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viernes, 26 de enero de 2018

Sob capa do MPLA

Sob capa do MPLA: “Corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”


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Estamos de mangas arregaçadas para o arranque do ano de 2018 e todos de mãos dadas tentemos dar a nossa humilde contribuição.
Mas, antes, importa dar uma pincelada sobre alguns assuntos correntes e que têm sido tema de debate não só para fazer balanço à nova governação do país resultante das eleições de Agosto de 2017, também acontecimentos marcantes no período em causa.

1)- “O governo vai estabelecer um período de graças, durante o qual, todos aqueles cidadãos angolanos que repatriarem os capitais do estrangeiro para Angola e os investirem na economia angolana, empresas geradoras de bens, serviços e de empregos, não serão molestados, não serão interrogados das razões de terem tido o dinheiro lá fora, não serão processados judicialmente.”
Bem-haja esta medida. Porém me resta seguintes esclarecimentos: apesar desta clemência ou período de graças, que mecanismos o governo terá para o seu controlo e manter informado de uma forma responsável o soberano (povo)?

Quais são, como ou por que via teremos informações de quem cumpriu e que benefícios trarão para o nosso país?

2)- A luta contra a corrupção, muito já se falou e com implicações de altas figuras da magistratura angolana entre acusações e contra acusações, ameaças entre estados, enfim. Quem vai nos tirar isto a limpo?

3)- O balanço da governação dos 100 dias do Sr. Presidente João G. Lourenço, esteve em alta com o período de exonerações e nomeações.
Parabéns. Mas isso não passou de arrumação da casa para melhor poder cumprir as suas promessas, auguramos que assim seja rumo a corrigir realmente o que esta mal e melhorar o que esta bom.

4)- Não é demais destacar as acusações e contra acusações, entre os jornalistas Rafael Marques e Gustavo Costa à nossa milionária Isabel dos Santos. Quem é que vai nos por o assunto a limpo e que medidas as governo vai tomar para não morrermos em meras intrigas e especulações?

5)- Último assunto do “AngoSat-1”, segundo alguns internautas, enfatizam o culminar do ano de 2017 em alta com o lançamento do satélite angolano pelos russos no Cazaquistão.
O que foi caricato para mim e me pós a reflectir sobre o assunto, é que quando um meu vizinho ou bem filho do meu vizinho, aluno do primeiro ano do curso de eletrónica, veio pedir-me algum apoio para transporte, dizendo que iria a Ilha assistir o lançamento do Satélite angolano e convicto de que a rampa estava instalada no ponto final da Ilha. Sinceramente! Para lhe convencer de que a Rampa não estava nada no Ponto Final da Ilha de Luanda, foi preciso eu pôr-lhe frente ao computador e ele próprio ler o texto.

Tendo lido o texto completo, fez-me seguintes perguntas:
a)- Tendo este Satélite custado este dinheirão, não será a razão da nossa crise financeira?
b)- Será que com a compra deste Satélite a nossa crise irá amainar-se?
c)- Agora com este Satélite as nossas empresas de telecomunicações irão baixar as tarifas de saldo ou nós vamos vender o sinal aos nossos vizinhos para recuperar o dinheiro investido?

Vou contar-vos uma história do meu professor.
Sr. Professor fez 12 meses na URSS tendo-se formado em antropologia, e devido este tempo, teve de contrair matrimónio com uma senhora russa. Terminada a formação, de malas feitas, regressa a Angola sua terra natal, querendo deixar sua família, a senhora não aceita ficar, a pontos de acusar o marido de racista etc etc.
Chegados a Luanda, em Mês de Março, encontra aquele cenário de sempre, chuvas torrenciais, ruas alagadas e casas submersas, em alguns bairros.
Vejam, onde o casal foi acolhido?
No Bairro Palanca na residência do tio do cônjuge.
Logo no primeiro dia a residência é invadida pela enxurrada. Tiveram que evacuar o casal para a Petrangol em casa de um outro familiar, levando a senhora as costas até a paragem dos Taxis.
No trajecto, o senhor conseguiu justificar-se de que tratava-se de uma calamidade que havia assolado a região.
Porém, chegados na paragem de Taxis, a senhora depara-se com a realidade do “quotidiano Muangolê”.
No Roque Santeiro, que nesta altura quem conheceu, consegue melhor descrever. Não tenho jeito. Mas de uma forma breve, vou tentar: “num mesmo espaço muito limitado, havia senhoras com fogareiros a confeccionar alimentação, por cima do lixo e um pouco no alto, isto na montanha de lixo, homens e mulheres a defecarem de uma forma despreocupada, tudo a vista de todo mundo”, e a senhora abeira-se junto do professor (marido) e pergunta:
Será que isto que estou a ver é um teatro para animar as pessoas saídas da calamidade ou é a vossa realidade?
Afinal onde é que a TPA Internacional tira imagens tão lindas e porque não mostram isto? Pois não viria.
O senhor professor não teve outro remédio senão justificar que era por isso que não queria levá-la para cá.
Daí o discurso da senhora mudou e a concordar com o marido.
Até naquela altura o senhor só mandava dinheiro para cuidar da esposa e dos filhos.
A gargalhada apoderou-se da turma e no fim perguntei ao meu professor a moral da história.
Como lhe era peculiar, ripostando disse: A “Mentira Mata”.
Isto para dizer que, face a crise que assola o nosso país, o governo e as mídias têm um papel muito importante de não escamotear nem pintar a realidade social que vivemos.
Pois, problemas mal identificados não permitem uma análise correcta e suas soluções a propor nunca irão ao encontro da realidade.
Por outro lado, a desinformação dos mídia cria terreno fértil para as especulações, o que pode desembocar na desordem social. Uma mente desinformada é um viveiro para intrigas.
Diz um ditado na língua Umbundu (ka va ilembakala akasa ikulila u osole) interpretado em português: (escamoteando a verdade no presente, cria danos irreparáveis de futuro), corrijamos realmente o que esta mal, para melhorar o que esta bem.

Luanda, aos 24 de Janeiro de 2018

Esteves Betatela Isaac Pena