Luanda - Está na forja, de algum tempo a esta parte, um plano macabro que visa responsabilizar a UNITA por uma acção que o Partido dirigido por Isaías Samakuva denunciou pronta e oportunamente, ao mais alto nível, às autoridades políticas do País e às entidades policiais para as medidas que se impunham na altura.
Tudo começa e vem à tona com a divulgação de um documento forjado pelos Serviços de Inteligência de Angola, mas atribuído ao Gabinete de Estudos Análise e Pesquisa da UNITA, GEPA. O documento em causa estava rubricado com uma assinatura desconhecida e os seus autores não identificavam a pessoa que o assinou.
Dada a gravidade de que se revestia o caso, o Presidente da UNITA, Isaías Henrique Ngola Samakuva escreveu uma carta ao Presidente da República, Eng. José Eduardo dos Santos a denunciar a falsidade do referido documento, cuja autoria era, na realidade, dos serviços de segurança do Presidente da República que imputavam à UNITA a intenção de atentar contra as instituições do Estado e tomar o poder político por métodos não previstos nem conformes com a Constituição.
Na carta ao Presidente da República, o líder da UNITA repudiou o objectivo velado de tal documento e garantiu que o mesmo era absolutamente falso no seu conteúdo, falso na sua autoria e falso na origem que lhe foi atribuída.
Em conferência de imprensa realizada dia 17 de Agosto de 2015, o então Secretário-geral da UNITA, Eng. Vitorino Nhany afirmou que tinha chegado ao conhecimento do Partido que, oficiais da Casa Militar do Presidente da República envolvidos nessa trama, estariam a ser abastecidos de informações falsas, por um ex-membro da UNITA que renunciou a sua militância nesse partido em 2012, que depois se tornou militante de um outro Partido e que estaria a ser financiado para criar um novo partido no quadro das manobras que visam sustentar a fraude eleitoral que se prepara para 2017.
Na conversa com Jornalistas presentes na referida conferência de imprensa, Vitorino Nhany revelou que a UNITA sabia que alguns antigos soldados e oficiais das extintas FALA (Forças Armadas de Libertação de Angola), muitos dos quais desmobilizados, estariam a ser recrutados, fardados e equipados para simularem um acto de desestabilização do país. Denunciou, ainda, que foi constituída uma estrutura militar clandestina, para organizar e dirigir uma acção de carácter militar contra o Presidente José Eduardo dos Santos, cuja chefia e composição estavam devidamente identificadas. A UNITA, segundo Vitorino Nhany, obteve elementos de prova desta cilada, por via de elementos recrutados que participavam das reuniões e que por discordarem, forneceram gravações que permitiram analisar, cruzar informações e concluir que se estava perante uma cilada golpista forjada pelos serviços dirigidos pelos próprios órgãos do Estado.
No dia 14 de Outubro de 2015, o então Secretário-geral da UNITA voltou a convocar a imprensa para denunciar que o fenómeno denunciado havia dois meses, tinha evoluído da fase de recrutamento para a fase de concentração. Acrescentou que havia chegado ao conhecimento da UNITA que os efectivos militares recrutados de certas províncias do Centro do país, tinham começado a ser movimentados para Luanda, estando já nesta cidade, um considerável número deles.
Dados em posse da UNITA, na altura, davam também conta de que se tratava de uma cilada orquestrada pelos Serviços Secretos do Estado, usando pessoas afectas à UNITA e visando a mesma UNITA.
O modus operandi da cilada consistia em forjar uma acção militar a- quando da Mensagem à Nação do Presidente da República, por ocasião da abertura do Ano Parlamentar, dia 15 de Outubro de 2015, imputando a responsabilidade à UNITA, na pessoa da sua Direcção.
Importa referir que o silêncio das autoridades que se seguiu às démarches encetadas pela UNITA preocupou a sua Direcção, que solicitou encontro com o Ministro do Interior para análise da situação e tomada de medidas necessárias e urgentes.
Na sequência desse encontro foi criado um grupo de trabalho, que envolvia oficiais dos órgãos de defesa e segurança do Governo e membros indicados pela UNITA. Neste quadro, o Comandante Provincial da Polícia Nacional de Luanda, Comissário Chefe Sita reuniu com os membros indicados pela UNITA, que forneceram detalhes do plano macabro dos Serviços de Inteligência de Angola, envolvendo elementos afectos à UNITA recrutados, e que tinham à testa da sua implementação prática, um Chefe do Estado Maior que responde pelo nome de Celestino Ferreira Moma Leonardo, com alcunha de “Esmagar”.
Com base nas informações fornecidas pela UNITA naquele encontro, os órgãos competentes do Estado iniciaram as investigações que vieram a culminar com a detenção dos membros do grupo golpista, num total de 25 pessoas, entre ex-militares das extintas FALA (Forças Armadas de Libertação de Angola) e outros recrutados, organizados e equipados, sob o comando estratégico dos Serviços de Inteligência Militar.
Agora, informações em posse da UNITA e provenientes de círculos que frequentam as cadeias, revelam que entre os elementos detidos e sob interrogatórios, alguns deles estão a ser forçados por ordens dos Serviços Secretos e da Procuradoria Geral da República, a imputarem à UNITA, a responsabilidade e autoria do plano em que estavam envolvidos, com o único fim de diabolizar o partido liderado por Isaías Samakuva.
O relato que aqui fica, demonstra bem o carácter de muitos cidadãos que, num país sério, deviam cuidar da segurança e do bem-estar de todos nós. Infelizmente, não é o que acontece nesta nossa Angola de hoje.
Se foi a UNITA quem desmascarou o plano macabro e o denunciou às entidades competentes e ao público, porque pretenderão ainda acusá-la? Será que acham que os angolanos já se esqueceram das denúncias feitas ainda há tão poucos meses? Ou é mesmo esta a maneira de conseguirem ganhos políticos? | |