UNITA denuncia (em carta ao governo francês) abusos do regime angolano
- Categoria Política
- 29 abril 2014
Paris
- A UNITA em França dirigiu nesta terça-feira, 29, uma carta aberta ao
ministro dos Negócios Estrangeiros francês, à imprensa e aos defensores
dos direitos humanos naquele país denunciando o governo do Presidente
angolano pelos abusos cometidos em 35 anos no poder.
Fonte: Lusa
"Na Angola do senhor
José Eduardo dos Santos não há progresso humano ou económico, menos
ainda político. Ao invés disso, ele dirige o país com mão de ferro há 35
anos como um partido único e a dita democracia faz-se ainda esperar",
referiu a carta aberta da delegação da UNITA (União Nacional para
Independência Total de Angola, na oposição) junto da diáspora angolana
em França.
De acordo com o documento,
"todos aqueles que se opõem aos ditames do senhor dos Santos, definham
nas prisões ou são simplesmente suprimidos fisicamente".
"(...)
Os dirigentes [angolanos] torpedeiam sem cuidado sobre qualquer tipo de
acordo ou compromisso político, que vise levar permanentemente a paz e a
estabilidade social, que a maioria do povo angolano reclama com
determinação há três longas décadas", sustentou ainda a carta.
O
documento sublinhou ainda que "sozinhos a bordo (do poder), submetem a
população angolana à fome mais lancinante. Isto, sem lhes dar uma
oportunidade de sair do caos que reina em todo o território nacional".
"O
MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola, no poder) lidera
uma campanha desenfreada fazendo crer que estão a implementar o
multipartidarismo em Angola. Na realidade, não há nada disso! Esta
abertura política, da qual se vangloriam tanto, não passa de um
simulacro de democracia", indicou ainda.
O
documento referiu as mudanças feitas na Constituição, criticando a
forma pela qual o Presidente deve ser escolhido, através de eleição
indireta, pelo parlamento, sendo uma forma de não permitir a
participação de outros partidos no Governo.
De
acordo com o texto da carta, há perseguição aos opositores ao Governo
angolano e mesmo o "assassínio de manifestantes", dando como exemplo o
caso de Alves Kamulingue e Isaías Kassule, assassinados por terem
organizado uma manifestação em 2012.
Na
carta, a UNITA afirmou que "a liberdade de imprensa é desrespeitada em
Angola", há censura, perseguição e a imprensa privada tem um "espaço
residual".
"Hoje, o Presidente
angolano, no poder desde 1979, enriquece a sua família com o dinheiro do
petróleo em detrimento do seu povo", acrescentou.
"A
produção petrolífera de Angola gira em torno de 1,625 milhões de barris
por dia atualmente, prevendo-se que para 2015 seja 2 milhões de barris
diários. Isso explica, em parte, que Isabel dos Santos, filha mais velha
do Presidente de Angola, seja a primeira bilionária africana",
sublinhou o documento.
"A maior parte
dos angolanos vivem com menos de dois dólares por dia, numa miséria
extrema, num país que se tornou o Eldorado da África", referiu,
acrescentando que, muitos não têm acesso a água potável e a
eletricidade.
"Nós apelamos
solenemente à opinião pública internacional em geral, aos investidores e
aos organismos defensores dos direitos humanos em particular, a estarem
vigilantes, porque o povo angolano sofre enormemente com os efeitos
nefastos da política do Presidente dos Santos e que não esqueçam que,
antes do petróleo, já havia um povo que sofre há cinco séculos. Um povo
que precisa de proteção", finalizou o texto.
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