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jueves, 23 de abril de 2015

Comunicado do Comite Provincial do Huambo

Fonte :Unitaangola
A UNITA alertou autoridades do Huambo sobre a seita Kalupeteka, em 2013 e 2014
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O Secretariado do Comité Provincial da UNITA no Huambo tomou conhecimento do teor do Comunicado do Governo Provincial do Huambo, de 21 de Abril de 2015, sobre o qual torna públicas as seguintes posições:

1- Expressar em nome de todos os seus membros, amigos, simpatizantes e povo angolano em geral a sua repulsa pela forma gratuita, vergonhosa, cobarde, imoral e repugnante como alguns círculos radicais do regime que, em desespero de causa, procuraram e procuram em vão tirar proveito político-partidário da dor, do luto e desgraças de outros.

2- Fazer das palavras do Arcebispo de Saurimo e porta-voz da CEAST, Dom José Manuel Imbamba, nossas palavras:

“ Com alguma apreensão estamos a notar que há um certo nervosismo no discurso político, uma certa precipitação, uma certa arrogância e uma certa politização de tudo aquilo que acontece no nosso País, e achamos que esta maneira de proceder cria, também, de per si, um certo nervosismo no discurso social, no discurso do cidadão, alguma impaciência também e alguns ressaibos de violência solta, e de modo que isto nos deve preocupar verdadeiramente para sabermos ponderar, sabermos ser mais prudentes, munirmo-nos daqueles dons típicos da sabedoria divina, sobretudo, procurar cultivarmos os sentimentos de paz, de unidade, os sentimentos de reconciliação e de tudo aquilo que devemos fazer, devemos pronunciar-nos seja mesmo em defesa desses grandes valores e destas grandes conquistas que o País tem que consolidar cada vez mais”.

3- É nossa convicção que a democracia e a competição política se fazem com ética, decência, elevação moral e respeito pelos adversários políticos, e não com calúnias, mentiras, ódio, orquestração de provas e incitamento à violência. A competição política não exclui a cooperação no interesse nacional que é a Paz, a Democracia, a Segurança Nacional, a Unidade e Coesão Nacionais; a competição política não exclui o dever de contribuição, solidariedade e tratamento igual dos actores partidários pelos agentes do Estado.

4- Reafirmar de forma inequívoca que José Kalupeteka não é e nunca foi membro da UNITA, nem ex-militar das FALA. Kalupeteka foi membro activo da Igreja Adventista do 7º Dia, da qual foi excomungado aos 2 de Fevereiro de 2001. Kalupeteka foi um dos mais radicais activistas do regime que fez campanha política aberta pelo partido no poder nas eleições de 2008 e 2012.

5- Não foi o Secretário Provincial da UNITA que patrocinou o 1º disco de Kalupeteka. O povo do Huambo sabe quem foi o patrocinador.
Não foi o Secretário Provincial da UNITA que a 27 de Setembro de 2014 recebeu o líder da seita fundamentalista e ilegal, José Kalupeteka.
Não foi o Secretário Provincial da UNITA que visitou Kalupeteka e seus fiéis no seu acampamento ilegal.
Não foi o Secretário Provincial da UNITA que ofereceu uma viatura ao Srº José Kalupeteka enquanto chefe da seita ilegal.
Não foi o Secretário Municipal da UNITA na Caála que aparece sentado ao lado do líder da seita fundamentalista e ilegal.
Não foi o Secretariado Provincial da UNITA que autorizava a TPA a fazer cobertura das actividades e cultos ilegais da seita ilegal e fundamentalista de José Kalupeteka.

6- Por duas ocasiões (2013 e 2014), o Secretariado do Comité Provincial da UNITA no Huambo alertou as autoridades que seguissem com atenção as atitudes da seita de Kalupeteka. Na altura chamamos atenção sobre quatro questões principais:
a. A vandalização dos “Akokotos” (lugares tradicionais sagrados, onde são conservados os crânios dos antigos reis e sobas) na Comuna do Sambo Município de Chicala Cholohanga, Jamba Chinheny e Jamba Nondolo no Município do Kachiungo e Chingolo na Comuna da Katata Município da Caála.
b. Impedir as crianças de ingressarem no sistema de educação e ensino oficial.
c. Impedir as crianças de serem vacinadas.
d. Impedir o recenseamento dos seus fiéis.
Na altura alertamos que as práticas desta seita se assemelhavam a de alguns grupos fundamentalistas, como o Exército de Libertação do Senhor no Uganda e o BOKO HARAM na Nigéria. Todos eles impediam as crianças de estudarem para depois serem usadas como crianças soldados. Na altura, os nossos pontos de vistas não foram tidos em conta, porque Kalupeteka tinha um relacionamento privilegiado com as autoridades locais e dirigentes do Partido no poder, como provam as imagens que gentilmente a TPA exibiu.

7- Um Governo Provincial que não entende e nem conhece os limites formais e materiais da separação de poderes e inter-dependência de funções; um Governo Provincial que em 13 anos de Paz não cumpre os ditâmes da Constituição, nem sabe que o Estado exerce a sua soberania sobre a totalidade do território angolano, que compreende, neste caso, a extensão do espaço terrestre, portanto, um Governo Provincial que não sabe que já não existem bases da UNITA ou áreas da UNITA; um Governo Provincial que não sabe distinguir convicções político-ideológicas e liberdade de consciência, de religião e de culto de pessoas; um Governo
Provincial que não sabe o que são papéis sociais, que a vida das pessoas se faz nas organizações e uma pessoa pode ser ao mesmo tempo membro de um partido político, membro de uma igreja e sócio de um clube desportivo; um Governo Provincial que não conhece as tarefas fundamentais do Estado nem as competências essenciais dos Órgãos da Administração Local do Estado; um Governo que não sabe o que é governar, pois governar pressupõe ter visão estratégica (saber prever), ter sensibilidade política, social e humana, ter vontade patriótica e não vontade partidária; governar é ter abertura de espírito entre muitos factores; um Governo que faz propaganda e intriga partidárias, falsas acusações, declarações caluniosas despropositadas e injuriosas contra um dos seus governados; um Governo que se reduz a um Comité de Acção Partidária (CAP), um Governo que não sabe assumir suas responsabilidades políticas, e procura culpados dos seus fracassos e erros; um Governo que não sabe gerir os interesses das comunidades, antes exclui, discrimina e ofende a moral pública com aproveitamento político em momentos de dor; na nossa opinião, e objectivamente falando, no mínimo, por razões de ética política e integridade, o Governo Provincial do Huambo devia demitir-se!

8- Por negligência e incompetência de certas autoridades do Estado, o País voltou a conhecer mais um dia triste de má memória, desta vez uma Quinta-Feira Sangrenta. O Secretariado do Comité Provincial da UNITA no Huambo reitera o firme, inabalável e irreversível comprometimento da UNITA com a Paz, a Democracia, a Tolerância, o respeito pelos adversários políticos e o respeito pela Constituição e pela Leis.

9- O Secretariado do Comité Provincial da UNITA no Huambo renova o seu apelo às autoridades competentes do Estado para que os autores, quer morais, quer materiais, desse hediondo crime sejam levados à justiça.

10- O Secretariado do Comité Provincial da UNITA reafirma o seu repúdio e condenação veemente do bárbaro assassinato de 9 efectivos da Polícia Nacional e reitera a expressão da mais viva solidariedade às famílias das vítimas, ao Comando Provincial da Polícia Nacional e ao Ministério do Interior.

Huambo, 22 de Abril de 2015
O Secretariado Provincial da UNITA no Huambo