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viernes, 1 de agosto de 2014

1/08/2014 - ANGOLA: MPLA INFILTRA-SE NA UNIVERSIDADE CATÓLICA

MPLA infiltra-se na Universidade Católica

Luanda - A Faculdade de Direito da Universidade Católica de Angola, tem sido nos últimos dias palco de acções de política partidária, protagonizadas por elementos ligados ao MPLA e que estudam naquela instituição de ensino superior da Igreja Católica em Angola.
Fonte: Club-k.net
Considerada no seio dos “Ucanianos” espelho da Universidade Católica de Angola (UCAN), uma das melhores, senão mesmo a melhor Universidades de Angola, a Faculdade de Direito daquela oficina do saber é uma referência no País, pelo menos no que a formação de juristas diz respeito, tendo apenas a de Agostinho Neto como concorrente directo.
Há 16 anos no mercado do saber, a faculdade em referência já contou em grande número com quadro docente maioritariamente vindo de Portugal, e, ainda conta com alguns, embora em número reduzido.
A par disso, e dentro da política de angolanização das instituições que operam no País, independentemente da sua origem e tutela, a UCAN começou a inserir paulatinamente no seu quadro docente professores nacionais, e, para formação de juristas àquela instituição recorreu à quadros nacionais competentes (in) felizmente, quase todos ligados ao Partido no poder. Entre os professores constam Bornito de Sousa (Direito Constitucional, 1o ano), França Van-Dúnem (História das Ideias Políticas e Direito Internacional1o e 2o anos respectivamente), Carlos Feijó (Direito Administrativo 3o ano), Edeltrudes Costa (Direito do Comercio Internacional 5o), Sebastião Isata (Direito de Cooperação e Integração em África e Direito Internacional Privado 4o e 5o anos respectivamente), Adérito Correia (Decano e professor de Direito Constitucional 1o ano), Adão Avelino (Ética e Direito e Filosofia do Direito 4o e 5o anos), todos eles membros de proa do MPLA e que suportaram àquela faculdade durante os seus primeiros dez anos.
Numa certa altura, a Universidade Católica de Angola começou a implementar um plano de renovação do seu quadro docente, o que originou o envio a Portugal de Jovens formados por si e com aproveitamento em termos de notas acima da média, para frequentar Cursos de Mestrados. São os casos dos agora Mestres, Benja Satula, Edgar Quissongue, Celestino Kemba, Márcia Nijolela, Beth Sabé e outros, ligados à Faculdade de Direito de Economia, Gestão e Engenharia.  Edgar Quissongue e Celestino Kemba, chamados entre os estudantes e comunidade académica daquela Faculdade, por “Kussanguluka”, tendo em atenção ao modelo de avaliação implementado.
Na sequência da linhagem dos quadros ao Partido governante, Edgar Quissongue  foi  colocado  no Tribunal Constitucional enquanto Celestino Kemba parou no Ministérios dos Assuntos Parlamentares, onde ocupa cargo de direcção, empregos, que segundo fontes próximas aos mesmos, conseguiram graças a sua proximidade com seus antigos Professores, nomeadamente França Van-Dúnem, Carlos Feijó, Bornito de Sousa e Luter Rascova, este último amigo próximo com quem partilham até hoje momentos íntimos e de lazer. O quarteto, incluindo Rascova, Professor na mesma Faculdade, criou um grupo espécie de Comité de especialidade dos Estudantes/UCAN que trabalha na mobilização antes, durante e depois das aulas, nos corredores, salas etc.
Para melhor desenvolver tal estratégia, o grupo Kussanguluka, mais Rascova, contam com alguns Estudantes do Curso de direito que funcionam como activistas, mobilizadores, e, que criaram desta feita o Núcleo dos Estudantes do MPLA da UCAN, onde se destacam Jovens como Seidy dos Santos, já licenciado, mas que continua com a missão de mobilizar porque é agora Professor assistente do outro assistente de Direito Fiscal, Edgar Quissongue, na cadeira de Direito Fiscal cuja regente é a Dra. Alexandre que nos últimos tempos coadjuva o Decano da Faculdade de Direito/UCAN.
Acrescenta-se ainda a estes, o jovem Candeeiro, estudante do 5o ano, funcionário da Rádio Nacional de Angola. Candeeiro beneficia por isso, uma bolsa de estudo oferecida pelo Ministério da Comunicação Social durante o tempo da sua formação, preservando para o efeito os respectivos salário, e outros que cuidam das fichas de inscrição e que estudam no período da manhã ou diurno.
O Núcleo dos Estudantes da UCAN do MPLA, já realiza reuniões dentro das instalações da Universidade Católica de Angola, sita no Bairro Palanca, em Luanda, e neste momento decorre um intenso trabalho de mobilização precisamente aos estudantes finalistas, isto é, estudantes do 4o e 5o anos do Curso de Direito dos dois períodos, diurno e pós-laboral. A fonte contactada pelo Club-K avançou que “o trabalho é do conhecimento do decano da Faculdade, Adérito Correia, que não pode proibir, pois o mesmo é militante sénior do MPLA”, concluiu.
Questionado se a Reitoria domina o caso, a fonte que temos vindo a seguir, não precisou o dado, mas, acredita que “alguns responsáveis da UCAN saibam porque o núcleo que há algum tempo funcionava somente na Faculdade de Direito está agora a expandir-se para outras Faculdades.
A fonte prossegue dizendo que o grupo ganha visibilidade diante de uma Igreja, Católica, seu patrono, comprometida, grosso modo, com Partido governante, fazendo dela o que se fez com a Rádio Eclésia, que nos últimos tempos se assemelha à Radio Nacional de Angola em termos de abordagem de certos assuntos noticiosos. “Não se pode admirar com este posicionamento da própria Igreja porque ela já nos habituou isso. Foi a Igreja quem em momentos de colonização de Angola, senão mesmo de África, esteve ao lado do colonialista para melhor explorar o Homem Negro.
Por isso, se há ou não consentimento da Igreja isso importa pouco porque o seu percurso é mesmo de estar ao lado dos políticos”. Rebatou a jovem, visivelmente saturada com a história. A entrada em cena dos três Professores jovens, formados pela própria Universidade e que hoje são advogados e militantes do MPLA, preocupa os mais atentos que entendem que a Universidade Católica, tendo em atenção ao seu objecto social, deveria ser um local onde se fizesse exclusivamente ciência e não política partidária. “Há Professores na Faculdade de direito que exibem carros atribuídos pelo Partido, como forma de persuadir os estudantes. Exibem em plena sala de aulas, cartões de militante nos bolsos, e, isto é perigoso”, lamenta a fonte. O Club-K procurou saber se estas reclamações já chegaram à Reitoria e aos promotores do núcleo, a fonte diz não ser possível porque pode ser conotada e por isso mesmo envelhecer na UCAN. “Não podemos fazer isto.
Não há aqui alguém capaz de dizer isto, porque estes senhores são diabos”. Temos aqui estudantes que há mais de cinco anos para terminar o Curso não podem, não por não saberem, mas porque alguém de abuso os mantem por cima das carteiras” acrescentou a fonte com sorriso nos lábios. De lembrar que a Universidade Católica de Angola existe há 15 anos e oferece Cursos de Direito, Psicologia, Sociologia, Línguas, Engenharias, Economia, Gestão e outros. É a única que há três anos constou da lista das melhores 100 Universidades de África, mas que nas duas últimas edições do ranking não apareceu por causa do empobrecimento do quadro docente que actualmente é constituído maioritariamente por recém-licenciados e que procuram a todo custo ser rigorosos onde não se pode do ponto de vista pedagógico e educacional.