Mal estar na Casa Militar: Soldados presos por reclamarem salários
Lisboa
– A Casa de Segurança da Presidência da República (CSPR) reagiu “mal”
as reclamações chegadas a si, dando conta que os soldados do
destacamento das obras de construção estariam a se rebelar pelos atrasos
de salários, exigindo por outro lado a sua bancarização.
Fonte: Club-k.net
Soldados exigem bancarização dos salários
Na
semana passada, o secretário geral da CSPR, tenente-general Jesus
Manuel, orientou uma reunião no Quilómetro 28 tendo proibido os soldados
do destacamento em questão de exigirem a bancarização dos salários.
Aquela alta patente ameaçou que quem o fizesse seria expulso ou
devolvido ao exército.
Ainda na reunião, o tenente general
Jesus Manuel teria usado o nome do general Manuel Vieira Dias
“Kopelipa”, chefe da Casa de Segurança da PR, para dizer aos soldados
que estava apenas transmiti-los uma ordem que lhe foi dada pelo seu
superior hierárquico.
Para além de secretário geral da CSPR, o
tenente general Jesus Manuel acumula as funções de Comandante do
Regimento das Obras de Construção, uma estrutura tida como “unidade
fantasma”, por não constar oficialmente no organigrama da ex-Casa
Militar.
General manda prender soldado
Na quinta feira (19), o tenente general
Jesus Manuel foi visitar o destacamento militar que faz a guarnição das
obras de construção do futuro aeroporto internacional de Luanda. No
portão, um soldado de nome António Elias que estava escalado para
guarnição da obra, não o terá reconhecido e impediu-lhe de entrar. O
soldado foi mais longe ofendendo a honra e ao pudor da mãe do oficial
general.
Suspeita-se que, não obstante, por não o
ter reconhecido, a reacção do soldado António Elias poderá ser fruto do
estado de saturação pela situação dos seus salários.
Em reacção, o tenente general Jesus
Manuel mandou prender o soldado António Elias que agora se encontra
detido na cadeia do Baia, localizada no terceiro destacamento da Casa
de Segurança da Presidência da República.
O processo contra o soldado está em
mãos do Major Pedro dos Santos, chefe de repartição da policia
judiciaria militar. António Elias está preso, sem culpa formada.
Alguns sectores que acompanham o assunto receiam que ele caia no
esquecimento ou que lhe venha acontecer algum excesso tal como aconteceu
com os activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue.
Soldado em risco por reclamar salário em atraso
Na quinta-feira (18), o tenente Divaldo
do destacamento de protecção e segurança da Casa de Segurança do PR no
enclave de Cabinda, reclamou junto do general Henrique Futy que estaria
há dois meses sem salários. Em reacção, aquela alta patente militar fez
um informe ao general “Kopelipa”, em Luanda, informando que o tenente
Divaldo “rebelou-se”. Há receios de que o referido soldado venha a
sofrer punições arbitrárias.
Porque que os financeiros não bancarizam os salário dos soldados?
A não bancarização dos salários dos
soldados tem sido uma pratica nas estruturas militares em Angola. Os
soldados saem penalizados uma vez que ficam sem saber se são ou não
descontados pela segurança social como garantias das suas reformas.
Ficam igualmente impedidos de fazer empréstimos bancários.
Geralmente os salários destes são pagos,
a sombra de uma árvore. Os responsáveis pelo pagamento evitam faze-lo
em gabinetes, para evitar com que os soldados exijam recibo ou algum
comprovativo. Os seus salários são irregulares.
Tais procedimentos permite com que os
financeiros destes destacamentos cometam arbitrariedades como desvio dos
salários, uma vez que são pagos de modo informal.
Na província de Cabinda, o financeiro e
chefe de pessoal daquele destacamento da Casa de Segurança, coronel
Domingos António é geralmente associado a estas praticas arbitrárias e
culpado pelo atraso dos salários dos soldados. Acusam-no de
descaminhar fundos dos militares para financiar o seu clube de futebol, o
“Domante futebol clube do Bengo”.