Esta triste irmagem, ficará na memόria
dos Angolanos e dos cidadãos do Mundo
que queiram ser solidários. Chamava-se Rufino Antonio, tinha 14 anos e
vivia num bairro pobre nos arredores de Luanda, capital de Angola, meu riquíssimo
país pèssimamente governado.
No passado sábado dia 6 de Agosto
efectivos do Exército Nacional a mando de alguém das suas chefias talvez
desejosas de colocar no local de residência desses pobres, negόcios dos
endinheirados do regime, destruiram centenas de casas, expulsando delas e abandonando ao relento,
os seus habitantes.
O adolescente Rufino não suportou
essa barbaridade e questionou o porquê de terem destruido a casa de
seus pais. Os soldados não hesitaram e dispararam as suas armas. Rufino
junta-se assim à longa lista dos angolanos que morrem às mãos do seu prόprio
governo, 14 anos depois do fim da guerra.
Um grupo de deputados da oposição que
procurou inteirar-se da situação dos
desalojados foi maltratado pelos mesmos elementos das Forças Armadas. O prόprio
Provedor da Justiça que tentou interessar-se do que se havia passado e
como estavam os desalojados, teve a mesma sorte.
Doi-me ver este tipo de comportamentos e esse
cortejo de mortes continuas no meu pais, em pleno período de paz.
Revolta-me essa violação constante e
impune de direitos de primeira geração como são o direito à vida, à liberdade, à
propriedade, à uma habitação etc,
que acontece todos os dias em Angola.
Sejam quais forem as razões que se
evoquem para justificá-lo, esses cidadãos expulsos de casas que construiram com
o seu prόprio suor e sem nenhuma ajuda e nem sequer orientação desse governo,
não merecem isso.
São cidadãos que não tinham nada mais do
que esses pobres casebres para os abrigar.
São pais que não tinham nada mais que essa criança para cuidar deles quando eles fossem idosos.
São pais que não tinham nada mais que essa criança para cuidar deles quando eles fossem idosos.
São cidadãos que não receberam nada desse governo que
não elegeram mas que devia cuidar deles, por se ter
imposto pela mesma força e brutalidade que lhes caracteriza.
Revolta-me tudo isso e mais.
Revolta-me quando, apesar de todas
essas atitudes bárbaras, apesar
dessas violações, ignorância e desprezo das leis nacionais e internacionais, ainda
oiço de um ou outro importante forum da “Europa dos Direitos”, alguém
que, bem enganado pela força dos petrodólares roubados,
ainda tem coragem de afirmar que esse regime que mata crianças que como
Rufino, so queriam defender a sua casa dessa
destruiçao, “é uma democracia consolidada” que não deve ser criticada.
Justiça, senhores. Já é demais!
Virgilio Samakuva