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miércoles, 25 de febrero de 2015

Isaías Samakuva apresenta os 10 ensinamentos de Jonas Savimbi

Luanda -  Os militantes da UNITA estiveram este sabado eunidos em Luanda para reflectir sobre a Vida e Obra do Dr. Jonas Savimbi, por ocasião do 13º aniversário da sua morte em combate. Entretanto, o seu actual   líder, Isaías Samakuva proferiu um discurso que publicamos na integra. 
Fonte: UNITA
DISCURSO DO PRESIDENTE ISAÍAS SAMAKUVA POR OCASIÃO DO XIII ANIVERSÁRIO DA MORTE EM COMBATE DO PRESIDENTE FUNDADOR DR. JONAS MALHEIRO SAVIMBI
 Prezados compatriotas e companheiros de luta
Minhas senhoras e meus senhores
Amanhã vamos comemorar a passagem de mais um ano sobre a data da morte do nosso Presidente Fundador, o saudoso Dr. Jonas Malheiro Savimbi. O documentário que tivemos a ocasião de ver aqui e o resumo da biografia que escutamos revelam a grandeza de um homem que a História teimará conservar. E é sempre uma grande emoção recordar e viver a história e o pensamento político deste ilustre filho de Angola que é um dos principais artífices da história política angolana dos últimos 50 anos!
Como revolucionário, Jonas Savimbi destacou-se como “o guerrilheiro do século XX”, título que lhe foi atribuído pelo Jornal “O Expresso”, quando venceu a guerra contra a hegemonia, no final da década de 90 e fez triunfar em Angola os ideais do pluralismo, da democracia multipartidária e da paz.
Savimbi introduziu em Angola, com sucesso, o modelo de revolução nacionalista de liderança camponesa e deixou ensinamentos valiosos no campo das ideias políticas. Tais ensinamentos são tão profundos e estruturantes que constituem doutrina tanto para a compreensão dos fenómenos políticos e sociais que se vivem hoje como para a formulação de políticas para orientar a luta pela conquista da estabilidade política e social em Angola.
Porque cresce todos os dias o número de pessoas que pretende inteirar-se do pensamento político de Jonas Savimbi, resolvi dedicar este espaço para abordar DEZ ensinamentos que retivemos de Jonas Savimbi e que constituem os fundamentos da estabilidade e do desenvolvimento de Angola.
1- A tolerância é factor de estabilidade-
“O patriotismo angolano é um sentimento forte”, dizia o Dr. Savimbi. Quem é patriota angolano, mesmo que seja filho de estrangeiros, sabe que Angola é um jardim multicultural, um mosaico de vários grupos políticos, uma riqueza de valores e tradições, uma unidade diversa. Por isso, o patriota angolano ama Angola, respeita a diferença e é tolerante para com o seus irmãos. Não assalta os seus irmãos de outros partidos; não abusa do poder público. Não é hipócrita, porque não prega uma coisa e faz outra. Não instrumentaliza os sobas nem utiliza os agentes da Polícia para a prática de actos de puro banditismo e de subversão da ordem político-constitucional, como aqueles que foram praticados no Luremo e em Cafunfo no passado fim de semana. Quem pratica a intolerância e quem a ordena é a mesma pessoa que, devendo, não a condena. É intolerante porque não conhece a alma de Angola, não ama Angola, não tem sensibilidade para com os filhos de Angola. Dizia o Dr. Savimbi ainda em 1983, cito: “A nossa maior diferença em relação ao MPLA, é a maneira de conceber Angola....nós pensamos que Angola é multifacetada. O MPLA pretende que Angola se organize em termos monolíticos. Não é o querer do MPLA, não é o meu querer da UNITA que definem a situação, porque Angola é muitifacetada....” “Devemos trabalhar a mente das pessoas, para que amem Angola, para estudarem Angola, para descobrirem os valores de Angola...Essa é uma ideologia forte. É preciso estudar Angola, compreender a sua força, conhecer a sua alma, acarinhar a sua cultura, viver com ela todos os dias”.
2- O Presidente do MPLA definiu O POVO como seu adversário
Quem ordena ou não condena esses actos cobardes de intolerância política não estudou Angola, não conhece Angola. E revela, por isso, que comete um erro crasso, porque definiu como adversário a maioria do povo. Já dizia o Presidente Fundador: “Para o MPLA, os seus adversários nunca foram os sul-africanos, os seus adversários nunca foram os do imperialismo. Para o MPLA efectivamente e de uma maneira errônea, os seus adversários sãos os seus próprios compatriotas, filiados ou aliados à UNITA. Assim, com amargura, o povo angolano tem de saber que o MPLA definiu muito mal os seus objectivos e também muito mal a sua política. Nenhum governo que fala em nome dos seus próprios concidadãos pode definir como adversário uma secção muito importante da sua própria população. A UNITA é parte integrante de Angola... aqueles que procuram por todos os meios denegrir a UNITA, devem saber que terão de ficar com a UNITA, terão de viver com a UNITA, porque a UNITA nasceu em Angola, não pode ir para fora de Angola. Angola é a nossa terra! Somos um povo, temos uma história, e aqui teremos o nosso destino de paz, felicidade e estabilidade!
3- A transparência na gestão e a sustentabilidade das finanças públicas são factores de estabilidade.
Não pode haver estabilidade quando todos os dias surgem notícias de roubos de fundos públicos perpetrados pelas autoridades públicas. Não pode haver estabilidade quando se estrutura a economia nacional com base num só produto, em interesses predadores e a partir de objectivos iníquos e anti-patrióticos. Não pode haver estabilidade quando a gestão das finanças públicas perseguem interesses privados, não é transparente e nem sequer pode ser fiscalizada pela soberano atravês dos seus representantes eleitos.
4- A solidariedade é fundamento da estabilidade.
Os níveis gritantes das desigualdades sociais causadas pela corrupção da alta hierarquia, a insensibilidade do governo para com o sofrimento do povo e as constantes violações dos direitos humanos dos pobres pelos riscos investidos do poder público, já destruiram os fundamentos da legitimidade política do actual governo. O país transformou-se num autêntico barril de pólvora.
5- A reconciliação nacional é outro fundamento da estabilidade.
Hoje, a UNITA continua a ser o grande factor da estabilidade em Angola. Só ela persegue a genuina reconciliação nacional. Tolera humilhações, porque ama Angola e concebe Angola de maneira diferente do MPLA.
Já dizia o Dr. Savimbi:
“Nós temos o privilégio de ter percorrido o país. Não só há problema de abordagem dos problemas, mas também há diferenças na maneira de pensar. Pensa-se na mesma Angola de uma maneira diferente. Esta é uma das nossas diferenças em relação ao MPLA. O MPLA pensa que Angola é Luanda. Mesmo quando falamos com o Dr. Agostinho Neto, que era um homem inteligente, temos que aceitar, disocordávamos dele, porque estava errado. Conversamos com ele uma vez – estava presente o camarada Da Costa, o Secretário – Geral e o Mulato – em casa dele. Ele disse-nos que o Governo português devia entregar o poder ao MPLA, para o MPLA descolonizar o resto de Angola.
Eu disse: “Não! Você diz que os indivíduos de Luanda vão descolonizar todo o país? “Mais ou menos isso” – respondeu ele
“Assim não! O combate descolonizou-nos” – retorqui.
Hoje, é a população de Luanda que apoia a UNITA. Porém, existem certos segmentos que também reflectem no seu comportamento uma atitude regionalista e um complexo de superioridade que radica nos falsos valores da aculturação promovida pelo sistema colonial. Sentem-se herdeiros da cultura colonial, portanto, agentes da descolonização. Estes não aceitam a reconciliação, porque ela tem uma dinâmica própria. E, como nosso objectivo estratégico, ela vai ser atingida”.
E para ser atingida, alguns terão de descolonizar primeiro as suas mentes, aceitar os outros como iguais. Aceitar com naturalidade que os angolanos da UNITA também têm o direito de governar Angola, por mandato do povo, que Luanda não é Angola e que o combate libertou- nos. Compramos com o sangue do nosso povo o direito de decidir sobre as nossas próprias vidas, os nossos próprios recursos, o nosso futuro! A grande maioria do povo quer a genuina reconciliação nacional, porque a reconciliação gera confiança, cimenta a tolerância e alimenta a estabilidade.
6- A estabilidade exige diálogo.
7- Diálogo com todos.
Ensinava o Dr. Savimbi em 1985 que, “para acabar com a guerra, basta que o MPLA e a UNITA discutam, mas para estabilizar o país é preciso o contributo de todas as outras forças que têm uma opinião formada sobre o futuro de Angola”.
8- A estabilidade requer a reestruturação da economia.
Eis o pensamento do dr. Savimbi sobre a política económica para Angola:
“O mundo pensa que a economia de Angola é o petróleo. O petróleo é um suporte valioso, mas não é tudo. A economia real, a economia para o povo, é a agricultura”.
“A economia de Angola tem de ter como fundamento a agricultura. Para que a agricultura vingue em Angola o agricultor tem de regressar à terra. O Estado, o governo, tem de dar o suporte técnico: tratores, estudos dos solos, adubos, bois, charruas e formação de agentes técnicos que se vão espalhar pelo país, lá onde se cultiva o café, o milho, o algodão, o arroz, a batata,etc, para não fazermos outra vez uma agricultura de subsistência e arcaica. Vamos fazer uma agricultura tecnicamente desenvolvida, para que o agricultor possa tirar do solo aquilo de que necessita para comer, mas também para vender e prosperar”.
“O desenvolvimento da agricultura inclui criar mercados, criar circuitos de escoamento de produtos, do mercado aos portos; reabilitar as estradas terciárias e secundárias, criar escolas, clínicas, complexos habitacionais, criar vida no campo para que as pessoas não fujam para as cidades”.
9- A tolerância zero para com a corrupção é um fundamento estruturante da estabilidade.
O pensamento político do Dr. Savimbi sobre a corrupção que registamos foi proferido em 1990, quinze anos depois de proclamada a independência:
“Precisamos de atacar a corrupção de frente....é impossível que a RPA tenha neste momento uma dívida de seis bilhões de dólares só em relação à União Soviética! Há outras coisas incluídas aí. Também quando aparecem escândalos desses, de diamantes, em que são eles que fizeram inquérito e se auto-denunciaram, isto já não é corrupção. É roubo”!
E quão actuais são estas palavras! De facto, o relato de roubos escandolos dos cofres de Angola surgem quase todos os dias: roubos no BESA, roubos no BPC, roubos no Ministério das Finanças, roubos no BNA, roubos nas contas do Estado no estrangeiro.
E quem pratica estes roubos?
Companheiros:
A este respeito, permitam-me citar novamente o Dr Savimbi:
“Enquanto houver um partido que controla o poder há 15 anos, , controla a economia há 15 anos, governa mal há 15 anos, rouba há 15 anos e envia o dinheiro para os bancos, não há ninguém que pode falar”. “A dita Assembleia Popular não são mais senão outros membros do MPLA que não podem instaurar no seio da Assembleia um debate contraditório”.
Hoje, o mesmo partido já controla o mesmo poder há 40 anos! Portanto, nas palavras do Dr. Savimbi, governa mal há 40 anos e rouba há 40 anos. O Parlamento, que devia ser o poder que controla o poder executivo, não o faz. Não podem. Pelo contrário, a sua maioria procura defender a corrupção do executivo e comer com ele o produto dos roubos. 
A corrupção é um perigo permanente para a estabilidade. Os que resistem hoje à democracia, são aqueles que estão a roubar. Porque amanhã, num país democrático, aberto e são, não se pode roubar porque alguém vai pedir contas
Prezados compatriotas:
Por meio da sua fé na causa da soberania e da dignidade do angolano na sua própria terra, Jonas Savimbi, o nosso querido Presidente Fundador, embora morto, ainda fala. Basta ver hoje os jornais dos seus próprios detratores. Todas as tentativas de denegri-lo só demonstram a força, a importância e o simbolismo que Jonas Savimbi representa para o povo angolano.
Ele pede-nos para não aceitar a proposta de lei do registo eleitoral elaborada
Pela mesma entidade que há cerca de 30 meses foi acusado de crimes eleitorais com base em 123 provas documentais apresentadas aos órgãos judiciais. Porquê?
Porque pretendem continuar a desviar o nosso dinheiro para fins ilícitos enquanto mantém a maioria do povo angolano na miséria.
10- A transparência e a verdade eleitoral são factores de estabilidade.
As eleições de 2017 começaram agora, com a proposta de lei do registo eleitoral apresentada pelo Titular do poder executivo. Trata-se de uma afronta à Constituição que mina irremediavelmente a paz e a estabilidade.
Não podemos deixar passar tamanho abuso do poder público. Se não respeitarem a soberania do povo consagrada na Constituição, vamos manifestar a nossa soberania sob protecção do Artigo 47 da Constituição. Assim como fizeram os outros povos, porque a luta pela transparência e pela verdade eleitoral deve ser feita agora.
A proposta de lei do registo eleitoral apresentada pelo titular do poder executivo não é uma simples ‘lei eleitoral’. Trata-se de uma tentativa subtil de, mais uma vez, tomar e exercer o político por formas não previstas nem conformes com a Constituição. Trata-se de mais uma manobra para trair a Pátria angolana com vista a permitir o exercício do poder para além de 2017 e o controlo da riqueza nacional pelo mesmo grupo de pessoas que rouba há 40 anos. Outras nações já regeitaram manobra idêntica, com a força do povo. Temos aqui, em Angola, a primeira oportunidade para darmos o sinal inequívoco ao povo de que algo similar foi planeado para Angola.
Estejamos prontos! Quando chegar a hora, tocaremos o apito da alvorada!
O homem que mataram há treze anos continua vivo e diz-nos que treze anos foram suficientes para provar aos angolanos de que lado está a razão. Ele pede-nos para concretizar o seu projecto e trazermos a paz verdadeira e a estabilidade para todos os angolanos com o nosso grito de vitória:
Kwatcha!....Africa!
Kwatcha!....Angola!
Kwatcha!.....UNITA.

Unidos venceremos!