Quarenta e dois anos decorridos, tenhamos realmente de corrigir o que nos enferma como povo e com ideias firmes de criar uma nação coesa, una, respeitando as nossas diferenças, ao invés de servirem como elementos que frenam o nosso desenvolvimento; servirem sim de alavanca para o desenvolvimento sustentável.
Para isso, devemos envidar esforços no sentido positivo, diagnosticar a cada instante e a cada etapa, sem tabus nem influências propagandísticas partidárias, factos que mudaram o percurso do nosso País positivo ou negativamente, (um diagnostico imparcial, factualizado com clareza histórica, buscando se necessário fontes independentes).
Na situação do nosso País em que o alinhamento partidário tem dominado a classe política, isto exige coragem, humildade e honestidade intelectual sobretudo. Para tal o recurso a livros científicos, palestras, colóquios, seminários proferidos nas universidades, deve constituir a fonte mais afinada de verdadeiros diagnósticos.
As dúvidas, incoerências e incongruências ferem gravosamente a consciência na tomada de decisão dos estudiosos, pesquisadores e não só.
Valendo-me de umas das passagens de, Felix Miranda, as dúvidas são traidoras e nos fazem perder o poder de decisão de executar aquilo que com certeza nos dá ganho. Nestas circunstâncias em que vivemos, movidos pela instabilidade emocional, não há nada que dura, assim ficamos impossibilitados de materializar um projecto num país de estabilidade e equidade, o que não se reflecte em Angola.
Decorridos 42 anos de Independência, dolorosa é a constatação de que, à excepção da conquista da Paz e de liberdades formais, quase todas as aspirações profundas do Povo Angolano continuam por se realizar.
Um enxerto do comunicado do Partido da situação à quando das comemorações da independência: no contexto dos novos desafios e no quadro da execução do actual Programa de Governo, o MPLA vai melhorar o que está bem e corrigir o que está mal, aperfeiçoando os mecanismos que geram eficiência operacional e eficácia governativa na sua actuação, reforçando permanentemente a qualidade do serviço das instituições do Estado angolano.
Um doente só encontra cura, quando bem diagnosticado. De contrário ao tomar medicação errada resultante dum mau diagnostico, não só não cura, mas a medicação pode causar efeitos prejudiciais ou deficiências fatais para toda vida.
Refiro-me á uma das passagens do livro de um grande académico a que eu tenho uma admiração e, aliás suas obras têm servido para consultas de muitos cientistas sociais e estudiosos do fenómeno Angolano do ponto de vista sociológico e não só; um dos autores e escritor de referência nos círculos académicos nacional e internacional; autor de muitas obras científicas de referência, Paulo de Carvalho, da passagem que passo a citar:
A não-aceitação dos resultados eleitorais pela UNITA, conduziu o País ao retorno à guerra, que dura até hoje. Contextualizando a obra que hoje tornou uma referência nas consultas científicas no que concerne as ciências sociais, acredito que hoje em dia, a redacção não seria a mesma. Porém tem servido de referência e queiramos ou não, citado por académicos em palestras, colóquios e seminários e acho justo, porém tem faltado honestidade intelectual de fazer referência à outros documentos a exemplo do jornal de Angola na sua edição de Sábado, 23 de Outubro de 1992, com o título de capa: VAMOS TER A SEGUNDA VOLTA, Savimbi diz que aceita os resultados como estão.
Por outro lado, não deixa qualquer margem de dúvida a resolução nº 797 das Nações Unidas datada de 30 de Outubro de 1992, que afirma no fim do texto seguinte parágrafo: “…and taking note of the acceptance by UNITA of the results of the elections.” (……..as Nações Unidas tomaram nota da aceitação dos resultados eleitorais pela UNITA). (minha tradução).
Apesar de a UNITA ter tido razões sobejas para não aceitar o resultado das eleições naquela altura, pois houve fraude, com provas evidentes, contudo a UNITA não enveredou por este caminho, aceitou sim o resultado das eleições, de acordo as afirmações que acabo de citar.
A minha preocupação persiste na medida em que nos círculos académicos, esta passagem está ganhando consistência, a pontos de, no último colóquio das ciências sociais na universidade Agostinho Neto, um dos temas apresentado por um académico e professor da mesma instituição, levantou a mesma questão isto para não citar em outras ocasiões nesta mesma Faculdade em que fui participe.
Interessa-nos com lealdade saber aspectos tanto negativos como positivos que viraram o curso da história do nosso País como já me referi, não com o espírito de procurar culpados ou revanchismo; não!
A História verdadeira contada por Angolanos verdadeiros, demostra maturidade, competência e vontade firme de se erguer alicerces para construção de uma Nação verdadeiramente coesa, resultante de um conhecimento intrínseco dos problemas sociais do nosso País, e a partir desse pressuposto conheceremos um verdadeiro desenvolvimento sustentável do nosso País em todas vertentes e criar alicerces para erguer uma verdadeira Nação em que as nossas diferenças servem de pedras angulares do edifício.
Esteves Betatela Isaac Pena
Luanda, 27 de Novembro de 2017 |