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miércoles, 30 de marzo de 2016

Sentença deixa revoltados familiares dos 17 activistas condenados

Fonte :Unitaangola

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Advogados de defesa, familiares dos arguidos, amigos e activistas cívicos, revoltaram-se contra a sentança do Juiz Januário Domingos, do Tribunal Provincial de Luanda, da décima secção dos crimes comuns do Benfica, que condenou na passada segunda-feira, 28 de Março de 2016, os dezassete réus a prisão efectiva de 2 à oito anos, pelo crime de actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.


A equipa de defesa já recorreu da sentença ditada pelo juiz da causa.

No final do julgamento, a mãe do jovem Nito Alves, o mais novo entre os réus, que era uma pessoa inconsolável, considerou a decisão do Juiz Januário Domingos, injusta, por quanto mandou para cadeia, jovens inocentes que apenas lutavam pelos direitos fundamentais, dos cidadãos, enquanto os criminosos que dilapidam o erário público, gozam de liberdade incondicional.

"Meninos que discutiam os seus direitos hoje estão a ser condenados, e José Eduardo quem rouba todo mundo inteiro lhe guardaram, agora os jovens vão sofrer. Através de quê? Através de quê? E você que rouba, rouba, rouba, estão aí".

A activista Arlete Ganga, irmã do malogrado Hilbert Ganga, jovem militante da CASA-CE, morto a tiro, alegadamente por um militar da guarda presidencial, disse a margem da sessão que ditou a sentença dos 17 activistas angolanos, que os cidadãos condenados são inocentes, acrescentando que são pessoas lúcidas que apenas faziam uso dos direitos plasmados na constituição, com o objectivo de libertar os angolanos da escravidão moderna em que se encontram, que é liderada por José Eduardo dos Santos.

"O que matou o meu irmão Hilbert Ganga está aí solto e ninguém prendeu, Ganga em 2013, foi absolvido. Os 15 não são criminosos. São jovens lúcidos que lutam por essa escravidão moderna que o nosso governo escraviza. O José Van-Dunem andou aí a roubar o Orçamento Geral da Saúde, estão a morrer milhões de crianças e continua solto. Devem libertar os nossos irmãos, porque eles não são criminosos. Prendam José Eduardo dos Santos porque ele é que é o criminoso. E a nação angolana é uma nação covarde, eles estão presos porque nós nos calamos, temos medo de tudo e de todos".

Pedrox Teca é noivo de uma das rés, condenadas no processo, afirma que das acusações que pesam sobre os réus, nenhuma delas corresponde a verdade. Na sua opinião, o Juiz Januario Domingos, cumpriu apenas as orientações ditadas pelo presidente da República, José Eduardo dos Santos e do seu partido MPLA. O também activista cívico, avança que ao proceder essa condenação, o MPLA e José Eduardo dos Santos cometem um dos piores erros da vida do país.

"Assisti o julgamento desde o princípio e acho isso uma aberração. É tudo, menos justiça. O que se leu aí como factos provados nada foi provado. Nada. Esse tribunal acabou de cumprir orientações do senhor José Eduardo dos Santos e do MPLA. Isto é uma vergonha para o nosso sistema judiciário. É lamentável. Mas eu como activista cívico e namorado de uma das moças que foi hoje condenada, digo que é um dos piores erros que o regime de José Eduardo dos Santos e o MPLA, auxiliados por este sistema judiciário, está a cometer. É um dos piores erros".

Já no pensamento do activista cívico, Pí Andrade, que não ficou de parte, acompanhou o processo desde o início, expressou que o julgamento vem trazer ao de cima o cruel e insensível rosto do regime angolano e seu líder José Eduardo dos Santos, que submete o sistema judiciário, e que tem por objectivo intimidar a população a pôr fim às reivindicações.

"Eu falo da ditadura de Eduardo dos Santos que submete o sistema judiciário angolano, e foi mais do que espelhado, o quão, diria, contundente é o regime vigente em Angola, o quão ditador é Eduardo dos Santos, o quão essas pessoas que estão à volta do poder: político, judicial e não só, não têm amor ao próximo. Porque diante de todo esse sentimento, que espelha pranto, as pessoas ainda olham, e as pessoas ainda menos solidárias se encontram".