Samakuva
acusa MPLA de fugir aos compromissos com a paz
O líder da
UNITA acusou sábado passado, 11 de Março de 2017, o MPLA de abandonar o
compromisso que assumiu por altura dos acordos de paz, de não respeitar os
direitos dos cidadãos e de governar o país como se fosse sua propriedade
privada.
Recuando no tempo, o mais alto dirigente da UNITA recordou os acordos
assinados pela sua organização e o MPLA, em 1991, ao abrigo do qual os dois
antigos contendores aceitaram desfazer os seus exércitos e constituíram o
exército único as Forças Armadas Angolanas – FAA e a nova Polícia Nacional, e
decidiram ainda juntar os recursos que os dois controlavam, virar a página do
passado, unir o país e corrigir o que estava errado, naquilo que seria o
processo de reconciliação nacional.
”Infelizmente, quando o MPLA viu que a UNITA já não tinha exército, resolveu
não cumprir o que havia combinado. O MPLA não aceitou integrar grande parte
dos soldados da UNITA, o MPLA não aceitou integrar todos os enfermeiros, os
médicos, os professores e outros que exerciam funções, que de acordo com os
acordos assinados, deveriam estar integrados nas áreas de sua especialidade”,
precisou Samakuva, acusando o partido no poder de perseguir e prender aqueles
[técnicos]que já tinham sido aceites.
De acordo com o Presidente da UNITA, o governo do MPLA não respeita os
direitos políticos dos cidadãos, não respeita o primado da Constituição e da
Lei. Governa o país como se fosse sua propriedade privada. Os jovens só tem
emprego se forem do MPLA. Os camponeses só recebem adubo se forem do MPLA, a
justiça só funciona para o MPLA. O serviço público da rádio e televisão está
ao serviço do MPLA.
Isaías Samakuva acredita que apesar da propaganda enganosa, os angolanos
despertaram do sono e querem dar a Angola um novo rumo e querem dar aos
angolanos uma nova vida.
“O novo rumo significa um novo governo, o governo da UNITA”, sentenciou o
líder da UNITA, que dedicou alguns minutos da sua intervenção política aos
esclarecimentos de dúvidas e receios sobre o seu partido.
Servindo-se da ocasião do 51º aniversário da fundação do seu Partido, o
Presidente Isaías Samakuva reiterar o seu compromisso irreversível e
incondicional com a paz e com a implantação de uma autêntica democracia em
Angola.
“É com orgulho que afirmo, a partir desta tribuna, que a UNITA, desde o fim
da guerra armada, jamais deixou de honrar esse sagrado compromisso com a
nação angolana. A UNITA correspondeu às expectativas dos angolanos e deu
provas inequívocas, ao longo desses quinze anos, da sua capacidade de virar a
página do passado, para viver entre irmãos e de agir decididamente como uma
força política comprometida com a construção da paz”, afirmou, recordando que
para manter a paz durante esse período de quinze anos, a UNITA foi ultrajada,
foi defraudada, vilipendiada e excluída.
Isaías Samakuva afirmou ainda que para a manutenção do clima de paz a UNITA
teve de exibir a humildade, tolerar a arbitrariedade, o autoritarismo, a
miséria e a expropriação do seu patrimônio legítimo.
“Fomos excluídos da economia e das grandes decisões do país; fomos excluídos
da comunicação social e da disputa real do poder político; fomos excluídos da
construção do futuro da nossa própria terra”, disse.
“Para preservar a paz, exibimos a humildade e toleramos a arbitrariedade e o
autoritarismo; toleramos fraude à Constituição, à história de Angola, ao
erário público, e fraude à soberania nacional, toleramos a expropriação do
nosso patrimônio legitimo, toleramos a miséria e ficamos expostos à pobreza”,
prosseguiu Isaías Samakuva falando para uma audiência de milhares de cidadãos
angolanos, maioritariamente jovens que o ouviam.
Entretanto, em relação aos benefícios da paz, o líder da UNITA fez questão de
sublinhar e recordar que aqueles que combateram e ajudaram a trazer a paz e a
democracia, foram desprezados e ninguém olha por eles, uma referência aos
ex-militares e desmobilizados.
De acordo com Isaías Samakuva graças a tolerância do seu Partido, Angola
chegou a ter alguns desenvolvimentos que foram aproveitados para o
enriquecimento de uns poucos. |
|