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domingo, 12 de marzo de 2017

Angola, na hora do Reencontro

Dentro de poucos meses será a vez do país realizar as suas quartas eleições gerais. Os angolanos serão chamados pois a escrever com letras que se querem brilhantes, mais uma das páginas da sua história, exprimindo aquilo que desejam venha a ser o seu futuro, através da colocação do seu boletim de voto nas urnas, com a sua escolha bem definida e uma determinação de ação  para seguir o rasto e defender a utilidade do seu voto.

A medida que nos vamos aproximando da data, cresce a ansiedade, cresce a curiosidade, cresce enfim essa esperança de confirmar que o Povo Angolano amadureceu o bastante para, por uma vez, viver enfim um acontecimento que se espera servirá, para dar o pontapé de saída à esta nova fase, que será aquela que também irá fechar o velho circulo de eleições fictícias, para passar a eleições reais onde, de forma inequívoca, seja respeitada e posta em prática a vontade do dono da soberania: -o Povo Angolano. 
O Mundo inteiro nos observa. Agosto de 2017 será pois um grande desafio para os angolanos de todos os quadrantes.

Vencer esta aposta passa por um esforço incalculável por parte de cada um de nós, na lucidez da escolha mas também, e sobretudo no controlo e na defesa desse voto. Passa de igual modo pelo não menos importante esforço, por parte daqueles patriotas que, estando no seio do grupo dos sem escrúpulos de sempre, saibam introduzir luz na cabeça desses seus correligionários agarrados ao passado fraudulento para compreenderem, que se todos queremos (eles incluídos), um país pacífico e que se respeite de verdade, se queremos uma Angola que deixe de pertencer ao grupo dos mais atrasados onde se situa actualmente, para entrar na senda que lhe levará a ser um pais de primeira linha como bem o merece, temos todos, mas todos e de maneira civilizada, nas urnas e em volta delas, tranquilizar-nos e jogar limpo.


É preciso que todos e cada um se liberte do peso de consciência do passado, para que todos estejam descansados. Os que até aqui tiveram que recorrer “à batota”, que libertem só o voto da população e preparem-se, não só para a vitória, mas também para a derrota; não para viverem na miséria ou como alvos de perseguição das vitimas de ontem ou de quem quer que seja, mas para viverem na tranquilidade, emanada da sabedoria e equilíbrio de um novo governo nascido da madurez do angolano, que terá os olhos postos no futuro e não no passado. Agindo assim, terão todos oportunidade de viver na reflexão, libertar-se da estagnação em que ficaram e desenvolver-se, estudando melhores formas de governar de novo um dia, sem receio (por que não?). Ganhar mais experiência, para que no fim de novos cinco anos, eles possam, também de forma claramente democrática, derrotar nas urnas, os que desta vez se propuseram a levar as rédeas do país. É a lei da alternância democrática.

O facto de o MPLA ter que ir descansar, não significará estar fora do xadrez. Antes pelo contrário. Isso significará estar ainda mais presente no terreno da disputa do lugar de quem dos competidores de então poderá oferecer e implementar “na prática”, o melhor programa para o nosso povo. MPLA na oposição, significaria pois mais horas de trabalho tanto para os seus adeptos e dirigentes, como para os novos inquilinos que também terão que procurar fazer melhor o seu trabalho, sob pena de saltarem no pleito eleitoral seguinte. E tudo isso seria s? em benefício daqueles que para todos os efeitos devem ser, o ponto de partida, mas também o ponto de chegada de quem governe: -o Povo Angolano.

Conduzir o processo eleitoral sem manobras opacas e jogar limpo, seria um gesto tão patriótico que só por si, merecerá o reconhecimento dos milhões de angolanos que durante décadas desejaram provar outra coisa, desejo esse que lhes foi sempre negado por aqueles que entretanto, não souberam oferecer-lhes outra coisa melhor do que umas estradas descartáveis; uns hospitais mal cheirosos e sem aspirina, umas maternidades onde as nossas valentes parturientes precisam levar até luvas e sabão de casa; umas escolas sem professores de qualidade e uns futuros quadros medíocres; um campo abandonado com a consequente fome e a mendicidade como companheiras de muitos cidadãos, por falta do pão que essa terra devia ter produzido enfim, um país que não é de forma nenhuma aquele que mereciam as nossas gentes tão trabalhadoras.

Vamos pois, compatriotas. A aposta que se apresenta para Agosto de 2017, esse grande desafío de mudança para cujo triunfo, aberta ou discretamente clamam os angolanos de todos os quadrantes, não é um problema exclusivo de uma formação partidária, nem é tarefa exclusiva de um determinado grupo social, étnico, religioso ou o que quer que seja. Este é um Desafio Nacional no qual, todos estão chamados a ser actores. Há pois a necessidade de que por uma vez, encontremos unidade, aquela unidade que só nos identificava como ANGOLANOS. Vamos todos juntos participar na aposta, com fé na chegada de melhores dias, que nos permitam dar um rumo seguro a este nosso lindo país actualmente sem norte.

Em Agosto próximo lancemos todos, bases sólidas que mudem o panorama actual; que devolvam o sorriso nos lares hoje amordaçados pela penúria; que possibilitem os cidadãos terem a possibilidade de encontrarem sítio onde tratar e recuperar a saúde do seu ente querido sem ter que ir pedir favor a hospitais fora do país; que devolvam confiança nos investidores nacionais e estrangeiros hoje assustados e retraídos pela impossibilidade de recuperarem os rendimentos, fruto do seu próprio capital e trabalho; que devolvam o respeito que merecem os nossos profissionais para que se dignifiquem e respeitem todos os ramos da actividade do nosso país.

Vamos! Porque apostando seriamente e participando, teremos futuro risonho para nós e para as gerações que nos seguem.

Luanda, 09 de Março de 2017

Virgilio Samakuva