Uma comitiva de jornalistas angolanos
que tentou visitar a semana passada os jovens do Movimento Revolucionário,
detidos em cadeias separadas, há mais de um mês, por suspeita de golpe de
estado, pelas autoridades policiais do estado angolano, não conseguiu contactar
com os mesmos.
A secretária cessante do Sindicato dos
Jornalistas Angolanos, Luisa Rogério lamentou o facto de terem apenas mantido
contacto visual com os activistas, e não terem podido estabelecer interacção
com eles.
"Foi uma comitiva de três
jornalistas, em representação do MISANAGOLA, do Sindicato dos Jornalistas
Angolanos, visitar os jovens detidos na cadeia de Kambombeia, localizada nas
imediações de Kalomboloka. Nós fomos emprestar a nossa solidariedade em
primeiro lugar, uma vez que o grupo tem jornalistas, e saímos lá desapontados,
porque, infelizmente não conseguimos falar com os jovens, não conseguimos falar
com nenhum deles, embora tenhamos estabelecido contacto visual, a
distância".
Luisa Rogério, avançou que as visitas
estão restritas somente a familiares directos, facto que para a defensora dos
direitos dos jornalistas, viola o artigo 67 da constituição da República de
Angola.
"Foi-nos dito que as visitas
estão restritas a familiares de primeiro grau e que nenhum outro elemento tinha
acesso aos jovens, razão pela qual, como disse saímos de lá desapontados,
embora tivéssemos os visto à distância e pelo contacto que nós mantivemos com
os familiares, também com representantes de organizações da sociedade civil que
lá estavam. Isto está na Constituição qualquer um pode consultar. Essa atitude
viola o artigo 67 da constituição da República de Angola", disse Luisa
Rogério, que considerou a visita aos jovens como um dever moral que lhes
incumbe, enquanto jornalistas.
"Nós ficamos à espera de melhores
informações, de melhores esclarecimentos, porque na verdade, independentemente,
da acusação que pende sobre os jovens, é nosso dever moral, enquanto membro de
organizações representativas da classe de jornalista e da sociedade civil do
modo geral", defendeu.
A sindicalista confirmou, por outro
lado, que a saúde psicológica dos jovens não é boa, lamentou a situação a que
os jovens revolucionários estão voltados. A defensora dos direitos dos
jornalistas angolanos espera que a justiça seja feita.
"Pelos relatos que tivemos dos
familiares eles estão psicologicamente muito abalados. E o facto de não terem
visitas ou terem visitas restritivas, também deve condicionar muito o seu
estado psíquico-moral dos detidos. Enfim, é uma situação lamentável que nós
também não compreendemos e só esperamos que a justiça faça o seu trabalho, para
que o tão rápido quanto possível se clarifique a situação e se faça
justiça", concluiu Luisa Rogério.