Voz da América Fevereiro 18/2016
Estados Unidos não
querem ser esconderijo para a lavagem.
Uma propriedade avaliada
em 30 milhões de dólares em Malibu, viaturas de luxo e estátuas de Michael
Jackson pertencentes a Teodoro Nguema Obiang Mangue, vice-presidente da
Guiné-Equatorial, foram colocadas à venda nos Estados Unidos, devendo a receita
será devolvida ao povo daquele país.
A venda resulta de uma
acção movida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra Mangue,
filho de Obiang Nguema, presidente da Guiné-Equatorial, que alcançou o poder em
1979, por via de um golpe de Estado.
Nguema é o presidente
africano com mais anos no poder. A sua família conquistou a fortuna por métodos
corruptos.
O New York Times (NYT)
escreve que a confiscação pelo governo federal foi no âmbito dos esforços de
recuperação de bens roubados por altos funcionários estrangeiros – ditadores,
políticos e elites no poder – e “lavados” nos Estados Unidos.
Trata-se da Iniciativa
de Recuperação de Bens da Cleptocracia,lançada em 2010, que reúne
advogados e equipas do FBI e segurança interna.
“Não queremos que os
Estados Unidos sejam um esconderijo desse dinheiro,” disse ao NYT Leslie
Caldwell, Procuradora-Geral assistente e chefe da divisão criminal.
Ela clarificou ao jornal
que se o dinheiro da corrupção chegar aos Estados Unidos será confiscado.
Sublinhou que “a cleptocracia mina o estado de direito e alimenta o crime e o
terrorismo.”
O governo americano tem
estado a combater o fluxo de dinheiro ilícito, através de regras anti lavagem,
investigação sobre compradores secretos de propriedades e empresas usadas para
ocultar transacções financeiras.
Entre os casos
investigados constam os de fundos detidos por altos funcionários da Nigéria,
Ucrânia, Uzbequistão, Coreia do Sul, Taiwan, Honduras e Canadá. O NYT reporta
um caso de 630 milhões de dólares americanos do tempo da presidência de Sani
Abacha, na Nigéria.
Globalmente, o Banco
Mundial e as Nações Unidas estimam que, dos 20 a 40 mil milhões de dólares desviados
nos países em desenvolvimento, apenas cinco mil milhões de dólares foram
recuperados, nos últimos 15 anos.
O Departamento de
Justiça, citado pelo NYT, afirma que os casos de lavagem de dinheiros têm sido
difíceis de seguir. Os acusados conseguem contratar bons advogados. Testemunhas
têm recusado prestar declarações por medo de perseguições.