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miércoles, 11 de junio de 2014

11/06/2014 - ANGOLA: O DIA EM QUE O MPLA SE DIVIDIU

O dia em que o MPLA se dividiu

Luanda - Os rapazes de Sambizanga foram para a porta da rádio, em Luanda, onde os fraccionistas tentaram ler uma mensagem. Mas foram expulsos após um tiroteio com tropas cubanas. “Não estávamos zangados com o Presidente, não gostávamos era dos homens que andavam à volta dele”, conta Lino Mateus, referindo¬-se a Lúcio Lara, fundador do MPLA, e Iko Carreira, ministro da Defesa. 
Fonte: Sabado
Em Angola dizia-se que eles mandavam em Neto. Mas foi o Presidente quem, a 21 de Maio, no estádio da Cidadela, anunciou perante milhares de pessoas que Nito Alves e José Van Dúnem, comissário político das FAPLA (braço armado do MPLA), tinham sido expulsos pelo Comité Central. Neto acusou-os de conspiração. 

O Presidente e poeta discursava bem. Apelava às massas, mas Nito, que usava muitas expressões do pequeno livro vermelho de Mao Tsé¬-Tung com que toda a gente andava por aqueles dias em Luanda, era mais eloquente. “Centrava-se nos problemas fundamentais da pobreza e da desigualdade”, disse um dos entrevistados à jornalista. E sublinhava a questão racial: dizia que só haveria igualdade quando os brancos também varressem as ruas. 

“Eu acho que a raça teve um papel no 27 de Maio. Mas também a questão da classe, da geração – os fraccionistas eram maioritariamente jovens e os do lado de Neto tinham 50 e tal anos. E também a experiência da militância: Neto, Lúcio Lara e os outros eram vistos como pessoas de fora e que cresceram com uma cultura portuguesa, europeia. O Alves, o Monstro Imortal [outro fraccionista] cresceram em Angola e não saíram do País.”