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viernes, 12 de agosto de 2016

RUFINO



Esta triste irmagem, ficará na memόria dos Angolanos e dos cidadãos  do Mundo que queiram ser solidários. Chamava-se Rufino Antonio, tinha 14 anos  e vivia num bairro pobre nos arredores de Luanda, capital de Angola, meu riquíssimo país pèssimamente governado.
No passado sábado dia 6 de Agosto  efectivos do Exército Nacional a mando de alguém das suas chefias talvez desejosas de colocar no local de residência desses pobres, negόcios dos endinheirados do regime, destruiram centenas de casas,  expulsando delas e abandonando ao relento, os seus habitantes.
O adolescente Rufino não suportou essa barbaridade e questionou o porquê de terem destruido a casa de seus pais. Os soldados não hesitaram e dispararam as suas armas. Rufino junta-se assim à longa lista dos angolanos que morrem às mãos do seu prόprio governo, 14 anos depois do fim da guerra.
Um grupo de deputados da oposição que procurou inteirar-se da situação  dos desalojados foi maltratado pelos mesmos elementos das Forças Armadas. O prόprio Provedor da Justiça  que tentou interessar-se do que se havia passado e como estavam os desalojados, teve a mesma sorte.

Doi-me ver este tipo de comportamentos e esse cortejo de mortes continuas no meu pais, em pleno período de paz.
Revolta-me essa violação constante e impune de direitos de primeira geração  como são o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à uma habitação  etc, que  acontece todos os dias em Angola.
Sejam quais forem as razões que se evoquem para justificá-lo, esses cidadãos  expulsos de casas que construiram com o seu prόprio suor e sem nenhuma ajuda e nem sequer orientação desse governo, não merecem isso.
São cidadãos que não tinham nada mais do que esses pobres casebres para os abrigar. 
São pais que não tinham nada mais que essa criança para cuidar deles quando eles fossem idosos.
São cidadãos que não  receberam nada desse governo que não elegeram mas que devia cuidar deles, por se ter imposto pela mesma força e brutalidade que lhes caracteriza.

Revolta-me tudo isso e mais.
Revolta-me quando, apesar de todas essas atitudes bárbaras,  apesar dessas violações, ignorância e desprezo das leis nacionais e internacionais, ainda oiço de um ou outro importante forum da “Europa dos Direitos”, alguém que,  bem enganado pela força dos petrodólares roubados, ainda tem coragem de afirmar que esse regime que mata crianças que como Rufino,  so queriam defender a sua casa dessa destruiçao, “é  uma democracia consolidada” que não deve ser criticada.
Justiça, senhores. Já é demais!

Virgilio Samakuva