Isaías Samakuva lança bases para despartidariação do estado e reconciliação
Fonte :
Unitaangola
Isaías Samakuva lança bases para despartidariação do estado e reconciliação
O Presidente da UNITA, Isaías Samakuva afirma que Angola só conseguirá corrigir o que está mal, se começar por atacar as causas mais profundas do mal. Para o político que falava aos membros da UNITA e representantes de diversos sectores da sociedade por ocasião dos cumprimentos de fim de ano, “não bastam as exonerações, a diabolização ou substituições de pessoas, o problema não reside apenas na acumulação primitiva de capital nem na responsabilização criminal de membros da mesma família biológica ou política. O problema reside, na cultura de exclusão do irmão inimigo e de todos aqueles que se revelam críticos ao estigma de superioridade que o MPLA ostenta em relação à Lei, à Pátria, ao Estado e à Nação”. E a solução definitiva para esse problema, afirma Samakuva, “é o binómio despartidarização do Estado e reconciliação nacional”. De acordo com o líder da UNITA, o que se tem de extirpar primeiro é a cultura, o modo de ser e de estar, e depois, naturalmente, as práticas ou manifestações diversas dessa cultura. “Esta cultura desviante e institucionalizada só se combate através do diálogo, do exemplo e de medidas institucionalizadas, simbólicas e substantivas, insertas num amplo movimento nacional de mudança”, disse. Segundo Isaías Samakuva, a UNITA está disponível para uma concertação directa tanto com o MPLA como com o Estado angolano, com vista a se utilizar a presente oportunidade para os angolanos encontrarem novos caminhos e novas abordagens para a concretização da reconciliação nacional Sugere como princípios orientadores do diálogo, o reconhecimento por todos dos seguintes factos: a) Culpados somos todos, responsáveis somos todos, vítimas somos todos. b) Uma guerra civil não tem vencidos nem vencedores. A História política de Angola deve ser escrita no espírito da reconciliação nacional e da construção da Nação. c) A reconciliação nacional tem dimensões políticas, económicas, sociais e culturais. O líder da UNITA afirma, ainda, que a agenda para este amplo e decisivo diálogo nacional poderá incluir os seguintes tópicos: a) Definição do conceito, objectivos e do âmbito da despartidarização do Estado e da reconciliação nacional; b) Afirmação da vontade política do Estado para encerrar a era da partidarização do Estado; c) Fim do período da utilização dos cargos públicos para enriquecimento ilícito; d) Afirmação da vontade política nacional para encerrar a era do enriquecimento ilícito e da impunidade; e) Abordagem frontal e sincera da questão mal resolvida da desmobilização dos ex-militares, antigos combatentes e veteranos da Pátria; f) Memorial dos pais da independência nacional; g) Memorial das vítimas da guerra colonial e pós-colonial; h) Fundamentos do novo contrato social angolano para a construção do futuro inclusivo e partilhado por todos, no quadro de uma nova República. i) Investimentos públicos para a reconciliação nacional. Pela complexidade que a reconciliação nacional encerra em Angola, o Presidente da UNITA, sugere que o modelo a seguir e os conteúdos a discutir devem revisitar as fórmulas ancestrais, as experiências contemporâneas de vários países que experimentaram o fratricídio e contextualizá-las de forma a criar-se um espaço político, económico, social e cultural onde seja possível viver a verdade, o perdão, a justiça, o reconhecimento e a aceitação recíproca. “Considero que o inicio do ano de 2018 constitui uma oportunidade ímpar para começarmos a partir os muros altos da partidarização do Estado e construirmos os fundamentos para a construção de Nação, inclusiva, solidária e verdadeiramente reconciliada”, sublinhou, convindando os angolanos de diferentes matizes a fazerem de 2018, o ano da despartidarização do estado e da reconciliação nacional.