Isaías Samakuva apresenta os 10 ensinamentos de Jonas Savimbi
- Categoria Política
- 23 fevereiro 2015
Luanda - Os militantes
da UNITA estiveram este sabado eunidos em Luanda para reflectir sobre a
Vida e Obra do Dr. Jonas Savimbi, por ocasião do 13º aniversário da sua
morte em combate. Entretanto, o seu actual líder, Isaías Samakuva
proferiu um discurso que publicamos na integra.
Fonte: UNITA
DISCURSO
DO PRESIDENTE ISAÍAS SAMAKUVA POR OCASIÃO DO XIII ANIVERSÁRIO DA MORTE
EM COMBATE DO PRESIDENTE FUNDADOR DR. JONAS MALHEIRO SAVIMBI
Prezados compatriotas e companheiros de luta
Minhas senhoras e meus senhores
Amanhã vamos comemorar a passagem de
mais um ano sobre a data da morte do nosso Presidente Fundador, o
saudoso Dr. Jonas Malheiro Savimbi. O documentário que tivemos a ocasião
de ver aqui e o resumo da biografia que escutamos revelam a grandeza de
um homem que a História teimará conservar. E é sempre uma grande emoção
recordar e viver a história e o pensamento político deste ilustre filho
de Angola que é um dos principais artífices da história política
angolana dos últimos 50 anos!
Como revolucionário, Jonas Savimbi
destacou-se como “o guerrilheiro do século XX”, título que lhe foi
atribuído pelo Jornal “O Expresso”, quando venceu a guerra contra a
hegemonia, no final da década de 90 e fez triunfar em Angola os ideais
do pluralismo, da democracia multipartidária e da paz.
Savimbi introduziu em Angola, com
sucesso, o modelo de revolução nacionalista de liderança camponesa e
deixou ensinamentos valiosos no campo das ideias políticas. Tais
ensinamentos são tão profundos e estruturantes que constituem doutrina
tanto para a compreensão dos fenómenos políticos e sociais que se vivem
hoje como para a formulação de políticas para orientar a luta pela
conquista da estabilidade política e social em Angola.
Porque cresce todos os dias o número de
pessoas que pretende inteirar-se do pensamento político de Jonas
Savimbi, resolvi dedicar este espaço para abordar DEZ ensinamentos que
retivemos de Jonas Savimbi e que constituem os fundamentos da
estabilidade e do desenvolvimento de Angola.
1- A tolerância é factor de estabilidade-
“O patriotismo angolano é um sentimento
forte”, dizia o Dr. Savimbi. Quem é patriota angolano, mesmo que seja
filho de estrangeiros, sabe que Angola é um jardim multicultural, um
mosaico de vários grupos políticos, uma riqueza de valores e tradições,
uma unidade diversa. Por isso, o patriota angolano ama Angola, respeita a
diferença e é tolerante para com o seus irmãos. Não assalta os seus
irmãos de outros partidos; não abusa do poder público. Não é hipócrita,
porque não prega uma coisa e faz outra. Não instrumentaliza os sobas nem
utiliza os agentes da Polícia para a prática de actos de puro
banditismo e de subversão da ordem político-constitucional, como aqueles
que foram praticados no Luremo e em Cafunfo no passado fim de semana.
Quem pratica a intolerância e quem a ordena é a mesma pessoa que,
devendo, não a condena. É intolerante porque não conhece a alma de
Angola, não ama Angola, não tem sensibilidade para com os filhos de
Angola. Dizia o Dr. Savimbi ainda em 1983, cito: “A nossa maior
diferença em relação ao MPLA, é a maneira de conceber Angola....nós
pensamos que Angola é multifacetada. O MPLA pretende que Angola se
organize em termos monolíticos. Não é o querer do MPLA, não é o meu
querer da UNITA que definem a situação, porque Angola é
muitifacetada....” “Devemos trabalhar a mente das pessoas, para que amem
Angola, para estudarem Angola, para descobrirem os valores de
Angola...Essa é uma ideologia forte. É preciso estudar Angola,
compreender a sua força, conhecer a sua alma, acarinhar a sua cultura,
viver com ela todos os dias”.
2- O Presidente do MPLA definiu O POVO como seu adversário
Quem ordena ou não condena esses actos
cobardes de intolerância política não estudou Angola, não conhece
Angola. E revela, por isso, que comete um erro crasso, porque definiu
como adversário a maioria do povo. Já dizia o Presidente Fundador: “Para
o MPLA, os seus adversários nunca foram os sul-africanos, os seus
adversários nunca foram os do imperialismo. Para o MPLA efectivamente e
de uma maneira errônea, os seus adversários sãos os seus próprios
compatriotas, filiados ou aliados à UNITA. Assim, com amargura, o povo
angolano tem de saber que o MPLA definiu muito mal os seus objectivos e
também muito mal a sua política. Nenhum governo que fala em nome dos
seus próprios concidadãos pode definir como adversário uma secção muito
importante da sua própria população. A UNITA é parte integrante de
Angola... aqueles que procuram por todos os meios denegrir a UNITA,
devem saber que terão de ficar com a UNITA, terão de viver com a UNITA,
porque a UNITA nasceu em Angola, não pode ir para fora de Angola. Angola
é a nossa terra! Somos um povo, temos uma história, e aqui teremos o
nosso destino de paz, felicidade e estabilidade!
3- A transparência na gestão e a sustentabilidade das finanças públicas são factores de estabilidade.
Não pode haver estabilidade quando todos
os dias surgem notícias de roubos de fundos públicos perpetrados pelas
autoridades públicas. Não pode haver estabilidade quando se estrutura a
economia nacional com base num só produto, em interesses predadores e a
partir de objectivos iníquos e anti-patrióticos. Não pode haver
estabilidade quando a gestão das finanças públicas perseguem interesses
privados, não é transparente e nem sequer pode ser fiscalizada pela
soberano atravês dos seus representantes eleitos.
4- A solidariedade é fundamento da estabilidade.
Os níveis gritantes das desigualdades
sociais causadas pela corrupção da alta hierarquia, a insensibilidade do
governo para com o sofrimento do povo e as constantes violações dos
direitos humanos dos pobres pelos riscos investidos do poder público, já
destruiram os fundamentos da legitimidade política do actual governo. O
país transformou-se num autêntico barril de pólvora.
5- A reconciliação nacional é outro fundamento da estabilidade.
Hoje, a UNITA continua a ser o grande
factor da estabilidade em Angola. Só ela persegue a genuina
reconciliação nacional. Tolera humilhações, porque ama Angola e concebe
Angola de maneira diferente do MPLA.
Já dizia o Dr. Savimbi:
“Nós temos o privilégio de ter
percorrido o país. Não só há problema de abordagem dos problemas, mas
também há diferenças na maneira de pensar. Pensa-se na mesma Angola de
uma maneira diferente. Esta é uma das nossas diferenças em relação ao
MPLA. O MPLA pensa que Angola é Luanda. Mesmo quando falamos com o Dr.
Agostinho Neto, que era um homem inteligente, temos que aceitar,
disocordávamos dele, porque estava errado. Conversamos com ele uma vez –
estava presente o camarada Da Costa, o Secretário – Geral e o Mulato –
em casa dele. Ele disse-nos que o Governo português devia entregar o
poder ao MPLA, para o MPLA descolonizar o resto de Angola.
Eu disse: “Não! Você diz que os indivíduos de Luanda vão descolonizar todo o país? “Mais ou menos isso” – respondeu ele
“Assim não! O combate descolonizou-nos” – retorqui.
Hoje, é a população de Luanda que apoia a
UNITA. Porém, existem certos segmentos que também reflectem no seu
comportamento uma atitude regionalista e um complexo de superioridade
que radica nos falsos valores da aculturação promovida pelo sistema
colonial. Sentem-se herdeiros da cultura colonial, portanto, agentes da
descolonização. Estes não aceitam a reconciliação, porque ela tem uma
dinâmica própria. E, como nosso objectivo estratégico, ela vai ser
atingida”.
E para ser atingida, alguns terão de
descolonizar primeiro as suas mentes, aceitar os outros como iguais.
Aceitar com naturalidade que os angolanos da UNITA também têm o direito
de governar Angola, por mandato do povo, que Luanda não é Angola e que o
combate libertou- nos. Compramos com o sangue do nosso povo o direito
de decidir sobre as nossas próprias vidas, os nossos próprios recursos, o
nosso futuro! A grande maioria do povo quer a genuina reconciliação
nacional, porque a reconciliação gera confiança, cimenta a tolerância e
alimenta a estabilidade.
6- A estabilidade exige diálogo.
7- Diálogo com todos.
Ensinava o Dr. Savimbi em 1985 que,
“para acabar com a guerra, basta que o MPLA e a UNITA discutam, mas para
estabilizar o país é preciso o contributo de todas as outras forças que
têm uma opinião formada sobre o futuro de Angola”.
8- A estabilidade requer a reestruturação da economia.
Eis o pensamento do dr. Savimbi sobre a política económica para Angola:
“O mundo pensa que a economia de Angola é
o petróleo. O petróleo é um suporte valioso, mas não é tudo. A economia
real, a economia para o povo, é a agricultura”.
“A economia de Angola tem de ter como
fundamento a agricultura. Para que a agricultura vingue em Angola o
agricultor tem de regressar à terra. O Estado, o governo, tem de dar o
suporte técnico: tratores, estudos dos solos, adubos, bois, charruas e
formação de agentes técnicos que se vão espalhar pelo país, lá onde se
cultiva o café, o milho, o algodão, o arroz, a batata,etc, para não
fazermos outra vez uma agricultura de subsistência e arcaica. Vamos
fazer uma agricultura tecnicamente desenvolvida, para que o agricultor
possa tirar do solo aquilo de que necessita para comer, mas também para
vender e prosperar”.
“O desenvolvimento da agricultura inclui
criar mercados, criar circuitos de escoamento de produtos, do mercado
aos portos; reabilitar as estradas terciárias e secundárias, criar
escolas, clínicas, complexos habitacionais, criar vida no campo para que
as pessoas não fujam para as cidades”.
9- A tolerância zero para com a corrupção é um fundamento estruturante da estabilidade.
O pensamento político do Dr. Savimbi
sobre a corrupção que registamos foi proferido em 1990, quinze anos
depois de proclamada a independência:
“Precisamos de atacar a corrupção de
frente....é impossível que a RPA tenha neste momento uma dívida de seis
bilhões de dólares só em relação à União Soviética! Há outras coisas
incluídas aí. Também quando aparecem escândalos desses, de diamantes, em
que são eles que fizeram inquérito e se auto-denunciaram, isto já não é
corrupção. É roubo”!
E quão actuais são estas palavras! De
facto, o relato de roubos escandolos dos cofres de Angola surgem quase
todos os dias: roubos no BESA, roubos no BPC, roubos no Ministério das
Finanças, roubos no BNA, roubos nas contas do Estado no estrangeiro.
E quem pratica estes roubos?
Companheiros:
A este respeito, permitam-me citar novamente o Dr Savimbi:
“Enquanto houver um partido que controla
o poder há 15 anos, , controla a economia há 15 anos, governa mal há 15
anos, rouba há 15 anos e envia o dinheiro para os bancos, não há
ninguém que pode falar”. “A dita Assembleia Popular não são mais senão
outros membros do MPLA que não podem instaurar no seio da Assembleia um
debate contraditório”.
Hoje, o mesmo partido já controla o
mesmo poder há 40 anos! Portanto, nas palavras do Dr. Savimbi, governa
mal há 40 anos e rouba há 40 anos. O Parlamento, que devia ser o poder
que controla o poder executivo, não o faz. Não podem. Pelo contrário, a
sua maioria procura defender a corrupção do executivo e comer com ele o
produto dos roubos.
A corrupção é um perigo permanente para
a estabilidade. Os que resistem hoje à democracia, são aqueles que
estão a roubar. Porque amanhã, num país democrático, aberto e são, não
se pode roubar porque alguém vai pedir contas
Prezados compatriotas:
Por meio da sua fé na causa da soberania
e da dignidade do angolano na sua própria terra, Jonas Savimbi, o nosso
querido Presidente Fundador, embora morto, ainda fala. Basta ver hoje
os jornais dos seus próprios detratores. Todas as tentativas de
denegri-lo só demonstram a força, a importância e o simbolismo que Jonas
Savimbi representa para o povo angolano.
Ele pede-nos para não aceitar a proposta de lei do registo eleitoral elaborada
Pela mesma entidade que há cerca de 30
meses foi acusado de crimes eleitorais com base em 123 provas
documentais apresentadas aos órgãos judiciais. Porquê?
Porque pretendem continuar a desviar o nosso dinheiro para fins ilícitos enquanto mantém a maioria do povo angolano na miséria.
10- A transparência e a verdade eleitoral são factores de estabilidade.
As eleições de 2017 começaram agora, com
a proposta de lei do registo eleitoral apresentada pelo Titular do
poder executivo. Trata-se de uma afronta à Constituição que mina
irremediavelmente a paz e a estabilidade.
Não podemos deixar passar tamanho abuso
do poder público. Se não respeitarem a soberania do povo consagrada na
Constituição, vamos manifestar a nossa soberania sob protecção do Artigo
47 da Constituição. Assim como fizeram os outros povos, porque a luta
pela transparência e pela verdade eleitoral deve ser feita agora.
A proposta de lei do registo eleitoral
apresentada pelo titular do poder executivo não é uma simples ‘lei
eleitoral’. Trata-se de uma tentativa subtil de, mais uma vez, tomar e
exercer o político por formas não previstas nem conformes com a
Constituição. Trata-se de mais uma manobra para trair a Pátria angolana
com vista a permitir o exercício do poder para além de 2017 e o controlo
da riqueza nacional pelo mesmo grupo de pessoas que rouba há 40 anos.
Outras nações já regeitaram manobra idêntica, com a força do povo. Temos
aqui, em Angola, a primeira oportunidade para darmos o sinal inequívoco
ao povo de que algo similar foi planeado para Angola.
Estejamos prontos! Quando chegar a hora, tocaremos o apito da alvorada!
O homem que mataram há treze anos
continua vivo e diz-nos que treze anos foram suficientes para provar aos
angolanos de que lado está a razão. Ele pede-nos para concretizar o seu
projecto e trazermos a paz verdadeira e a estabilidade para todos os
angolanos com o nosso grito de vitória:
Kwatcha!....Africa!
Kwatcha!....Angola!
Kwatcha!.....UNITA.
Unidos venceremos!