O dia em que o MPLA se dividiu
- Categoria Política
- 05 junho 2014
Luanda
- Os rapazes de Sambizanga foram para a porta da rádio, em Luanda, onde
os fraccionistas tentaram ler uma mensagem. Mas foram expulsos após um
tiroteio com tropas cubanas. “Não estávamos zangados com o Presidente,
não gostávamos era dos homens que andavam à volta dele”, conta Lino
Mateus, referindo¬-se a Lúcio Lara, fundador do MPLA, e Iko Carreira,
ministro da Defesa.
Fonte: Sabado
Em
Angola dizia-se que eles mandavam em Neto. Mas foi o Presidente quem, a
21 de Maio, no estádio da Cidadela, anunciou perante milhares de
pessoas que Nito Alves e José Van Dúnem, comissário político das FAPLA
(braço armado do MPLA), tinham sido expulsos pelo Comité Central. Neto
acusou-os de conspiração.
O
Presidente e poeta discursava bem. Apelava às massas, mas Nito, que
usava muitas expressões do pequeno livro vermelho de Mao Tsé¬-Tung com
que toda a gente andava por aqueles dias em Luanda, era mais eloquente.
“Centrava-se nos problemas fundamentais da pobreza e da desigualdade”,
disse um dos entrevistados à jornalista. E sublinhava a questão racial:
dizia que só haveria igualdade quando os brancos também varressem as
ruas.
“Eu
acho que a raça teve um papel no 27 de Maio. Mas também a questão da
classe, da geração – os fraccionistas eram maioritariamente jovens e os
do lado de Neto tinham 50 e tal anos. E também a experiência da
militância: Neto, Lúcio Lara e os outros eram vistos como pessoas de
fora e que cresceram com uma cultura portuguesa, europeia. O Alves, o
Monstro Imortal [outro fraccionista] cresceram em Angola e não saíram do
País.”