de Libertação de Angola – FALA, cujo dia nacional se comemora a 24 de Janeiro, em homenagem ao seu primeiro chefe do Estado Maior Samuel Piedoso Chingunji, mais conhecido por Kapessi Kafundanga, falecido nessa data.
As FALA extintas no quadro dos Acordos de Paz de Bicesse desempenharam, ao longo da sua trajectória, um papel insubstituível na luta contra o poder colonial em Angola e para a instauração do Estado democrático de direito.
Foram determinantes na materialização dos ideais que corporizam o Projecto de Sociedade de Muangai, sintetizados em cinco pontos, designadamente:
1) Liberdade e a independência total para os homens e para a Pátria Mãe.
2) Democracia assegurada pelo voto do povo através de vários partidos políticos.
3) Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados, primando sempre os interesses dos Angolanos.
4) Igualdade de todos os Angolanos na Pátria do seu nascimento.
5) Na busca de soluções económicas, priorizar o campo para beneficiar a cidade.
O percurso das ex-FALA no processo de libertação de Angola começou com o ataque ao posto fronteiriço de Kahungula, em Setembro de 1966, seguido pelos ataques ao posto administrativo colonial de Cassamba, a 4 de Dezembro e à Teixeira de Sousa, hoje Luau, a 25 de Dezembro de 1966.
Com o ataque à Teixeira de Sousa as FALA revelaram ao mundo a existência da UNITA no cenário de combate para a libertação de Angola e impulsionaram o seu reconhecimento internacional.
Constituindo a expressão em força da frustração do povo angolano, as FALA cumpriram com heroísmo e determinação a sua nobre missão que consistia em mobilizar permanentemente o povo; defender o povo e seus bens; recrutar jovens para suas fileiras; prestar serviços às populações; destruir física e militarmente o então inimigo; organizar a segurança do povo formando e treinando os sentinelas do povo e; lançar as bases da Organização dos Comités do Movimento no seio das populações.
As ex-FALA constituíram, na realidade, o verdadeiro esteio da luta da UNITA pela Democracia. Foram decisivas, não só na libertação da terra e dos homens, como também, levaram a cabo missões que elevaram para altos patamares o nome da UNITA, a sua causa e a sua mensagem, através de uma diplomacia proactiva.
Desde a sua criação, em 1966, até a sua extinção em 2003, as ex-FALA foram o verdadeiro garante da sobrevivência da UNITA, o seu suporte moral e físico. Foi através das ex-FALA que a UNITA despertou consciências, se expandiu em quase todo o território nacional, divulgando a sua mensagem. Estabeleceu estruturas, projectou para o mundo a sua visão sobre o nosso país, fez amigos, granjeou apoios e tornou-se co-protagonista das mais significativas viragens de Angola independente mormente: a democratização da vida política e social do nosso país Angola e a efectivação da paz militar.
Os factos heróicos das ex-FALA registados em todo o país, do norte ao sul do leste ao oeste, numa clara rejeição da política de clemencia e de exílio, ocasionaram a realização de negociações directas entre a UNITA e o MPLA, que culminaram com a assinatura, a 31 de Maio de 1991, dos Acordos de Paz e Reconciliação Nacional de Bicesse.
Conseguida a paz militar em 2002, a UNITA serve-se da ocasião da celebração do aniversário das ex - FALA para reiterar o seu apelo ao Executivo angolano, para que cumpra cabalmente o compromisso que assumiu de dar dignidade a todos ex-militares do conflito armado que Angola registou. Ainda são visíveis nas ruas das nossas cidades, mutilados de guerra com mão estendida à caridade e milhares de viúvas e órfãos sem beira nem eira. Essa situação não abona a imagem de um Estado independente há 40 anos.
Chegados a 24 de Janeiro de 2016, em véspera do Cinquentenário da UNITA, não podemos deixar de assinalar o papel desenvolvido pelas ex-FALA, no processo de libertar Angola e os Angolanos, de todo o tipo de opressão, exclusão e sofrimento.
Cumpre-nos, nesta data, recordar com eterna saudade o Comandante Kapessi Kafundanga,1º Chefe do Estado Maior e o Padroeiro das FALA. Ele era, parafraseando o Dr. Jonas Savimbi, num comício em 1975, um “companheiro incansável, sereno, confiante. Foi ele quem, durante 6 anos, organizou clandestinamente as nossas vias de abastecimento através do exterior.”
Para continuarmos a caminhar e alcançarmos os objectivos pelos quais a UNITA e as suas ex-FALA lutaram, urge que os angolanos se unam em torno da causa da mudança que trará a felicidade para cada família. Os Homens e Mulheres das ex FALA, ex-FAPLA, e ex- ELNA que deram o seu melhor para que Angola conhecesse o actual ordenamento jurídico-legal, merecem a atenção das instituições do Estado, não só por uma questão de justiça, mas também como garantia da estabilidade política e social no país.
Luanda, aos 22 de Janeiro de 2016.
O SECRETARIADO GERAL DA UNITA | |