.

.

miércoles, 28 de marzo de 2018

Parturientes dividem camas na Maternidade Lucrécia Paim

Parturientes dividem camas na Maternidade Lucrécia Paim - Vírgílio Samakuva
Matrnidade Lucrecia.jpg
Este título, saído na edição de 26 de Março de 2018 do “Novo Jornal” também estampado em parangona no portal “Angonoticias”, me fez espécie.
Foi uma noticia que resultou da visita de uma delegação de parlamentares que, ainda segundo o jornal, pertencem à Comissão de Família, Infância e Acção Social da nossa Assembleia Nacional.

Antes de qualquer comentário, quero felicitar os parlamentares que efectuaram essa visita e encorajar a chefia da Assembleia Nacional a que missões dessa natureza, se possam multiplicar, na caça de anomalias, para a devida chamada atenção a quem de direito, como via para ir-se acabando com esta série de coisas tão feias para um país tão rico, mas tão controverso como a nossa Angola. Felicitaçoes também ao “Novo Jornal” pela publicação.

O que se publicou, não é nada abonatório para a imagem do país, mas é muito necessário. É vergonha para todos nós, por culpa de uns dirigentes larápios e descabeçados, que durante anos e anos só se preocuparam em encher os seus bolsos e separar a suas minúsculas famílias da maioria dos angolanos que sofrem isso na carne, enquanto tais dirigentes, à pequeña dor de cabeça sulcam ares ou mares, para irem tratar-se fora, enquanto os donos das riquezas andam nessa miséria.
Assim que li a noticia, veio-me à cabeça a imagen de duas das nossas valentes mulheres, grávidas ao limite, colocadas numa mesma cama, para parto. Pois se compreendi bem, assim é: -porque se se diz que o hospital tem capacidade para 45 partos por dia, mas atende cerca 150 a 200, dos quais 80 vão parar a sala de partos e têm que “dividir camas”, não é tão complicado saber, que em outras palavras, estarão duas parturientes em cada cama.

Porque é que fazemos tanto discurso a elogiar e a dizer que respeitamos e amamos as nossas mulheres, se temos a coragem de em plena capital do país, vê-las nessa situação e queremos que no dia seguinte nos tragam os bebés a que chamamos nossos “queridos” filhos? E pergunte-se cada um de nós:- se é assim na capital, como estará o interior do país longínquo a que nos habituamos a chamar “o mato”?
Que tipo de gente temos ou tivemos a dirigir o nosso país, se tivemos, e temos ainda de ser tratados dessa maneira? É mesmo assim que gostamos de ver as nossas mães, irmãs, filhas e amigas?

Que os dirigentes lancem a mão à cabecinha e reflictam muito bem nisso, para que esse quadro mude com rapidez na totalidade do nosso país. Por outro lado, os Angolanos têm que aprender a ser mais reivindicativos dos seus direitos em vez de se abandonar silenciosamente nas mãos de gatunos, maltratadores em particular das nossas mulheres.
Isso também é comemorar o Março-Mulher.

Luanda, 27 de Março de 2018
Virgilio Samakuva
www.unitaangola.org