Samakuva defende estímulo à diversificação da economia
João Dias
4 de Janeiro, 2016
4 de Janeiro, 2016
Isaías
Samakuva, líder da UNITA, maior partido da oposição, aspira ao poder
para efectivar o seu projecto de sociedade. Em entrevista ao Jornal de Angola,
fala do que pensa sobre a realidade socio-política e económica do país e
responde às críticas que lhe são feitas.
Samakuva acredita no
processo de diversificação económica e concorda com o apelo lançado pelo
Presidente da República na mensagem do final de ano, mas propõe uma nova
abordagem e uma metodologia para que os resultados sejam atingidos.
Samakuva reafirma uma convicção na força transformadora da paz e no valor do diálogo, propondo-o como fórmula para os jovens que reclamam direitos, que devem continuar a ser ouvidos para se compreender a essência das suas inquietações.
Samakuva reafirma uma convicção na força transformadora da paz e no valor do diálogo, propondo-o como fórmula para os jovens que reclamam direitos, que devem continuar a ser ouvidos para se compreender a essência das suas inquietações.
Jornal de Angola – A paz é uma das grandes
divisas conseguidas pelo povo angolano há 13 anos. O que representa para si
este inestimável bem?
Isaías Samakuva – A paz é um elemento
fundamental para a realização daquilo que pode ser útil para o cidadão. Há
necessidade de promover a conservação da paz e esta é uma questão que tem de
ser sempre tida em atenção. Mas é fundamental considerar que a paz não é apenas
a ausência da guerra. A paz é o emprego mas é também a capacidade que a pessoa
tem de resolver os seus problemas mínimos. Caso contrário, vive permanentemente
preocupada e na aflição. Nestas circunstâncias, devo dizer, não há paz. A paz
deve se traduzir na capacidade de se materializar as aspirações básicas do
dia-a-dia.
Jornal de Angola – Acusam-no de uma clara e
insofismável falta de sentido de Estado, pois tende a levar assuntos do país
para o exterior. Como tem encarado isso?
Isaías Samakuva – Tenho lido e ouvido
acusações do género e muitas vezes acho-as interessantes. Porém, chego à
conclusão que essas acusações só podem vir de pessoas que ou são à partida meus
detractores ou ignoram o facto de Angola ser hoje parte do concerto das nações.
É ingenuidade pensar que o que fazemos aqui não é conhecido no mundo. Temos
aqui embaixadas e muita gente que se movimenta, escreve e tira imagens que leva
para fora. É quase “tapar o sol com a peneira” calarmo-nos quando as situações
que reportamos realmente existem. O que dizemos aqui dentro chega lá fora e o
que dizemos lá fora chega cá dentro. Por isso, considero essas acusações
fortuitas, porque elas não têm nada de especial. O nosso discurso é o mesmo aqui
e lá fora. Não creio que estejamos a lavar roupa suja lá fora. Se alguém sabe
que o que estamos a fazer é sujo, o melhor é não fazer, pois uma vez feito,
passa a ser conhecido lá fora. Estou confortável em relação a este aspecto. Os
próprios governantes tratam de questões do país lá fora, igualmente. Onde está
a diferença?
Jornal de Angola – A diferença está
provavelmente no facto de o senhor levar para fora apenas as coisas negativas e
dificilmente mencionar as realizações positivas que ocorrem no país?
Isaías Samakuva – Não há nada que eu tenha
levado para fora que nunca tenha sido dito aqui no país. A única questão é que
aquilo que digo aqui dentro é de alguma forma abafado. Levantamos situações
negativas e de uma forma geral levantamo-las para chamar a atenção, como
críticas positivas, a ver se conseguimos parar com estas situações, mas ninguém
as menciona. Elas são levadas ao conhecimento mas morrem ali. É, como se
costuma dizer, “morrem no deserto”. O problema é que de uma forma geral, as
pessoas gostariam de não ouvir aquilo que fazem de negativo. Isto é o que
incomoda.
Jornal de Angola – Está agora no quarto
mandato como líder do seu partido. Está confortável com esta caminhada política
e o que representam para si os valores da democracia e as maiorias absolutas?
Isaías Samakuva – Sinto-me confortável
estando no quarto mandato na direcção do meu partido, porque não violei nem
normas partidárias nem normas nacionais ou internacionais. Agradeço-lhe por ter
levantado esta questão porque na verdade sinto que há uma deturpação de
conceitos e muita gente agarrou-se a estes conceitos e confunde as coisas,
quando na realidade a democracia é acima de tudo, tal como a própria palavra
significa, o poder do povo para o povo e tem características que constituem o seu
significado. A democracia traduz o cumprimento de normas, reflecte o Estado de
Direito, envolve a participação dos cidadãos, o respeito pelos direitos humanos
e obriga-se à separação de poderes. Nos partidos políticos, ao contrário do que
acontece no Governo, não há limitação de mandatos. Se for a fazer a sua
pesquisa vai encontrar que todos os estatutos dos partidos estão sem quaisquer
cláusulas de limitações de poderes.
Jornal de Angola – É reconfortante haver
exemplos desse género pelo mundo fora fundamentalmente para justificar uma
posição muito criticada?
Isaías Samakuva – Não vejo por que razão
para um europeu tal não representa problema algum e os problemas surgem quando
tal acontece com um africano. Se o partido tivesse uma cláusula que limitasse o
mandato, naturalmente essa cláusula seria cumprida. Mas deixe-me que, para este
contexto, mencione alguns exemplos. A chanceler alemã Angela Merkel está no seu
15.º ano como presidente do Partido Democrata Cristão Alemão (CDU) e no
terceiro mandato como chanceler. Outro exemplo é do presidente Lula que esteve
quatro mandatos à frente do seu partido até vencer as eleições. A Alemanha tem
outro caso, que é o de Helmut Kohl, que esteve à frente do seu partido durante
16 anos e na Inglaterra o caso de Margareth Tatcher que esteve três mandatos na
direcção do seu partido.
Jornal de Angola – A componente ética não é
aqui chamada?
Isaías Samakuva – Pergunto-me porquê
apelar à questão ético-moral? Eu não me impus. Curiosamente, desde o primeiro
mandato, tenho passado pelas eleições com uma maioria significativa. Outros há
que dizem: “perdeu as eleições gerais e agora devia deixar a cadeira”. Quando
perdi as eleições em 2008, apresentei a minha demissão numa reunião do comité
permanente. Mas ao invés de aceitarem a minha demissão, sai dessa reunião com
grande apoio. Estou completamente à vontade. Porém, temos limites fisiológicos
e acho que aqueles que pensam que Samakuva quer estar à frente da UNITA até
morrer enganam-se. Só se morrer agora. Mas se Deus me der mais uns dez anos,
neste período não estarei certamente à frente da UNITA.
Jornal de Angola – Esta é
uma tentativa de enviar um sinal de que é um líder que segue à risca um dos
princípios que pretende subordinar a política à ética?
Isaías Samakuva – Absolutamente. Mas como
a ética coloca questões de violações do bem e do mal, deviam dizer-me onde é
que violei a ética. Assim o debate seria outro.
Jornal de Angola – Que sinal a sua vitória
no maior partido da oposição envia à juventude anggolana, que, quer queiramos
quer não, passou a fazer alguma leitura dos tempos?
Isaías Samakuva – O que vejo é a juventude
a aplaudir e a encorajar a minha vitória. Mas existirão aqueles que criticam a
continuidade de Samakuva exactamente nos termos em que falamos aqui porque
acham que estamos a violar normas democráticas. Mas digo: não ha violação de
normas democráticas. A porção da juventude que me encorajou a continuar é
significativa. Temos de saber que nunca encontraremos consensos na totalidade,
mas vamos orientar-nos pela posição das maiorias. Tanto no partido como fora
dele vejo isso.
Jornal de Angola – Uma das grandes matrizes
do partido passa por caracterizar-se como um projecto de sociedade em si.
Continua a reiterar isso e como pensa efectivá-lo, uma vez que este projecto já
vai nos seus 50 anos?
Isaías Samakuva – A UNITA é um projecto de
sociedade. Os princípios que enformam esse projecto são aqueles em que
acreditamos e que fariam uma Angola diferente daquela em que estamos a viver.
Dura quase 50 anos. Mas existem projectos que duraram muito mais tempo antes de
poderem impor-se. A luta dos sul-africanos com o projecto de criarem uma África
multirracial levou muito tempo. O facto deste projecto levar este tempo não
significa que não seja válido. Hoje vemos que aqueles que rejeitavam a UNITA
começam a abraçar os seus ideais porque acham que são os mais justos e os que
mais se preocupam com a vida do cidadão. É uma questão de tempo.
Jornal de Angola – Enquanto líder do maior
partido da oposição faz grande fé no processo de diversificação económica ou
alinha pelo eixo dos cépticos?
Isaías Samakuva – Acredito nesse processo.
Penso que a economia deve ser diversificada, mas já devia ter sido feito. Só
não acredito que ela venha a acontecer da forma como está a ser teorizada
presentemente. Fiquei, de certa forma, satisfeito ao saber que o senhor Presidente
da República chegou também a esta conclusão. Estamos a falar da diversificação,
mas ela não está acontecer. Ela nunca há-de acontecer só pelo facto de criarmos
mais uns projectos agrícolas.
Não chega. Tanto mais que estes projectos estão a ser criados numa lógica de latifúndio, que mais uma vez pertencem a uma certa elite, que por sinal nem o faz com vista à diversificação económica mas visando os seus lucros. Pensamos que a diversificação deve ser feita. No sector minério, não podemos olhar apenas para o diamante ou para o petróleo, temos de olhar para o ouro, o fosfato, o cobre, o urânio, entre outros.
Não chega. Tanto mais que estes projectos estão a ser criados numa lógica de latifúndio, que mais uma vez pertencem a uma certa elite, que por sinal nem o faz com vista à diversificação económica mas visando os seus lucros. Pensamos que a diversificação deve ser feita. No sector minério, não podemos olhar apenas para o diamante ou para o petróleo, temos de olhar para o ouro, o fosfato, o cobre, o urânio, entre outros.
Jornal de Angola – O que propõe em
concreto?
Isaías Samakuva – Proponho que as
inteligências ou as mais-valias que temos no país sejam de facto utilizadas.
Angola tem recursos humanos que poderiam ajudar significativamente o processo
de diversificação económica, mas encontram vários obstáculos. É ainda difícil
criar uma empresa dadas as dificuldades impostas pela burocracia e acesso ao
crédito. Temos um banco de desenvolvimento que, penso, devia fazer mais. A
burocracia deve diminuir. Esta é uma área que tem sido melhorada, mas que ainda
não chega. Conheço países onde podem ser criadas empresas em uma ou duas horas.
Além do que já mencionei, existem algumas questões políticas que também impedem
que os angolanos possam participar com o seu saber e as suas energias na
economia e na diversificação.
Jornal de Angola – Questões políticas, o
que quer dizer exactamente?
Isaías Samakuva – Falo de questões políticas
que acabam por ser mecanismos discriminatórios que impedem pessoas que não
sejam do partido que sustenta o poder de desenvolver os seus projectos, não
conseguindo também o apoio de bancos. Todo este conjunto de situações precisa
de ser melhorado ou alterado. Sempre pensei que com a conquista da
Independência fosse reduzir-se ao mínimo possível o sofrimento do povo, mas
constato que na realidade depois da Independência esse sofrimento não só se
mantém como se avoluma.
Jornal de Angola – Como avalia o contexto
socio-político e económico que o país atravessa?
Isaías Samakuva – O actual contexto está
difícil. Está difícil para aqueles que procuram envolver-se em projectos e que
não conseguem e está também difícil para os que tinham projectos em marcha e que
de um momento para outro se viram afectados pela chamada crise. Penso que é uma
situação que ainda vai continuar por algum tempo. Mas acredito na capacidade
realizadora dos angolanos e creio que é uma fase que vai passar. Há quem diga
que talvez tenha sido melhor o emergir desta fase, pois parece que também está
a ser uma escola. Oxalá tiremos sérias lições para evitar que situações do
género venham a repetir-se no futuro.
Jornal de Angola – Sente que a forma como
se posiciona na política distancia-se muito pouco da que foi a filosofia de
Jonas Savimbi ou tem uma abordagem muito mais original e própria?
Isaías Samakuva – Não sei se é verdade
dizer que me distancio muito pouco da filosofia do Dr. Jonas Savimbi. O que sei
é que a linha política que a UNITA segue é aquela que foi traçada desde os
primórdios da sua fundação, assente nos princípios do que chamamos Projecto de
Muangai, que continua válido até hoje. É importante considerar que as épocas
são completamente diferentes. O Dr. Savimbi dirigiu o partido num período de
conflito armado. Nessa situação havia necessidade de se aplicar um determinado
número de normas com algum rigor e força. Isto não pode ser feito agora numa
fase de paz e em que buscamos a reconciliação e procuramos o diálogo com todas
as franjas da sociedade. Não faz sentido aplicarmos a metodologia daquela época
quando buscamos a harmonia e uma convivência pacífica. Aqui o discurso tem de
ser diferente daquele que se utilizava na época passada. Temos de ter em
consideração a época que vivemos, os objectivos que pretendemos atingir.
Jornal de Angola – Se a UNITA fosse
convidada a formar uma frente única para o pleito de 2017 estaria receptiva e
favorável ao “ecumenismo político”?
Isaías Samakuva – Não vamos esperar que
sejamos convidados. Nós é que estamos a trabalhar no sentido de convidar os
outros no futuro e vamos continuar. A UNITA tem convidado os outros partidos a
ensaiar os primeiros passos para uma frente comum. Demos estes passos em 2004
quando tentámos criar uma plataforma, que, devo dizer, não foi bem sucedida. Em
2008, após as primeiras eleições em tempo de paz, voltámos a convidar os
partidos com vista a atingir objectivos concretos, como foi no caso da
elaboração da Constituição de 2010 e também da nova Lei Eleitoral. Porém, mesmo
ali onde os objectivos eram claros, em determinada altura vimos que não foi
alcançado como desejávamos. Continuamos com a cooperação com outros partidos
com ou sem assento na Assembleia Nacional. Na política é a necessidade do
momento que determina a acção.
Jornal de Angola – A Assembleia Nacional, à
semelhança de outras instituições, representa o pilar da democracia. Sente que
o papel para o qual foi criado ou existe está a ser bem cumprido?
Isaías Samakuva – Já manifestei a minha
posição sobre o desempenho da Assembleia Nacional e devo dizer que não tem
cumprido o seu verdadeiro papel. Acho que tem estado, de certo modo, a seguir a
marcha do Executivo e não se tem projectado como um contra-poder. Por isso
tenho estado a dizer que não existe ainda separação de poderes no país. Quero
acreditar que à medida que o tempo passa os deputados assumam essa
responsabilidade e revejam a maneira como funcionam. O Executivo terá sempre a
tentação de rebocar a Assembleia Nacional. Dependerá dela própria manter a sua autonomia
e saber que tem de haver uma interdependência . A Assembleia Nacional tem de
saber que é um outro poder e que deve exercer esse poder como tal. Na minha
opinião, isso não tem acontecido. A Assembleia Nacional devia manter a sua
autoridade, enquanto um poder diferente do Poder Executivo.
Jornal de Angola – Com toda a franqueza,
como vê o desempenho do Executivo?
Isaías Samakuva – Penso que o desempenho
do Executivo explica a situação que vivemos. Se estiver satisfeito com a
situação que estamos a viver poderá dizer que o desempenho do Executivo é bom,
mas se o desempenho traduz aquilo que vemos na prática, aí já é outra questão.
Estive a ver uma peça de televisão que retratava a degradação da estrada entre
o Nzeto e o Soyo, uma situação vivida todos os dias há dez anos. Sempre que
chove aquela estrada está assim, e trata-se do Soyo, que produz petróleo. O que
diremos do desempenho do Executivo? Onde está? Existe? Já não falo do
desempenho. Eu pergunto se existe? Vejamos o que se passa com o lixo e com a
questão da água. Tenho denúncias de pessoal médico do Hospital Maria Pia que me
dizem que a unidade de saúde não tem Raio X porque está avariado. A ser
verdade, pergunto: o que falta, vontade política ou não existem condições de
trabalho? O que falta aos meus compatriotas, muitos deles meus conhecidos e até
com quem tenho boas relações. Como é que permitem situações dessa natureza?
Jornal de Angola – Tem apregoado o diálogo.
O que diria para os jovens que tendem a usar fórmulas de protestos pouco
ortodoxas ou mesmo até subversivas para se fazerem ouvir sempre que sentem os
seus direitos ameaçados?
Isaías Samakuva – Acho que os homens
deviam desenvolver cada vez mais capacidades para o diálogo. O diálogo deixa as
pessoas conversarem, conhecerem-se e entenderem-se. Mesmo no dia-a-dia, quando
temos apetência para o diálogo, empenhamo-nos para ouvir o outro. Ganhamos
sempre alguma coisa e corrigimos mal entendidos. Os jovens não são maus. Só
precisam de ser entendidos para que depois passem a entender os outros. Não
existe outra fórmula senão o diálogo. Se por um lado este diálogo é abrangente
a todas as faixas etárias e sectores da sociedade, por outro lado sinto que as
gerações mais adultas precisam de entenderos fenómenos da actualidade, o
comportamento e as atitudes dos jovens. É preciso estreitar a distância que nos
separa dos jovens. Eles são sempre irrequietos, radicais e procuram fórmulas
mais rápidas para os seus objectivos. Por isso, precisamos antes de mais de
entender esta maneira comportamental dos jovens para compreendermos o que fazem
e a partir daí ouvi-los. Isto deve acontecer nas famílias, na comunidade e
entre governantes e governados. Creio que se isso acontecer, evitaremos muitos
problemas.
Jornal de Angola – Este novo ano traz um
legado de dificuldades de 2015, mas é apesar de tudo um ano de pré-campanha.
Que desafios espera enfrentar?
Isaías Samakuva – É um ano de pré-campanha
com certeza e a UNITA precisa de mobilizar os angolanos para que acreditem no
seu projecto. Ela precisa de dizer aos angolanos que percam o medo. Se tiverem
medo o país não vai avançar para a mudança.
Jornal de Angola – É de facto o que quer
dizer? Acha que estamos, nós os jovens angolanos, impregnados de medo?
Isaías Samakuva – Não todos, existem
alguns que não seguem por este caminho. Mas a maioria está impregnada de medo,
medo de dizer as verdades e até de escutá-las. É preciso alguma coragem na
ordem e no sistema democrático estabelecido, o grande problema é que muitas vezes
o sistema está estabelecido mas não se faz cumprir. É preciso que trabalhemos
para que a juventude deixe de ter medo e para que o cidadão acredite que
existem histórias contadas no passado quenão são verdadeiras. É preciso escutar
mas também é preciso dialogar.
Jornal de Angola – Economia, emprego,
classe média e ambiente. O que representam para si estas palavras para o
contexto em que o nosso país se encontra?
Isaías Samakuva – Falar de economia é
falar de desenvolvimento, tranquilidade, ambiente e falar também de política,
mas é fundamental que nos sintamos estáveis, e quando digo estáveis falo numa
banca que funcione de facto e onde não exista falta de “sistema”. Estabilidade
é também saber que quando alguém acaba os estudos pode trabalhar e pode ter uma
casa confortável para o seu nível. Para o nosso contexto, tudo isso precisa de
ser reavaliado e reajustado para que nos sintamos num país verdadeiramente em
paz e estável. Caso contrário, as palavras estarão despojadas do seu sentido
real.
Jornal de Angola – A UNITA é o único
partido da oposição que integra a Internacional Democrática do Centro. Que
vantagens busca o seu partido ao filiar-se nesta organização?
Isaías Samakuva – Depois da guerra
procurámos aliar-nos a outros partidos. Olhando para a nossa linha ideológica,
achámos que estávamos com credenciais para estar na Internacional Democrática
do Centro e na Internacional Socialista, mas nesta última já estava o MPLA com
uma candidatura. A nossa ideia de pertencer a essa família política não teve
sucesso. Aproximámo-nos da Internacional Democrática do Centro e fomos
admitidos há 13 anos e conseguimos conquistar uma das vice-presidências da
organização. No seio da organização damos a conhecer aos partidos de 92 países
que pertencem a esta família política o que a UNITA faz para a promoção de
valores e de princípios universalmente consagrados. Na última reunião, do
México, falámos sobre a proliferação do terrorismo, do fundamentalismo e de
questões climáticas. Devo dizer que a nossa presença tem sido positiva nessas
reuniões e estamos certos que, embora se diga o contrário, procuramos elevar o
nome do nosso país.
Fonte:
Jornal de Angola