No dia 22 de Fevereiro de 2002 tombou em combate no Lukusse, província do Moxico, o Dr. Jonas Malheiro Savimbi.
O fatídico acontecimento que pôs fim à carreira política, diplomática e militar do Patriota que durante décadas, lutou por ideais nobres da humanidade, tais como a paz, a democracia, a liberdade, a justiça social e a solidariedade nacional, enlutou os angolanos, sobretudo os milhões de menos equipados que acreditam nos ideais defendidos por Jonas Malheiro Savimbi.
Nascido a 3 de Agosto de 1934, na localidade de Munhango, ao longo do Caminho de Ferro de Benguela, Jonas Malheiro Savimbi encarnou, desde muito cedo o sofrimento, a exploração e a humilhação a que o regime colonial português submetia a maioria esmagadora dos angolanos.
Tendo desenvolvido em si a consciência política de luta para a transformação da situação que se vivia, o então jovem Jonas Savimbi marcou a sociedade da época com atitudes de revolta contra a dominação estrangeira e colonial, que apelavam para a necessidade de acções que conduzissem o povo angolano a autodeterminação.
As perseguições e as cadeias da PIDE DGS contra Jonas Savimbi, em Portugal e em Angola, foram o corolário da sua participação no esforço multifacetado para a libertação de Angola e dos angolanos do jugo colonial português.
A sua filiação na UPA-FNLA, onde exerceu funções de relevante valor político, de Secretário-geral e de Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo Revolucionário de Angola no Exílio – GRAE, foi a sua mais elevada expressão de devoção à causa de libertação de Angola.
O Dr. Jonas Malheiro Savimbi foi também um homem preocupado com as causas africanas. A sua participação na criação da Organização de Unidade Africana, OUA, em Maio de 1963, foi uma demonstração de que a libertação de África da dominação colonial constituía um dos seus anseios mais profundos.
Com a fundação da UNITA, a 13 de Março de 1966, o Dr. Jonas Malheiro Savimbi encetou passos decisivos que deram um novo alento ao processo de luta de libertação de Angola que veio a culminar com a proclamação da independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975.
É para todos observadores atentos da realidade angolana, inquestionável, o contributo prestado por Jonas Malheiro Savimbi para a paz em Angola. A história de Angola registou os seus esforços para a reconciliação entre os Movimentos de Libertação de Angola, FNLA, MPLA e UNITA que se traduziram na ocorrência de conferências no Luso, em Lusaka e Kinshasa, envolvendo as lideranças desses movimentos nas pessoas de Álvaro Holden Roberto, António Agostinho Neto e Jonas Malheiro Savimbi, respectivamente.
No acordo de Alvor, em Janeiro de 1975, Portugal, então potência colonizadora, reconheceu, em pé de igualdade, os Movimentos de Libertação de Angola, como únicos e legítimos representantes do povo angolano. Mas os destinos de Angola já estavam traçados no Kremelin. O funcionamento do Governo de Transição foi inviabilizado, as eleições para a assembleia constituinte de Angola, calendarizada para Outubro de 1975, não tiveram lugar e a situação política deteriorou-se, resvalando-se, o país para uma guerra civil devastadora, não obstante os apelos de Jonas Savimbi para a paz e unidade nacional.
Apesar da exclusão e da violência da guerra movidas pelo MPLA e seus aliados do Bloco de Leste contra a UNITA, Jonas Malheiro Savimbi continuou a defender a agenda da paz e reconciliação nacional, que passavam pelas negociações directas entre irmãos desavindos.
O fracasso das sucessivas ofensivas militares contra Mavinga e Jamba propiciou o início das negociações entre a UNITA e o MPLA, em Portugal, que após longos meses de discussões, sob mediação do governo português e observação dos Estados Unidos da América e da União Soviética, as partes concluíram o acordo de Bicesse, assinado pelos Presidentes Jonas Malheiro Savimbi pela UNITA e José Eduardo dos Santos pelo MPLA.
A instituição do Multipartidarismo e a realização de eleições em Angola são, sem sombra de dúvidas, o resultado da visão estratégica de Jonas Malheiro Savimbi, que em 1966, perspectivou a inserção de Angola no concerto das nações democráticas do Mundo, ao plasmar no Manifesto do Muangai “Democracia assegurada pelo voto do povo através de vários Partidos”.
O Dr. Jonas Malheiro Savimbi, cujo pensamento é objecto de estudo em universidades, centros de investigação científica, vai continuar a ser uma referência incontornável e fonte de inspiração para as gerações presentes e vindouras.
Por ocasião do 14º aniversário da sua morte em combate, a UNITA, do topo à base, orgulha-se de ter sido fundada e dirigida por Jonas Malheiro Savimbi. Os seus membros e militantes reiteram o compromisso de continuar a trilhar os caminhos indicados pelo Dr. Jonas Malheiro Savimbi para se implementar o Projecto de Muangai, capaz de trazer a real felicidade para as camadas mais desfavorecidas da sociedade angolana, hoje assoladas pela crise económica e financeira resultante da baixa do preço do barril de petróleo no mercado internacional, mas também da falta de visão estratégica do governo do MPLA.
É urgente dotar Angola de um governo que encare de forma diferente a governação do país e que implemente o pensamento estratégico de Jonas Savimbi no que respeita à busca de soluções económicas, priorizando o campo para beneficiar a cidade, tal como recomenda o Projecto do Muangai.
A UNITA reafirma que mantém a sua vontade de realizar, assim que as condições o permitirem, os funerais condignos do Dr. Jonas Malheiro Savimbi e demais dirigentes do Partido tombados pela paz e exorta o Executivo angolano a cumprir as suas responsabilidades atinentes a este processo.
Viva a memória eterna do Dr. Jonas Malheiro Savimbi
Unidos Venceremos.
Luanda, aos 20 de Fevereiro de 2016.
O Secretariado Executivo do Comité Permanente
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