Luanda - Alguns sectores, sobretudo
externos a UNITA, têm questionado as razões que motivaram Isaías Samakuva a
concorrer para um quarto mandato como Presidente da UNITA e a resposta é
relativamente simples: o ciclo virtuoso de Samakuva não se encerrou. O que é
que isto significa?
Fonte:
Club-k.net
Quem acompanha por dentro a vida
política da UNITA conhece bem a condição em que a UNITA se encontrava em 2003,
quando Samakuva foi eleito para o seu primeiro mandato. Orfã de um líder
carismático que comandou de forma incontestável o movimento por mais de 30
anos, a UNITA enfrentava colossais desafios na sua reinserção no contexto de
luta política no meio urbano, carregando as costas um punhado de militantes com
toneladas de questões sociais por resolver, fazendo sobressair uma constelação
de interesses difíceis de harmonizar. Se os acordos de Paz fossem linearmente
cumpridos, o caminho para resolver muitas destas questões estaria facilitado,
mas, diante da sinuosidade emprestada aos acordos pelo parceiro, a potencia
destes problemas se dextuplicou. Na verdade, o esforço de correcção das
fracturas abertas que caracterizavam a UNITA naquela ocasião foi iniciado pela
então Comissão de Gestão que optou acertadamente pela via democrática como
forma de resolver a questão da liderança, o que veio a concretizar-se com a
eleição de Isaías Samakuva como Presidente pelo IX Congresso. Porém, isto não
significou o fim dos problemas, mas, pelo contrário, o início de uma longa e
complexa jornada, repleta de vales e montanhas que apenas o estoicismo
permitiria vencer.
Que
prioridades estabelecer? Reconstruir o Partido em novos moldes preparando-o
para os desafios políticos ou priorizar as questões sociais imediatas que
afligiam os membros? Quais os recursos disponíveis para enfrentar estes
desafios e, sobretudo, como reanimar essa amálgama de militantes que perdeu a
esperança, deixou de ter fé e questionava mesmo a causa que move a UNITA?
Enfim, como navegar neste mar turbulento ou caminhar neste terreno de areias
movediças? Tudo isso exigia respostas urgentes que Isaías Samakuva temperou com
seu estilo de liderança peculiar assente na serenidade, humildade e um cunho
diplomático acentuado. Como não podia deixar de ser este estilo de liderança suscitou
de imediato comparações com a forma de certa forma mais autoritária e incisiva
característica do Presidente Fundador a quem Isaías Samakuva substituira. Não
tardou, portanto, que vozes de dissenso se erguessem em tom de contestação,
tornando ainda mais difícil a tarefa de reconstrução do Partido em novos
moldes. A isso se somaram os obstáculos artificialmente colocados pelos
adversários políticos. Intolerancia política aguda, aliciamento de militantes,
enfim mil e uma engenharias para impedir a implantação efectiva da UNITA, foram
os muros colocados neste percurso já de si sinuoso e que importava contornar ou
mesmo remover. Neste sentido, o estilo Samakuva de liderança revelou-se
fundamental para equilibrar o irreversível compromisso da UNITA com a manutenção
da Paz e os imperativos da luta política real, subtraindo permanentemente
argumentos aos “profetas do apocalipse” da UNITA que, insatisfeitos com a sua
evidente sobrevivência procuravam a todo custo oportunidades para desviá-la dos
caminhos da Paz. É sob este pano de fundo que teve lugar em 2007 o X Congresso
da UNITA que reelegeu Samakuva para um segundo mandato, sinal de reconhecimento
da maioria dos militantes de que o tom de liderança emprestado por ele era
adequado para as circunstâncias.
Em 2008,
Samakuva viria a enfrentar a sua primeira grande prova de fogo, as eleições
legislativas que tiveram lugar naquele ano. Os resultados oficiais, como se
sabe, foram um autêntico descalabro e na UNITA abriu-se um grande debate. Como
se tornou público o Presidente convocou de imediato uma ampla reunião de
quadros do Partido para discussão do quadro que se estabeleceu com o desfecho
eleitoral. Poderiam aqueles resultados servir de critério para avaliar o
desempenho do Presidente? Enfrentando com a sua característica serenidade o
furor militante, O Presidente ouviu as vozes contestatárias subirem de tom,
algumas indo ao extremo de “exigir a sua cabeça” mas, fruto de profunda
ponderação, depois de um exercício de auscultação a que se entrega muitas vezes,
decidiu continuar no cargo, já que a maioria dos militantes foi contrária a
ideia de um Congresso extraordinário. A turbulência que emergiu das eleições de
2008 representou um desafio a mais para Samakuva, mas ao mesmo tempo se
constituiu num ponto de viragem, pois suscitou dos militantes uma profunda
reflexão sobre os rumos que o Partido teria que assumir daí em diante. Uma
bancada parlamentar reduzida (16 deputados) contra uma maioria superabsoluta,
representava um confronto político totalmente desfavorável que iria exigir dos
militantes um compromisso indefectível com a causa e uma entrega total a luta
(política). Só mesmo os militantes consequentes se propunham a enfrentar
tamanho desafio, uma autêntica travessia do deserto.
No plano
político as consequências não tardaram a se manifestar. O poder político anulou
as eleições presidenciais previstas para 2009 e fez aprovar a Constituição de
2010 na exacta medida dos seus desígnios. Com o palco parlamentar restringido e
a comunicação social controlada e manipulada, restou ao Presidente o encontro
directo com as massas, palmilhando cada metro quadrado deste imenso território
de Angola para sentir a alma profunda dos angolanos, os seus anseios e
frustrações partilhando com eles a sua visão de mundo e as suas ideias para uma
vida melhor. Este exercício de puro humanismo a que Samakuva se entregou
começou a gerar frutos bons e começa aqui aquilo que considero como sendo o
ciclo virtuoso de Samakuva. Começa-se a assistir a uma recomposição sustentada
do tecido social da UNITA, crescendo visível e inquestionavelmente o número de
militantes que efectivamente participam da vida do Partido com contribuições
pecuniárias e, sobretudo, com ideias positivas. Com isto, a implantação
territorial efectiva do Partido vai se tornando uma realidade e as sedes
sociais da UNITA deixam de ser lugares fantasmas, mal apresentadas e passaram a
ganhar vitalidade. Cresce a esperança e a fé na causa da UNITA se restaura. Os
múltiplos actos de massas organizados pela UNITA deixam clara esta asserção,
removendo quaisquer dúvidas que povoam ainda mentes reticentes.
Combinando
este forcing interno com a vertente diplomática, Samakuva viaja reiteradas
vezes para o estrangeiro procurando sensibilidades da comunidade internacional
capazes de ouvir as razões da UNITA e transmiti-las aos pontos sensíveis da
política internacional. Com o autoritarismo crescente em Angola, que distorce
na verdade o rumo democrático que o país havia assumido, havendo mesmo
retrocessos evidentes nalguns casos, a mensagem da UNITA ganha sentido nestes
sectores sensíveis internacionais, melhorando substancialmente a sua imagem.
Imbuído do espírito de missão, a dedicação do Presidente nesta empreitada é
inquestionável labutando incansavelmente horas a fio.
As eleições
de 2012, não obstante todas as reticencias legítimas sobre elas colocadas pelo
Partido, vieram provar inequivocamente a trajectória ascendente da UNITA com um
crescimento de 100% da sua bancada. Apesar do desequilíbrio ainda patente, o
desempenho político da UNITA nesta legislatura melhorou substancialmente não
sendo mero acaso a recusa do poder político em relação a transmissão em directo
das plenárias e a subtracção da capacidade de fiscalização dos deputados.
Enquanto a UNITA cresce a olhos vistos, no terreno social cresce o
descontentamento em relação as políticas do Executivo. Produzir mais e
distribuir melhor não passou de mais um embuste do MPLA, uma verdadeira
miragem, ou melhor significa nepotismo escancarado, violação constante as liberdades
fundamentais, desalojamentos forçados e demolições, em suma mais pobreza e mais
miséria. Como brinde até presos políticos voltamos a ter quando se celebram 40
anos de independência.
Diante
disso, a alternância pacífica por via das eleições se afigura como a única
saída para restaurar em Angola o Estado Democrático de Direito. As condições
psicológicas e sociais estão amadurecidas para esta viragem. Mas para isso será
necessário garantir eleições livres de facto, completamente transparentes e
cristalinas que afastam quaisquer suspeitas e em cujos resultados todos os
competidores se possam efectivamente rever. Para se alcançar este desiderato
será imperioso bater de frente com o poder instituído, sem qualquer outro
compromisso que nãao seja a verdade eleitoral. A UNITA capitaneada por Isaías
Samakuva trabalhou nestes últimos dez anos arduamente, noite e dia, sob chuva e
sob calor abrasador para se posicionar na “pole position” desta disputa e
liderar o amplo movimento para a mudança enquanto imperativo para restaurar o
nosso processo democrático. Para levar a UNITA a desferir este “golpe de
misericórdia” ao autoritarismo instituído, a UNITA precisa de um líder que
harmonize de forma competente e sábia o compromisso da UNITA com a Paz, a
fidelidade aos princípios que a UNITA defende e os imperativos da luta
política. É preciso habilidade para preservar os entendimentos alcançados e que
resultaram na Paz sem regateiar aquilo que para a UNITA custou suor, sacrifício
e o sangue dos seus melhores filhos, incluindo o sacrifício da vida do
Presidente Fundador. Não se podem jogar fora as conquistas alcançadas, mas
também não se pode desvirtuar o sentido da luta da UNITA que tem nos menos
equipados o ponto de partida e de chegada.
Qual dos
candidatos à Presidência da UNITA corporiza este equilíbrio imperioso? A
resposta é clara: ISAÍAS SAMAKUVA!