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miércoles, 3 de agosto de 2016

Breve nota Biográfica de Jonas Malheiro Savimbi

Fonte :Unitaangola


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O Dr. Jonas Malheiro Savimbi nasceu em 1934, no Munhango, Província do Bié, quando o seu pai estava aí colocado ao serviço dos Caminhos de Ferro de Benguela.
Terminou os seus estudos secundários no Liceu de Sá da Bandeira, actual Lubango. Depois, em 1958, seguiu para Portugal com o objectivo de tirar um Curso de Medicina.

Matriculou-se na Faculdade de Medicina de Lisboa, mas o ambiente político de então, caracterizado pela contestação ao regime colonial fascista de Oliveira Salazar, foi agravado com a perseguição da PIDE que o levou à cadeia em 3 ocasiões diferentes. Assim, abandonou Portugal e instalou-se na Suiça onde se matriculou na Universidade de Fribourg para fazer o Curso de Ciências Políticas e Jurídicas.


Apaixonado pela luta de libertação nacional, em 1960, a pedido do Presidente Jomo Kenyatta do Quénia, filiou-se na UPA do Presidente Holden Roberto, tendo sido nomeado seu Secretário geral. Em Março de 1962, em resultado da fusão da UPA com o PDA (Partido Democrático Angolano) de Emanuel Kunzika, criou-se a FNLA.

Inspirado pela Frente de Libertação da Argélia (FLN), a 5 de Abril de 1962, Holden Roberto criou o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE) em que Jonas Savimbi foi nomeado Ministro dos Negócios estrangeiros desse Governo.

Tendo-se incompatibilizado por várias razões com Holden Roberto, a 15 de Julho de 1964, Savimbi abandonou a FNLA e o GRAE e dois anos depois criou formalmente a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), no Congresso do Muangai, por ocasião do 13 de Março de 1966.

Intalou-se no interior de Angola, ao lado de vários companheiros de armas como Samuel Chiwale, Miguel N’Zau Puna, José Ndele, Tony da Costa Fernandes, Jeremias Kussia, António Vakulukuta, José Kalundungo, David Samwimbila Chingunji, Tiago Sachilombo, Ncolau Chiyuka Bianco, Mateus Banda, Paulino Moisés, Samuel Mwanangola Chivala, Isaías Massumba, Jacob Inácio.

Foi nas matas do Leste de Angola onde o 25 de Abril o encontrou. Era o único líder presente de armas na mão, no território em disputa. Foi nas matas do Leste onde, a 14 de Junho de 1974, os Portugueses assinaram com ele o Acordo de suspensão de hostilidades.

A 25 de Novembro de 1974, em Kinshasa, a UNITA assinou os acordos de não agressão com a FNLA, e mais tarde, a 18 de Dezembro de 1974, no Luso, actual Luena, com o MPLA.

Patrocinou a assinatura dos acordos de não agressão entre o MPLA e a FNLA. A 5 de Janeiro de 1975, foram assinados os acordos de Mombaça entre os 3 movimentos de libertação, os quais criaram uma plataforma de entendimento que permitiram o quadro negocial com Portugal, a potência colonial, nos conhecidos Acordos do Alvor.
Mal começou a vigência do Governo de Transição, o MPLA e a FNLA iniciaram confrontos armados que acabaram por fazer descarrilar todo o processo transitório para a independência. Savimbi tentou evitar um ambiente que evitasse a guerra civil, mas foi ultrapassado pelos acontecimentos.

Em Agosto de 1975, o seu avião foi atacado na cidade de Silva Porto, actual Kuíto, Bié, tendo este acto marcado a entrada da UNITA na guerra civil angolana.

A 4 de Junho de 1975, tropas do MPLA atacaram as instalações da UNITA do Pica-Pau em Luanda, mas Savimbi não ripostou. Em vez disso, voou para o Quénia a fim de promover um acordo que evitasse a guerra. Foi assim que, a 16 de Junho de 1975, Holden Roberto, Agostinho Neto e ele próprio Jonas Savimbi assinaram os Acordos de Nakuru, mediados por Jomo Kenyatta.

Pelo seu esforço a favor da paz, nessa altura que precedeu a independência de Angola, Savimbi foi conhecido como sendo o Mwata da Paz. Ele dizia que a guerra civil era sempre um acto reaccionário e uma vez começada teria consequências desastrosas e de longo prazo no país.

Mas, em Agosto de 1975, a UNITA teve de abandonar Luanda e sedear-se no Huambo. Portugal, acabou por não dar a independência a nenhum dos Movimentos de Libertação.

A guerra continuou e em Fevereiro de 1976, diante de um corpo expedicionário cubano, a UNITA foi expulsa das cidades e retomou as matas para iniciar a Resistência Popular Generalizada.

Nessa segunda guerra de libertação, Jonas Savimbi restrutura o partido, forma um corpo de jovens diplomatas na famosa missão externa e cria uma administração nas chamadas Terras Livres de Angola.

Em Maio de 1991, o impasse a que se chegou na luta armada associado à pressão interna e internacional acabou por levar os dois beligerantes às negociações com o Governo de Angola, tendo sido concluidos os Acordos de Bicesse, também conhecidos por Acordos de Paz para Angola. Antes disso, em 1989, na República do Zaire, actual República Democrática do Congo (RDC), tinha havido o Acordo de Gbadolite que fracassou porque a sua maior cláusula que era secreta, era inaceitável para a UNITA: o exílio de Jonas Savimbi.

Vieram as eleições de 1992 e com elas surgiu um conflito pós-eleitoral que acabou num novo processo negocial, o Protocolo de Lusaka.

Mas, a paz de Lusaka foi igualmente frágil e a guerra recomeçou novamente. Finalmente, a 22 de Fevereiro de 2002, quando estava em curso um novo processo negocial, Jonas Savimbi foi morto em combate, no Leste de Angola.