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lunes, 5 de mayo de 2014

29/04/2014 - GOVERNO ANGOLANO NÂO SE COMPROMETE COM DATA DE PRIMERAS ELEIÇÔES AUTÁRQUICAS

 Governo angolano não se compromete com data de primeiras eleições autárquicas

Luanda - O governo angolano continua sem se comprometer com uma data para realizar eleições autárquicas e acusou nesta terça-feira, 29, a oposição de querer reduzir a questão das autarquia à realização de eleições locais.
Fonte: Lusa
A acusação foi feita pelo ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, na intervenção com que abriu a conferência de dois dias organizada pela Universidade Católica de Angola sobre Descentralização e Poder Local.
Segundo o ministro, o executivo angolano está a aplicar uma série de medidas que resultarão na eleição das primeiras autarquias, mas não se comprometeu com quaisquer datas.
"As autarquias estão já a ser experimentadas em Angola", garantiu Bornito de Sousa, quando passou em revista algumas das medidas que, reconheceu, deveriam ser definidas por consenso com a oposição.
Entre as medidas que evocou, Bornito de Sousa salientou os casos da cidade do Kilamba, criada na parte sul de Luanda, e a própria capital do país, onde progressivamente irão ser definidas novas competências para as administrações daquelas duas urbes para a gestão do poder ao nível local.
Opinião diversa tem a oposição, cujos representantes presentes na conferência acusaram o regime de recear perder poder.
Para o deputado Adalberto da Costa Júnior, eleito nas listas do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) "as autarquias em Angola metem medo ao poder estatuído, porque existe um modelo absolutamente vertical de poder, e as autarquias são olhadas como diminuição do poder do Presidente (angolano José Eduardo dos Santos)".
Adalberto da Costa Júnior não tem ilusões e por isso não espera que as autárquicas se realizem antes de 2017.
Em 2017 deverão realizar-se as chamadas eleições gerais, com a eleição dos deputados e, por via indireta, do Presidente e vice-Presidente da República.
"Será difícil. Temos de ser pragmáticos. Temos um governo, legítimo, mas este governo não disponibiliza verbas para a realização destes atos e os atuais administradores (locais) são nomeados, não têm legitimidade democrática", respondeu.
Para André Mendes de Carvalho, presidente do grupo parlamentar da segunda maior força da oposição, a coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), o regime "não está absolutamente nada interessado na realização de autárquicas".
"Todo o processo eleitoral foi conduzido por eles (poder). Se houver eleições autárquicas, há um diluir do poder. Um desconcentrar de poder. E isso não interessa", acusou.
A conferência termina na quarta-feira, com representantes de partidos políticos, igrejas e sociedade civil a dizerem qual a respetiva posição para a institucionalização do poder local em Angola.