A greve dos professores e a vergonha do Governo - Sebastião André | ||||||||||||||||
A insatisfação e as reivindicações para a melhoria das condições sociais tornou-se insustentável, por isso decretou-se a greve esta semana, um direito constitucional e que assiste os trabalhadores. Depois de várias conversações, em 2017, o SINPROF acreditou que o Governo pudesse dar resposta aos problemas, uma vez que o caderno reivindicativo faz morada no Ministério da Educação e noutras instâncias governativas há muito tempo, isto é, desde 2013. No presente ano, as fintas voltaram a acontecer, como sempre, as delegações provinciais voltaram a solicitar documentos aos professores, dando a entender que estivessem a participar num novo concurso público. A resolução dos problemas dos professores, por parte do Governo, não é por falta de verbas, mas sim ausência de vontade política e isto prova que o ensino não é levado a sério em Angola. Quando o Governo fala em falta de verbas, fica-se com a impressão de que a crise económica que se vive em Angola estagnou a produção nacional, mas nos últimos tempos a Administração Geral Tributaria (AGT) tem vindo a alargar a base tributária para obter mais receitas. A má gestão da gestão dos recursos financeiros tem contribuído para o atraso salarial da função pública e isto faz com que as condições sociais dos cidadãos fiquem longe dos padrões estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Quando se fala que Angola é o país no mundo que melhor honra os compromissos da sua dívida é um facto, mas é uma farsa, porque mais de metade das receitas serve para pagar a dívida Pública. Posto isto, o Estado angolano devia negociar ou renegociar o valor da dívida pública e alargar os prazos de pagamento. Isto permitiria a redução no valor a amortizar e, por conseguinte, um encaixe que serviria para investimentos no sector público. Dá a sensação de que o Governo está sem argumentos para resolver os problemas mais cadentes do cidadão, o que na realidade demonstra falta de vontade política e parece que a crise virou desculpa para tudo. Isto faz nos lembrar o tempo em que Angola vivia o conflito armado e quando o Governo era questionado sobre a galopante pobreza, miséria e falta de investimento na área social, a desculpa era a guerra, agora há uma nova desculpa, é a crise. O pagamento de salários condignos dignifica a pessoa, pelo que tem a ver com o princípio de equidade, justiça social no que tange a distribuição da riqueza nacional, no sentido de beneficiar e proporcionar melhores condições de vida e de trabalho dos professores e de todos os cidadãos angolanos. Até agora os rendimentos do país são mal distribuído, beneficiando a elite privilegiada, por isso, é lógico que os sacrifícios e as vicissitudes inerentes aos problemas do país não abrangem qualquer governante. Esses, em termos concretos, não fazem parte da população angolana, logo a greve dos professores no subsistema do ensino geral e técnico profissional não lhes vai abranger, porque os filhos e parentes mais próximos não estudam em escolas públicas. O Governo devia ter vergonha em permitir que as constantes insatisfações dos Professores continuassem, o que esta em jogo é uma geração de estudantes que continua a ser mutilada devido as constantes paralisações, permitindo que os professores façam reajustes nos conteúdos e matérias a leccionar. | ||||||||||||||||
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