Sem subsídio para deslocação, trabalhadores são obrigados a transportar documentos, armas de fogo e outras matérias de crime em condições de risco, denuncia sindicato.
A falta de transporte para os funcionários da Procuradoria-Geral da República (PGR) obriga os técnicos de justiça a transportarem a maior parte dos materiais de crime nos candongueiros, mesmo quando estes estão ainda em fase de investigação.
A revelação foi feita ontem pelo secretário-geral do Sindicato Nacional dos Técnicos de Justiça e Administrativos do Ministério Público, Elias Pinto, que ameaça convocar uma greve geral para o dia 27 de Abril, caso a PGR e o governo não solucionem os problemas dos trabalhadores num prazo de dez dias de moratória solicita pela própria entidade patronal.
Elias Pinto disse ao Rede Angola que o Ministério Público (MP) não paga subsídio de transportes aos seus funcionários e que os quatro autocarros que apoiavam o pessoal deixaram de funcionar em 2005, desconhecendo-se, desde então, o que aconteceu aos veículos.
Documentos, arma de fogo e outras matérias de crime, muitos dos quais em fase de investigação, são transportados em candongueiros, sem qualquer protecção.
“Em fase de diligência, os oficiais levam os objectos do crime, como armas, nos táxis. Isto é uma aberração. Somos pessoas, temos famílias e também merecemos protecção. Os chefes andam bem, têm carros e guardas. E nós?”, questiona o sindicalista, acrescentando que se eventualmente “um funcionário fizer desaparecer um processo, ficará em contas com a justiça, e é isso que não queremos”.
Para além deste problema, os cidadãos que prestam serviços na PGR estão a reivindicar melhores condições de trabalho, como o aumento salarial, promoção e reconversão de categorias e subsídios de risco, pontos que constam de um caderno reivindicativo remetido em 2014 à entidade patronal.
A greve anunciada pelos funcionários do Ministério Público, que deveria ter acontecido ontem, foi suspensa na quinta-feira passada, com o secretário-geral do sindicato a acusar o procurador-geral da República, João Maria de Sousa, de “desestabilizar” os funcionários.
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